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Leão ‘fecha a conta’ sobre os tempos turbulentos no Tricolor: ‘No futebol não existe calmaria'

São Paulo - Há exatamente um mês, Emerson Leão atravessava o momento mais conturbado em sua segunda passagem no São Paulo. Depois de uma sentida eliminação no Campeonato Paulista, o afastamento do zagueiro Paulo Miranda desestabilizou de vez os alicerces da relação entre o treinador e a diretoria do Tricolor, que só foi amenizada com o passar do tempo e com os resultados dentro de campo.



Tranquilo e sempre pontual, o treinador recebeu exatamente as oito da manhã da última sexta-feira a reportagem do MARCA BRASIL no CT da Barra Funda para um balanço do passado recente. Deixou evidente que as feridas foram cicatrizadas, mas que no dinamismo do futebol não há vacina para as surpresas negativas (nem positivas) que podem surgir no futuro.

MARCA BRASIL: Maio foi o mês mais intenso desde que você voltou ao clube. Começou turbulento com o afastamento do Paulo Miranda, mas terminou com a vaga para a semifinal na Copa do Brasil. Pode-se dizer que o contexto nos bastidores hoje está mais calmo?

Emerson Leão: Não sei. No futebol não existe calmaria. Tenho quase 49 anos de futebol com carteira assinada e posso me considerar um produto do meio. Você aprende a não duvidar de nada, a ficar esperto com tudo. Agora, tem uma máxima: quem tem medo se esconde. Atrás do que? Pode ser atrás um contrato, pode ser atrás de uma tomada de posição... Não é o meu caso. Se o São Paulo fez um contrato comigo e nós não temos impedimento de entrar e sair, então está provado que ambos têm liberdade para fazer aquilo que querem até o limite da relação entre patrão e empregado.

MB: Parte da diretoria não compactuou, não aceitou que existiu turbulência nos bastidores. Passado os dias mais quentes, você considera que teve crise.?

EL: Eu costumo dizer para os atletas que quando querem prejudicar, dizem que você está tomando batida de coco em vez de um copo de leite. Quando é leite, dizem que é batida de coco. É uísque com guaraná. É a mesma cor. Claro que existiu turbulência. Infelizmente, criada por nós. A culpa foi nossa. O que você está me perguntando saiu no site do São Paulo...

MB: Então tudo poderia ser ‘facilmente’ evitado?

EL: Pode ser que sim, mas quem o fez usou o seu direito de patrão. Quando existe alguma crise, alguma turbulência, algum mal-entendido, costumo dizer que é erro nosso. Assim como a solução está dentro de nós mesmo. A única coisa que não gosto é de surpresa porque nem sempre voce está preparado para ela, seja positiva ou negativo. Agora, quando você é experiente, veterano, você está sempre preparado para ela. Se ela é negativa, é decepcionante. Se é positiva, dá até para morrer de felicidade.

MB: Faltou diálogo?

EL: Se teve uma surpresa, como vai ter diálogo? A surpresa acontece pelo imediatismo (pausa). Mas fiquei satisfeito porque quando houve um encaminhamento na base da coerência e o Paulo está voltando no melhor da sua capacidade. Ele mostra que reagiu bem.

MB: Depois do jogo contra o Bahia , quando o Paulo Miranda foi um dos melhores em campo, alguns diretores vieram a público dizer que afastamento tinha feito bem a ele. Como você recebeu isso?

EL: Você acha que quando uma coisa dá certo alguém vai falar o contrário? Nem poderia. Não me surpreendi. Hoje o Paulo Miranda é resultado de uma coerência que prometi ao grupo de trabalho, ao atleta e a mim mesmo. Não banquei ninguém, fui apenas coerente.

MB: Para finalizar o assunto, ficou alguma sequela?

EL: Se ficou, não deveria. O que pode ter é divergência de opinião. Se eu não posso contrariar alguém ou ser contrariado por alguém, qual é graça?

MB: O caso Paulo Miranda claramente fortaleceu a relação entre treinador e atletas. Hoje, faltando quatro jogos para conquistar um título, você sente o comprometimento necessário para um time campeão?

EL: O comprometimento ajuda, mas só isso não é suficiente. O comprometimento passa por questões táticas, técnicas e individuais. Um time que se propõe sempre a disputar um título, tem que ter algo mais. Às vezes o algo mais significa exceder o seus limites, usar a sua reserva de qualidade. E isso você só descobre que tem na hora. Por exemplo, você está com uma relativa fadiga no fim de um jogo e precisando buscar o resultado. Você não tem que pedir substituição, tem que saber que dentro de você tem algo mais. É assim que funciona minha cabeça. Acho que o São Paulo está muito próximo disso. E estamos adquirindo os anticorpos. Isso é anticorpo. Isso é ser cascudo. É se superar, se auto-superar, se mobilizar, voltar a sua retaguarda, recuperar as forças e partir para o ataque.

MB: Além da questão mercadológica, o fato do São Paulo ter algumas peças importantes no Departamento Médico faz com que a diretoria ainda aguarde para buscar reforços?

EL: Não sei qual é o compasso da diretoria, não sei o giro que ela trabalha. A necessidade de reposição se faz quando sai um atleta e você não tem outro para preencher. O silêncio me diz que estamos em vias de perder o Denilson, que é nossa cidadela de segurança hoje. Agora que ele está na plenitude, que consertamos o atleta, vamos dar novamente ao (Arsène) Wenger (técnico do Arsenal)?

MB: Se no futebol não existe calmaria, como lidar com tamanha pressão?

EL: Depende do quanto você está preparado para ela. Aqui o limite é máximo e a corda é bamba. Quer mais injustiça do que fizeram com o Adilson nessa semana? Disseram que ele não merecia o elenco que tinha. Com todo o respeito, mas não estamos falando do Barcelona. É o Atlético-GO. Há duas semanas ele recusou um convite do Cruzeiro, um time superior para prestigiar o local e agora toma um chute na bunda. Isso não é sério... mas eu vejo as pessoas dizendo que ‘o cara deu sorte pra caramba’. A verdade é uma só: quem está tanto tempo no futebol não pode ser por acaso. Alguma coisa tem.

MB: Você evita falar da Seleção, mas tem apoiado o projeto do Mano Menezes. Tem visto evolução no time?

EL: Acho que ele voltou a procurar uma nova equipe. Individualmente, tem jogadores suficientes. O que não é o suficiente. O suficiente é ter uma equipe saudável com grandes peças individuais. Nós não temos essa equipe saudável ainda, tanto que ele tem feito testes a um mês dos Jogos Olimpícos. Só me pergunto sobre os dois anos passados: o que nós fizemos?

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