Desde que chegou ao São Paulo, Ricardo Gomes sempre bateu na tecla de que o time deveria jogar com a bola no chão. O objetivo do treinador era criar alternativas à tradicional bola aérea, jogada que simbolizou a Era Muricy Ramalho no clube. Após pouco mais de um ano no comando do Tricolor, é possível ver em campo que sua filosofia está em ação.

Se é necessário buscar inspiração em outra equipe, nada melhor do que se espelhar na seleção do momento. A recém-campeã do mundo Espanha consagrou na África um futebol de passes curtos e que valoriza a posse da bola.

Os números mostram que o time de Vicente del Bosque troca muito mais passes que o Sampa. A Fúria tem uma média de 543 toques certos por partida. Bem longe disso, o Tricolor aparece com 312.

– A posse de bola da Espanha é o forte deles, os jogadores jogam um próximo do outro e não inventam, eles dão no máximo dois toques. Isso facilitou bastante nos jogos. O Ricardo também procurou colocar em prática essa posse de bola nos treinos – afirmou o zagueiro Alex Silva, no CT da Barra Funda.

De fato, Ricardo Gomes deu atenção ao passe dos jogadores na reaprentação da equipe, nesta segunda. Por quase meia hora, eles foram divididos em duas equipes e, em campo reduzido, só era possível dar um ou dois toques na bola.

No Mundial, a defesa da Espanha foi um dos pontos fortes do time. Foram apenas dois gols sofridos ao longo de sete jogos. A zaga do Tricolor não fica atrás. Na Libertadores, também só foi vazada duas vezes, no entanto, em dez partidas disputadas até o momento.

No duelo dos goleiros, existem semelhanças. Desde 1997 como titular do Sampa, Rogério Ceni superou a fase sem títulos do clube para conquistar o Brasileiro, a Libertadores e o Mundial. Já Casillas também viveu os dois momentos. Da fama de amarelar nos jogos decisivos, aos títulos da Euro de 2008 e a Copa do Mundo de 2010.

Após a parada, o São Paulo volta a entrar em campo na quarta-feira, contra o Avaí, no Morumbi. E a semelhança que mais importa para todos no clube é terminar os campeonatos da mesma forma que a Fúria se despediu da África: com a taça de campeão na mão.