Emerson Leão prometeu ao assumir o São Paulo, em outubro, e Lucas voltou a jogar bem, mesmo com oscilações e desentendimentos por conta das avaliações de individualismo. A condição de herói, contudo, retornou nesse domingo, com a atuação na vitória sobre o Santos. E o cuidado do meia-atacante de 19 anos agora é tentar frear análises exageradas como as que seu próprio empresário faz.
Wagner Ribeiro, agente do camisa 7, aumentou a polêmica com Leão ao chamar seu cliente de “Ferrari mal-dirigida”. Alcunha que o atleta prefere afastar. “Deixo essa história de Ferrari para as pessoas que entraram com este assunto. Já deu muito o que falar. Só quero jogar futebol”, comentou.

Mas o status do jogador após se destacar no triunfo diante do atual campeão da Libertadores é comparável a de um carro invejado. Lucas demorou bastante para deixar a sala de entrevistas do Morumbi no domingo não só por ser bastante procurado por repórteres, mas principalmente por ter dezenas de fãs se aglomerando à sua espera.

Protagonismo, contudo, é algo que ele descarta, mesmo depois de ter participado de dois gols no San-São e criado outras chances para sua equipe. “Não me vejo como protagonista. É uma equipe: para eu fazer lá na frente, é necessário um grande marcador ali atrás”, argumentou, tendo até dificuldades para citar quem foi o melhor em campo na sua opinião – com insistência, elegeu Denis por suas defesas e a evolução na vaga de Rogério Ceni.


Jogador de 19 anos terminou o San-São como capitão e herói, mas nem pensa em se comparar a uma Ferrari

Em constante tentativa de demonstrar humildade, Lucas chamou os adversários e amigos Neymar e Ganso de “gênios da bola” e ainda alega ter falhado no lance que decidiu o clássico, quando deixou Bruno Cortez com o gol livre à frente. O lateral acertou a trave e, no rebote, o meia-atacante colocou nas redes.
“Estão falando que o Cortez errou, mas eu que toquei errado. Foi muito para trás e ele teve que voltar o corpo, ainda mais na perna ruim. E contei um pouquinho com a sorte, sim”, sorriu, concordando com a opinião de Neymar.

É desta maneira que o jogador considerado por Rogério Ceni a maior revelação do clube desde Kaká tenta diminuir a empolgação em relação a ele. Cobiçado na Europa, o meia-atacante conta ter sido procurado até por Júlio Baptista, meio-campista formado no Tricolor e que hoje está no Málaga, da Espanha, em meio à polêmica com Leão. A recomendação foi de paciência por conta da idade e palavras mais contidas.

No discurso, a lição foi assimilada. “Nunca existiu polêmica ou conflito entre eu e o Leão. Sempre brincamos um com o outro. Mas tudo que aconteceu serviu como motivação e aprendizado para eu mostrar que tenho capacidade”, disse Lucas, garantindo exigência.“Eu me cobro muito, quero estar sempre aprimorando. Nunca estou satisfeito com meu futebol. Sou muito novo e tenho muito que aprender ainda”, falou, em frase pronta e padrão nas suas entrevistas.