Foi um clássico nervoso, agitado, empolgante. Nas arquibancadas, os torcedores cerravam os dentes, tapavam os olhos, roíam as unhas. E não foi para menos: na vitória do Santos diante do São Paulo, no Morumbi, por 3 a 2, neste domingo, foi jogo para ninguém botar defeito e de atiçar até torcedores que não são de nenhum desses clubes.

E o que aconteceu em campo? Bem, no comecinho, o tricolor preocupou-se em marcar os maiores talentos do Santos (no caso, por exemplo, Robinho e Neymar), aproveitando-se também de sua excelente dupla de zagueiros formada por Alex Silva e Miranda, mas contra esse Santos, ah, contra esse Santos, qualquer descuido pode ser fatal. Foi assim que, depois de uma bola perdida na intermediária, o veterano Léo 34 anos, aventurou-se pela esquerda, centrou forte e a bola, passando por Robinho (que não tocou nela e nem participou da jogada, anulando, pois a posição de impedimento em que se encontrava) encontrou Júnior César, afobado, que desviou contra as próprias redes. Gol legal!

E futebol vai, futebol bem, confiantes os Meninos da Vila para chegarem ao segundo gol, num inteligente cruzamento de André. 2 a 0.

Como nesse meio tempo acontecera a expulsão de Marlos- justa, pois levou dois cartões amarelos, o segundo levantando o pé muito mais do que deveria e derrubando Robinho, tudo parecia definido.



Surgiria uma goleada?

Qual o quê! Pois eis que no segundo tempo, com uma substituição aparentemente estranha- Cicinho no lugar do inoperante Washington- o São Paulo transformou-se em verdadeiro furacão. E massacrou o Santos durante toda a segunda etapa, principalmente por talvez ter pensado que “perdido por perdido, truco”. E, com um homem a menos, encurralou o Santos e jogou bola, muita bola, principalmente com Hernanes e Dagoberto. Foi empolgante!

E foram justamente eles, Hernanes (um golaço, depois de se livrar de três zagueiros) e Dagoberto (de cabeça, que nem é seu ponto forte) que marcaram os gols que deram o empate ao São Paulo. Tudo indicava que, a qualquer momento, surgiria o terceiro gol tricolor.

Mas o Santos, do técnico Dorival Junior, também fez alterações inesperadas, saindo até o cerebral Marquinhos (antes, saíra o centroavante André para a entrada de Pará, muito mais defensivo), colocando em campo o veloz baixinho Madson- e, ainda, Zé Eduardo (o ruivo que no Palmeiras era conhecido por Zé Love), tentando equilibrar o ritmo frenético do jogo.

E os Deuses do Olímpio, comovidos talvez pela brilhante campanha do Santos ao longo do torneio, fizeram o que já nem se esperava: depois da cobrança de falta direita, falta lateral que não dava pra chute direto, a bola foi alçada na área, Rogério Ceni não cortou o cruzamento (na minha opinião falha grave de Ceni! A bola, na pequena área não é do goleiro?) e o zagueiro Santista, Durval, mesmo sem ter ângulo dos melhores, cabeceou para o fundo das redes. Santos, 3 a 2!

E agora o Santos está muito perto de chegar á grande final do Campeonato Paulista, podendo perder até por um gol de diferença. Justiça pela campanha realizada ao longo do torneio.

Mesmo se assim for, resta ao São Paulo o consolo de saber que, se jogar o que jogou no segundo tempo, é candidato forte na Libertadores da América. Assim como o Corinthians, pois creio que mesmo o Cruzeiro tendo fino toque de bola e o Flamengo (Adriano e Vagner Love- este, artilheiro mais uma vez), já que o Inter do uruguaio Jorge Fossati não é nada disso, ah, a minha bola de cristal diz que o campeão da Libertadores será um clube paulista: São Paulo ou Corinthians.

Se ela, bola de cristal errar, ou eu a mando de volta para o conserto. Ou a aposento de vez.