Jadson ainda não conseguiu conquistar a torcida do São Paulo (Foto:Ari Ferreira)

O camisa 10 no Brasil, por natureza, tem molejo e samba no pé. O camisa 10 na Ucrânia, por necessidade, é forte e combativo. Após sete anos no Shakhtar Donetsk (UCR) e sete jogos no São Paulo, o meia Jadson ainda sofre com a transição: precisa se acostumar, de novo, com o estilo brazuca.

Até agora, no São Paulo, o meia fez quase tudo: gol, assistência, bateu falta, perdeu pênalti... Só não conseguiu descongelar. Após quase uma década de jogos em temperaturas baixíssimas, Jadson está sofrendo com as altas temperaturas nas partidas do Paulistão Chevrolet e, por isso, ainda não conseguiu engrenar pelo Tricolor.

Se a partida deste domingo, contra o XV de Piracicaba, às 18h30, fosse na Ucrânia, a temperatura seria de cerca de - 13ºC. Na realidade, durante o jogo no Estádio Barão de Serra Negra, a temperatura deve girar em torno dos 20ºC. O clima estará ameno: sorte de Jadson.

Neste ano, suas partidas com pior desempenho aconteceram sob sol forte. Contra o Palmeiras, em Presidente Prudente, foi castigado pelo calor e substituído no intervalo. Em Bragança Paulista (SP), brilhou e fez gol, no frio, contra o Bragantino.




E não é superstição: os sete anos na Ucrânia deixaram Jadson desacostumado com o calor. E, ainda em processo de adaptação ao futebol brasileiro, vê no clima um dos maiores obstáculos:

– Ele passou muito tempo jogando em um lugar com um clima absurdamente diferente. É lógico que sente – disse, ao LANCENET!, o preparador físico do São Paulo, Zé Mário.

E não é só contra a temperatura que o meia terá de brigar. Sete jogos depois da estreia, o tempo também deve passar a ser um inimigo. Contratado com status (e preço) de craque, Jadson já começa a gerar desconfiança na torcida e em Leão, que já chegou a substituí-lo no intervalo em duas partidas. Está demorando.

BATE-BOLA

Zé Mário, preparador Físico do São Paulo, em entrevista ao LANCENET!

LANCENET!: Como está a condição física do Jadson após sete partidas?

ZM: O fato é: Jadson ainda não está 100% fisicamente. Todos sabem, inclusive ele, que ainda falta para alcançar seu ápice físico, que é o que desejamos e trabalhamos para ocorrer durante esta temporada.

L!: O tempo fora do Brasil conta para ele demorar mais para atingir a condição que vocês querem?

ZM: Sim. Todos os outros atletas já estavam acostumados com o ritmo brasileiro. Ele ficou muito tempo fora e isso atrapalha bastante.

L!: É possível estipular um prazo para que ele fique 100%?

ZM: Prefiro não estipular uma data. É um caso especial, que estamos trabalhando. Enfatizamos alguns pontos. Mas só o tempo vai fazer com que alcance uma melhor forma.

L!: Por que o caso de Jadson é especial e vocês tem de fazer um trabalho um pouco diferenciado?

ZM: O caso dele é, sim, bem particular. Ele precisa de uma readaptação completa, tanto nos movimentos em campo, quanto na parte física. Para alguns jogadores isso demora um pouco mais. Enquanto isso, existem alguns jogadores que superam este tipo de problema com uma facilidade um pouco acima da média. Tem de ser dito: não podemos generalizar. Tratamos cada um da forma que merecem.

JADSON E O CLIMA

Ponte Preta 1x3 SPFC
5/2 O jogo começou às 19h30, mas a temperatura, que chegou aos 40ºC durante a tarde, atrapalhou Jadson. Na estreia, ele pouco jogou...

SPFC 1x1 Comercial
9/2 À noite, o calor não foi inimigo para Jadson. Mas, a partida ruim fez com que fosse substituído por Leão ainda no intervalo da partida.

Corinthians 1x0 SPFC
12/2 A partida, que começou à tarde, certamente é a que o meia tenta esquecer: isolou cobrança de pênalti e viu o Corinthians aumentar o tabu.

SPFC 3x1 Paulista
16/2 Sob clima mais ameno, Jadson teve boa atuação, iniciando a jogada de um dos gols e criando chances em finalizações de longe.

Bragantino 3x3 SPFC
22/2 Na fria Bragança, Jadson fez sua melhor partida: cavou e converteu um pênalti e ainda deu passes refinados na armação das jogadas.

Palmeiras 3x3 SPFC
26/2 Escaldado sob o sol de Presidente Prudente, mais uma vez saiu no intervalo, após um primeiro tempo completamente apagado.

SPFC 3x0 Guaratinguetá
1/3 Assistência na medida para Lucas fazer um golaço e alguns outros passes de qualidade em um dia de tarde quente, mas noite agradável.

LEÃO COBRA CAMISA 10, MAS TAMBÉM DEFENDE

O chefe Emerson Leão entende que Jadson ainda passa por um período de readaptação ao futebol brasileiro. No entanto, apesar de o jogador ainda ser a contratação mais cara do clube no ano, o treinador não alisa nas declarações:

– Jadson veio para ser o nosso coordenador (de jogadas), mas ele ainda não faz o seu papel – disse o treinador, na última quinta-feira.
Apesar das cobranças, defende o camisa 10 das críticas da imprensa, que já começa a questionar o investimento do São Paulo no jogador.

– Ele veio de um lugar frio e aqui é quente. É casado e está se adaptando à nova vida com a esposa. Tem diferenças no treino e na tática. Por isso, ainda não está pronto.

O técnico também argumenta que o futebol brasileiro passou por grande transformação nos últimos sete anos (quando Jadson deixou o Atlético-PR) e, por isso, o meia estaria sentindo problemas para se acostumar com o ritmo do jogo:

– Há sete anos o futebol aqui (no Brasil) tinha mais espaço. E hoje é uma correria muito maior, com menos jogadores técnicos. Então vai ter de se adaptar. Ele está alternando 45 minutos bons e depois ruins, com mais brilho e menos brilho. Temos de conversar com ele – explicou o técnico são-paulino.