É uma afirmação impossível de ser ignorada. Rogério Ceni tem sete Libertadores nas costas e foi campeão em 2005. O capitão sabe que, se o futebol apresentado pelo time não evoluir, o São Paulo não vai longe na edição 2010 do torneio sul-americano. O recado foi dado depois da vitória sobre o Once Caldas - momento exato para sacudir os companheiros. As oitavas de final começam na próxima semana, contra o Universitário, em Lima. A partir de agora qualquer vacilo pode significar o fim da linha do tetracampeonato. “Precisamos nos dedicar mais para sermos mais competitivos. Temos de evoluir. É um fato e um problema nosso. Precisamos evoluir como time. O que estamos jogando ainda não é suficiente para que o São Paulo se sinta favorito. É uma constatação”, cobrou o goleiro.

As críticas podem ser interpretadas de maneira negativa. Mas Ceni sabe bem o que faz. Não é o capitão por acaso e não está próximo de alcançar 900 jogos pelo São Paulo à toa. “Tenho meu papel e preciso exercê-lo. A equipe é sempre o reflexo do comportamento do capitão. Vou me doar mais e falar mais também.”

O jogador vê o time vulnerável defensivamente. Embora não tenha sofrido gols contra o Once Caldas, os colombianos, em certo momento do duelo de quarta, pressionaram o Tricolor dentro do Morumbi e só não marcaram porque Ceni fez boas defesas.

“Precisamos nos recompor mais rápido. É necessário se doar mais, atuar de maneira mais compacta. Quando não estivermos com a bola, o nosso posicionamento defensivo precisa melhorar”, disse o capitão.

“Lá na frente, estamos muito bem servidos. Temos jogadores rápidos, como Marlos, Dagoberto e Fernandinho, além do Washington, que não é rápido, mas que tem excelente posicionamento.”

É uma ordem

A opinião do capitão é respaldada por todos no clube. “O Rogério jogou muitas Libertadores e sabe o que está falando”, afirmou o lateral-direito Cicinho, campeão continental com o goleiro em 2005. “Temos de melhorar. A Libertadores é uma competição que você precisa superar obstáculo por obstáculo.”

O técnico Ricardo Gomes também não deixou o recado do capitão se dissipar sem aproveitar suas palavras. Ontem, na reapresentação do elenco no CT da Barra Funda, ele chamou alguns jogadores para conversar, fez questão de corrigir os erros de marcação que não podem mais se repetirem daqui pra frente.

“Eu e o Richarlyson já estivemos na salinha de vídeo com o Ricardo. Ele mostrou o que precisamos corrigir em campo”, comentou Cicinho.

O atacante Fernandinho promete uma entrega maior. “A marcação precisa começar com os homens de frente para ajudar o pessoal lá de atrás. Não pode estourar tudo na defesa.”