Milton Cruz deve ficar como interino no cargo de treinador por, no máximo, três jogos. Ao menos este é o pensamento da diretoria, que se mobiliza para encontrar um substituto para Emerson Leão o mais rapidamente possível.

Apesar de a oportunidade à frente do time não ser tão longa, em apenas dois dias de trabalho algumas coisas já mudaram no CT da Barra Funda. Nesta quarta-feira, por exemplo, Rogério Ceni, que não tinha bom relacionamento com Leão, participou da atividade com os jogadores de linha e esteve em trabalho de dois toques. Depois, quem voltou foi o rachão. Comum nos clubes brasileiros, foi banido pelo ex-treinador desde o ano passado. Motivo de festa por parte dos atletas.

Orientando por Juvenal Juvêncio, que cobrava de Leão mais participação da base, Milton seguiu à risca o pedido do presidente. Mesmo com Rodrigo Caio na Seleção Brasileira sub-20, fez questão de dizer que gostaria de utilizá-lo como titular. Na contramão, o ex-técnico dizia que o volante não estava preparado e só o utilizou improvisado como lateral.

Milton também promoverá outra mudança radical. Acostumado a jogar no 4-4-2, a tendência é a de que diante do Cruzeiro a equipe entre em campo no 3-5-2. A dúvida é definir se vai recuar Denilson como um dos três da linha de trás ou se um do meio de campo perderá a posição para outro zagueiro de ofício. Qualquer que seja a decisão, Paulo Miranda, um dos xodós de Leão, deve ser sacado. Segundo o interino, as decisões não têm influência da cúpula.

– Não sei se vou usar 3-5-2, 3-6-1, 4-4-2... Ainda não sei. Já vi o Vasco com o Cruzeiro, vou ver outros jogos para ter uma definição – explicou Milton, que fechará a primeira parte do treino desta quinta-feira para fazer coletivo.

A decisão da mudança não foi tomada só pelo interino. Com bom trâmite entre os jogadores, conversou com os líderes do elenco e trocou opiniões. Outro fato que pouco acontecia na Barra Funda. Se vai surtir efeito ou não, só sábado vai dizer. A única certeza é de que tudo é passageiro e logo chega um técnico definitivo. E este terá Milton ao seu lado.



Mudanças após a queda de Leão

Base
Visto como “pai” de alguns garotos, Milton vai dar mais espaço para os frutos do CFA de Cotia jogarem pelo profissional. Rodrigo Caio, por exemplo, poderia ser titular no sábado, mas está com a Seleção sub-20. Leão utilizava pouco os garotos e os questionava.

Rachão
Desde a chegada de Leão, em 24 de outubro do ano passado, a atividade descontraída, comum nas vésperas dos jogos, foi abolida do CT. Segundo o ex-treinador do Tricolor, não trazia nada de positivo. Mesmo assim, fazia suas brincadeiras, como os polichinelos.

Rogério Ceni
Afastado dos gramados por lesão no ombro direito, o camisa 1 é o grande líder e ídolo do clube. Sempre presente no Morumbi antes dos jogos, seu relacionamento com Leão não era bom. Na quarta, participou – e com alegria – da atividade para os jogadores de linha.

Relacionamento
A relação de Milton com os jogadores é muito boa. Todos trocam confidências com o interino, que tem 18 anos de casa. Com a diretoria o trâmite também é dos melhores e todos o respeitam. Segundo Milton, ninguém da cúpula vai interferir na escalação da equipe.

Homens de confiança de Milton Cruz:

Rogério Ceni
Amigo de Milton dentro e fora de campo, apoia e troca informações sobre tática.

Rhodolfo
Um dos capitães, é respeitado pelo grupo e comanda a defesa. Sempre exigente.

Lucas
Apesar de novo, tem moral no grupo e é ouvido pelos jovens. Decide as partidas.

Luis Fabiano
Atual capitão, é visto como espelho para os atletas e tem voz de comando entre eles.