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''Meu pensamento é parar só no final de 2012''

O são-paulino não chama Rogério Ceni de mito por acaso. A história do clube se entrelaça com a do goleiro desde 7 de setembro de 1990. Amanhã, no Morumbi, contra o Atlético-MG, no mesmo dia em que completará 21 anos de casa, o capitão alcançará marca que comprova o quanto representa para o clube: ele entrará em campo pela milésima vez pelo time. Em entrevista exclusiva ao Estado, o camisa 1 falou sobre a nova marca na sua trajetória dentro do São Paulo.

Festa

Eu vou para o jogo e não para a festa. Na verdade, não sei o que vai acontecer no Morumbi. Fico feliz pelas pessoas comprarem ingresso e feliz pela marca, mas eu estou indo para trabalhar, para jogar e para vencer. A festa vai ficar na arquibancada.

Milésimo jogo

Cada jogo representa muito para mim. A forma como está acontecendo, com sequência grande de jogos e muitas dores. Mas não tenho uma lesão séria desde 2009, quando fraturei o tornozelo. Acho bacana. Representa toda a história, a ligação entre a torcida, o atleta e o clube. É difícil chegar a uma marca como essa sem ter lesões e sem gostar muito do que se faz. E por isso, me sinto realizado. Mas isso também dependeu da dedicação de muitos profissionais que me ajudaram.

Jogo mais importante

Todos foram importantes. O Mundial foi o maior título, mas tiveram outros também, jogos de Brasileiro, de Paulista, quando fiz gol em uma final. Teve também a Conmebol de 1994, que foi o meu primeiro título e onde pude aparecer. Sem aquela conquista, talvez nada disso tivesse acontecido. Todos foram especiais. O jogo do centésimo gol também, pelo momento, já que vínhamos de uma série de resultados ruins contra o Corinthians.

Seleção

Acho legal defender o País. É uma etapa da vida que todo jogador sonha alcançar. Servir a seleção é delicioso, mas é uma etapa. Joguei algumas partidas, fui a duas Copas, tive muitas convocações. Mas não dá para comparar com a história no São Paulo, que é longínqua, mais intensa. A seleção é um bônus na carreira. Fui campeão mundial em 2002. Mas clube é outro sentimento.

Morumbi na copa

Na Copa de 2014, provavelmente não estarei jogando. Eu acho uma pena o Morumbi ter sido excluído. Pois é um estádio com história e que está relativamente pronto. Além disso, quem assumiu fazer a reforma foi o clube e não com dinheiro público. Mas a gente sabe que no Brasil quando não usa dinheiro público fica mais difícil. É a forma como o País pensa. Como diz aquela letra do Renato Russo "Ninguém respeita a constituição, mas acredita no futuro da nação". Aqui é assim, os interesses próprios sempre estão na frente dos interesses da população.

Copa 2014

Acho legal o País receber um Mundial. Mas seria mais legal se fosse feito com as condições do país que está recebendo. Estádios serão construídos em lugares que não têm clubes na Primeira e nem na Segunda Divisão. A parte boa é a infraestrutura que fica. Não dá para pedir uma Copa no Brasil como a da Alemanha. Ainda estamos em desenvolvimento. Teremos estádios iguais aos deles, mas o resto é totalmente diferente. Talvez daqui a 20 ou 30 anos possa ser parecida. A Fifa deveria se adequar às condições do país que vai receber a Copa. Começamos do fim, existem coisas mais importantes para resolver e estão ficando para trás.




Itaquerão

É um direito de todo clube ter seu estádio para o torcedor festejar. Só acho que a cidade não necessita de mais estádios. Temos o Pacaembu, o Morumbi, o do Palmeiras. Mas nada tira o direito do Corinthians de construir um estádio próprio. Só acho que seria impossível um clube brasileiro gastar R$ 600 milhões para a construção com recursos próprios. Mas, se o prefeito e o governador aprovaram, eles são os responsáveis. O Corinthians está na dele, lucrando com isso. É a política, e isso acontece todo dia.

Aposentadoria

Para continuar a jogar, o condicionamento físico é fundamental. Quando renovei contrato até 2012, achei que dava para jogar até 39 anos. Mas então tive uma lesão séria (em 2009) e consegui superar isso tudo, Mais para frente vou avaliar, pois existem objetivos e conquistas. Tenho de estar com essa vontade de jogar ainda e ver se os outros querem que eu continue. Mas meu pensamento atual é a carreira parar em 2012. Entre julho e e outubro do ano que vem, eu tomarei a decisão definitiva.

Maior ídolo

Cada época tem seus jogadores prediletos. Provavelmente para alguns são-paulinos eu faça parte da lista, São 21 anos aqui, 15 anos como titular, grandes conquistas. Sem dúvida alguns têm carinho para mim. E é recíproco meu carinho.

Jovens

Depois de mais de 20 anos, a sociedade tem outros valores. Um jovem aparece e se joga bem, ele quere ir para Europa. Mas o clube também quer que ele vá. Se vai mal, o jovem é dispensado. Não posso responsabilizar os meninos por essa vontade. Mas tem ocorrido exceções, como Neymar e Ganso, que estão aqui no Brasil. Hoje se paga melhor. É possível equiparar o salário com times médios de uma Europa em crise. Mas é natural que os meninos desejem jogar na Europa. Por isso, é difícil durar dois, três anos em um clube.

Sair do são paulo

As oportunidades apareceram. Principalmente entre 2000 e 2006. Mas eu preciso ganhar. Só por jogar e pelo salário no fim do mês, acho que fica sem sentido a profissão. Sempre quis ter perspectiva de ganhar, como tenho no São Paulo. Clubes vieram aqui, interessados. O Hannover (Alemanha), o Mauro Silva chegou a vir aqui para me levar ao La Coruña. Mas teve uma homenagem, que recebemos no clube, após o Mundial (2005), e eu disse que minha carreira seria encerrada aqui. Então não vou sair.

Depois da aposentadoria
Quando parar, quero 60 dias de férias. Nunca tive. Foram sempre 20 ou 18 dias. Mas mais que 60 dias não dá porque começo a enjoar. Provavelmente vou trabalhar em algo paralelo com futebol, pois é isso que aprendi na vida. Não sei em que função, mas é provável que aqui.

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