Muricy conta com a disposição do elenco para voltar a ser campeão em mata-mata (Foto: Divulgação/Santos FC)

Muricy Ramalho se orgulha de seu retrospecto em fases eliminatórias, o popular mata-mata, mas quando comandava o São Paulo precisava sempre combater a fama de "amarelão" nesta etapa do campeonato. Neste sábado, no próprio Morumbi, é dia do treinador se livrar do estigma e ir à final.

O assunto ainda incomoda o treinador santista. Ontem, ao ser questionado pelo LANCENET! sobre seu retrospecto negativo pelo São Paulo e se havia mais dificuldade em uma partida eliminatória, Muricy mostrou irritação e respondeu:

– É só você ver o meu currículo para ver que a maioria dos meus títulos eu ganhei no mata-mata. Eu ainda tenho que ouvir essa porcaria. Lá eu não ganhei a Libertadores, esse foi o problema, mas é só ver que eu ganhei muita coisa em mata-mata – esbravejou o técnico do Peixe.

Antes de ir ao Morumbi, eliminou o Tricolor nas quartas-de-final do Paulistão de 2004, em que foi campeão pelo São Caetano. Em 2005, foi campeão gaúcho pelo Inter, mas desde então vive jejum de títulos no mata-mata. Hoje é dia de mudar a história?

No Santos, ele tem todas as condições para isso. Invicto, venceu cinco dos seis jogos comandados e, apesar da intensa maratona de decisões do Peixe, tem nas mãos jogadores que não abrem mão do Paulistão, mesmo com uma viagem longa e um jogo importante na terça-feira contra o América-MEX.

Em quatro dias, o Peixe terá duas decisões em mata-mata. Teve outros três jogos decisivos nos últimos dez dias. Muricy já avisou que não quer sacrificar nenhum jogador e promete poupar quem reclamar de cansaço, mas o elenco não está preocupado com isso. No que depender do time, Muricy acaba com a má fama rápido.

– É uma decisão, todos querem jogar, apesar do cansaço. Comigo não é diferente. Não quero ser poupado. O jogador que estiver cansado tem 24 horas para descansar na concentração, já está bom – disse o atacante Zé Eduardo.

De volta a um mata-mata, é hora de Muricy mostrar ao São Paulo que entende do assunto. Os jogadores estão com ele e deixaram o cansaço no CT Rei Pelé.


Bate-bola com Muricy Ramalho:

LANCENET!: Pode poupar algum jogador pelo desgaste físico?
MURICY RAMALHO: Eles fizeram exames, foi acusado nível alto de cansaço, o que é normal. Mas não dá para dizer o que vamos fazer, tem de esperar o jogo. Este calendário é apertado e acaba estourando os jogadores.

LNET!: Acha que o São Paulo jogaria diferente sem o Lucas?
MR: Muda as características, é um jogador agudo e muda o time. Faz falta pela velocidade que tem e pela maneira como joga.

LNET!: É hora de priorizar a Libertadores, ou ainda é cedo?
MR: Se disser isso vão falar que eu menosprezo alguma competição. Em time grande não se pode pensar assim. O estadual não é tão importante para quem ganha, mas para quem perde é muito. O que é mais difícil é que é uma competição em cima da outra.

LNET!: São dois times com boa estrutura. Isso explica a boa fase?
MR: Estrutura não ganha jogo, mas ajuda você a manter um time grande no topo. Quando o jogador é disputado por outro clube ele pensa na estrutura que tem. Quando um clube de fora procura um jogador daqui, ele também olha a formação do atleta. Se tem boa estrutura, pode crescer mais.


Com a palavra: Israel Stroh, setorista do LANCENET!:

Muricy Ramalho e o elenco do Santos chegam para essa decisão já calejados quanto a jogar uma partida eliminatória. Ele está no Peixe há pouco tempo, mas já decidiu a permanência na Copa Libertadores duas vezes.

A impressão que dava é que a obsessão por vitória de Muricy deixava seus elencos pressionados na hora da decisão, o que não acontece em um campeonato por pontos corridos. Mas no Peixe a relação tem sido equilibrada.

O lado "turrão" de Muricy, somado ao descontraído dos jogadores, fez com que o Santos chegasse a um meio termo, o ideal. Equilibrado, Muricy pode mudar sua história no mata-mata.