"Como previsto, ontem o Jornal da Record fez uma longa reportagem tratando do presidente do Corinthians, Andres Sanches, sua relação com Ricardo Teixeira e as consequências dessa relação.

Para quem tem acesso a internet e acompanha sites como o Blog do Paulinho e Blog do Juca Kfouri, a reportagem não apresentou grandes novidades, assim como no caso da matéria sobre Ricardo Teixeira, baseada no programa Panorama, da BBC. Mas ainda assim a matéria teve grande relevância: se por um lado não apresentou fatos novos, por outro, levou a um grande contingente populacional informações antes restritas ao universo da internet, inclusive as que tratam da sabotagem sistemática contra o SPFC, punido apenas por defender a independência dos clubes brasileiros.

Sim, caro leitor (e principalmente, caro corintiano), sei que a Record não tem idoneidade para acusar ninguém, afinal de contas, aproveita-se da fé das pessoas e de lacunas da legislação para desviar recursos da IURD para a emissora. E também sei que a Record só fez a reportagem porque saiu derrotada da licitação do C13. Mas o que está em jogo aqui não é a lisura nem os reais interesses da Record e sim a procedência ou não das acusações constantes da reportagem. Trata-se de uma análise objetiva.

Assim, vamos analisar o teor da reportagem:

1 – Andres Sanches seria sócio de um grande número de empresas;

2 – Os endereços de algumas dessas empresas não correspondem à sede delas;

3 – Muitas dessas empresas também estariam em nome de terceiros, parentes de Sanches;

4 – O presidente corintiano teria obtido uma grande evolução patrimonial desde que assumiu o cargo;

5 – Sanches também teria o costume de levar comissões em transações com jogadores do Corinthians, segundo teria relatado um empresário de jogadores

Ter uma grande quantidade de empresas, com mudanças constantes de nome e de endereços (que sequer correspondem à sede das empresas) é, no mínimo, suspeito, principalmente quando estão em nome de terceiros. Via de regra, esse tipo de situação corresponde à tentativa de disfarçar ganhos com outras atividades.

A reportagem menciona (e não sei se é verdade) que antes de assumir o clube, Andres Sanches sobrevivia graças à banca de verduras no Seasa, mas depois de virar presidente passou a ter várias empresas, inclusive uma fábrica de embalagens. O súbito aumento patrimonial também configura, via de regra, indício de irregularidade – vide o caso do ex-Ministro Palocci. Nem o mais bem sucedido empresário consegue crescer com essa rapidez, a não que haja alguma ilictude envolvida.

Por fim, a questão do envolvimento do presidente corintiano em negociações com jogadores estaria comprovada em documentos e em depoimento de um empresário. Muito embora tais documentos não tenham sido apresentados, o depoimento do empresário é, no mínimo, um indício de que o clube tem sido utilizado em favor de seu mandatário.

Assim, fica claro que a reportagem é consistente. As ilações que faz tem como base indícios concretos, e que denotam atividades ilícitas.

Ou seja, o revanchismo contra o Corinthians e os interesses da Record por trás da matéria não implicaram em uma reportagem tendenciosa, com fatos distorcidos, como se poderia esperar.

Se você é corintiano e ama seu time, certamente terá interesse em saber os detalhes do que foi denunciado ao invés de desviar o foco para quem fez a matéria. Se isso acontecesse com o clube para o qual torço, certamente não ficaria inerte.

O que não se pode permitir é que a inidoneidade da Record apague os indícios de irregularidades que foram mostrados na reportagem.

A propósito: nenhum clube – nem mesmo o meu querido tricolor – está imune à dirigentes corruptos. Mas atualmente, creio que, nesse fator, o SPFC leva vantagem. Juvenal pode ter perdido a maioria dos embates que teve com Andres. Mas ao menos jamais teve seu nome envolvido em qualquer tipo de tramóia. Ser honesto, a meu ver, é mais relevante do que ser competente".

FONTE: NAVARRO