A briga do Corinthians para receber dinheiro pela formação de Lucas é legal.
Porém, patética.
Só escancara o descaso com que o clube lida com suas categorias de base.
Quanto mais se remexe no caso, pior fica.
O Corinthians perdeu Lucas por dois problemas comuns.
Típicos demais entre os meninos que tentam ser profissionais.
Deixou escapar um atleta de mais de R$ 108 milhões por motivos banais.
Não quis matriculá-lo em uma escola perto do Parque São Jorge.
Os pais pediram, imploraram, já que moravam do outro lado de São Paulo.
Eles que se virassem.
Os dirigentes ainda desdenharam o pedido de um nutricionista.
O menino era muito franzino.
Os pais sabiam que, apesar de veloz, precisava de massa muscular para enfrentar os marcadores.
Outra vez não houve a menor atenção ao pedido elementar.
Ele era um dos melhores jogadores do Corinthians.
Ficou dos 10 aos 14 anos no clube.
Mas mesmo assim foi tratado sem o menor cuidado.
A postura da maioria dos clubes é arrogante: a de que o menino tem de se sacrificar.
Isso se quiser ficar, porque há 200 querendo seu lugar.
Só que neste caso foi diferente.
Os pais não se submeteram.
E o garoto de apelido de Marcelinho, graças à sua semelhança com Marcelinho Carioca, foi para o São Paulo.
Teve estudo, nutricionista e ainda foi feito um trabalho de desenvolvimento muscular.
Seu potencial como jogador pôde ser explorado de verdade, como merecia.
A diretoria, para afastar seu vínculo com o antigo clube, ordenou que esquecesse o apelido.
E voltasse a usar o seu nome de batismo: Lucas.
Depois que o atacante vingou no Morumbi, o Corinthians se lembra dele.
Não para avisar que tudo mudou na base do clube.
Mas para brigar por dinheiro da venda do atleta a quem virou as costas.
Quer 5% como clube formador.
Deseja lucrar R$ 5,4 milhões com um menino a quem negou escola e um plano racional de alimentação.
A lei aponta R$ 280 mil, 0,26%, porque ele ficou apenas dos 10 aos 14 anos no Corinthians.
Para ganhar o dinheiro, a diretoria corintiana mostra apenas mais desleixo em relação ao jovem Marcelinho.
Funcionários procuram desesperadamente registros da sua passagem na base.
Ou seja, nem organização o Corinthians tinha naquela época nas categorias menores.
O campeão da Libertadores, dono de um estádio de um bilhão, não deveria se rebaixar tanto.
Nesta gana de tirar dinheiro do São Paulo, irritar Juvenal Juvêncio, só demonstra o caos no Parque São Jorge.
E faz todos lembrarem a atenção que os meninos merecem no Corinthians.
Lucas era um dos destaques da categoria de base.
Mesmo assim não mereceu uma escola na zona leste.
E nem uma nutricionista para se consultar.
Os pais de Lucas insistiram, quando viram que seu filho não seria bem cuidado, reagiram.
Procuraram um clube estruturado, o São Paulo.
De lá foi convocado para a seleção e agora vendido ao Paris Saint-Germain.
Quanto mais o Corinthians quer dinheiro dessa venda...
Mais escancara as entranhas da categoria de base.
Mostra como Lucas foi tratado.
A ganância jogou luz no lamentável caso.
Tudo isso aconteceu com um atleta talentoso.
Não vale a pena pensar o que os clubes grandes fazem com os nem tão privilegiados.
O Corinthians não deu escola e condição atlética a um jogador de R$ 108 milhões.
E agora corre atrás de migalhas da sua venda.
Patético.
Tomara que sirva de lição...
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