Além dos 1,2 mil ingressos destinados ao Inter no Morumbi, cerca de 800 entradas do São Paulo foram compradas por gaúchos em meio à torcida paulista. Mesmo sabendo do risco de permanecer ao lado dos são-paulinos, os colorados resolveram encarar o desafio. A polícia local, porém, não garante a segurança, e recomenda aos colorados o uso de roupas discretas e que não se manifestem durante a partida.

Pelo menos 600 torcedores do Inter ficarão no setor chamado de arquibancada vermelha, destinado a quatro mil pessoas. Estarão cercados por três mil são-paulinos, no setor ao lado da área das organizadas e mais outros 60 mil num estádio lotado. Até o fim da tarde desta segunda, mais de 40 mil ingressos já tinham sido vendidos.

O grupo dos avulsos é formado por torcedores que não conseguiram entrar na lista de espera do Inter. Criaram uma comunidade no Orkut, a "arquibancada vermelha" no Morumbi. Acreditam que, unidos, terão mais segurança. Mas os responsáveis pela segurança no estádio garantem: é preciso ter muito cuidado.

Segundo o promotor Paulo Castilho, responsável pelo combate à violência nos estádios de São Paulo, será solicitado ao 2° Batalhão de Choque da PM paulista um reforço no setor.

- Espero que estes colorados tenham bom senso e se comportem da maneira adequada, sem provocações nem comemorações. Eles não informaram à polícia que estarão no Morumbi. Estão agindo errado. Repito: peço bom senso, até porque é impossível segurar uma massa de 60 mil torcedores contra meia-dúzia - declarou Castilho.

Os colorados sabem dos riscos. O vendedor Lucas Cansi, 23 anos, investiu R$ 100 para acompanhar o Inter no Morumbi. Estará na "arquibancada vermelha". Pensa em levar uma camiseta são-paulina a tiracolo. Se for necessário, vestirá. Na compra da entrada, o site do clube paulista deixa claro: não é permitido vestir camiseta do adversário nem torcer contra.

- A ideia é que os colorados se encontrem no portão 15 (o da "arquibancada vermelha") e fiquem próximos. Estarei com a camiseta do Inter por baixo do casaco, e com uma do São Paulo na mão. Sei dos riscos, mas preciso ir a este jogo - disse Cansi.

O agente de investimentos Filipe Gonçalves, 26, decidiu não se arriscar tanto. Por R$ 80, valor de meia-entrada, comprou ingresso para a Cadeira Térrea Azul, bem perto onde estarão os 1,2 mil colorados.

- Optei por este ingresso por segurança. Vou levar a camiseta do Inter numa mochila e tentar passar para a torcida adversária. Se der, vestirei vermelho - comentou Gonçalves.

Com uma bagagem de 15 anos em jogos do Inter fora de casa, Miguel Dagnino, presidente de honra da Camisa 12, recomenda cautela. Sugere que andem em grupo, não vistam a camiseta do Inter, não comemorem gols, mantenham atitudes discretas e não aceitem provocações.

- Fora de casa, todo o cuidado é pouco. Seremos minoria, é preciso seguir as regras de segurança - afirmou Dagnino.