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Promessas, acordos e sufoco: uma retrospectiva e o retrato das dívidas do São Paulo

Foto: Adriano Vizoni/Folhapress


Promessas, acordos e sufoco. Basicamente, este tem sido o ciclo do São Paulo nos últimos anos quando se remete às finanças do clube. Sob a gestão de Julio Casares, os desafios não são diferentes. No balanço financeiro do Tricolor após o primeiro ano de seu mandato mostraram aumento das receitas, das despesas e da dívida, mas quitação de mais de R$ 80 milhões de pendências que poderiam resultar em punições esportivas. As dívidas atuais agora beiram os R$ 700 milhões.



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Por 2021 ser o primeiro ano da gestão do atual presidente, era um período de adaptação e recuperação. O clube tinha R$ 339 milhões em obrigações para pagar, sendo R$ 155 milhões com instituições financeiras e mútuos (curto prazo). No fim do ano passado, após uma série de negociações, já havia R$ 274 milhões em dívidas, sendo R$ 92 milhões com instituições financeiras e mútuos (curto prazo). Os números foram trazidos pelo jornalista Jorge Nicola.

A prioridade do Tricolor no momento é começar 2023 em dia com as dívidas que tem com o plantel, já que teve dificuldades em pagar os salários nesse ano. A direção, de fato, já quitou algumas delas, mas há no momento R$ 6 milhões pendentes. A quantia é relativa aos salários e direitos de imagem.

Dívidas e São Paulo lado a lado há um bom tempo

A condição financeira atual do São Paulo é resultante de anos e anos de más decisões gerenciais e “financiada” pela comodidade do Conselho Deliberativo do clube. A gestão do ex-presidente Leco, por exemplo, prometia, ainda em 2015, ser a salvação após o desastroso mandato de Carlos Miguel Aidar. No entanto, depois de meia década, o mandatário esteve à frente da mais criticada administração da história do time do Morumbi.

Com promessas de recuperar a credibilidade do SPFC no cenário nacional, a dívida avaliada em R$ 284 milhões em 2015 foi aumentada para R$ 538 milhões, de acordo com o balanço financeiro de 2019. Resultado? A gestão de Leco chegou à fase derradeira com celebração por parte da torcida. Nem um título sequer foi conquistado pelo Tricolor durante seu mandato.

Ainda em 2018, Leco não pôde cumprir mais uma de suas promessas de que Tricolor do Morumbi conseguiria zerar os débitos com instituições financeiras e de curto prazo no término de 2019. Com um investimento maior no time para tentar dar um salto de qualidade e conquistar títulos, jogadores mais caros e com salários mais altos foram contratados. Assim, não poderia ser cumprida a meta de zerar a dívida bancária.

Logo após assumir o comando do clube, Julio Casares, em entrevista coletiva, estimou a dívida do São Paulo em R$ 580 milhões. Desde aquela época, o atual presidente já estipulava conversas com pessoas do mundo empresarial para tentar diminuir o montante. De lá para cá, entre acordos e sufocos, um relatório financeiro apresentado aos conselheiros apontou que o clube teve superávit no exercício de 2022 de R$ 79 milhões até agosto deste ano.

Pelo fato de ter trabalhado com todos os últimos presidentes, e se envolvido nas gestões de Juvenal Juvêncio e Carlos Miguel Aidar em especial, Casares acredita que a agremiação tricolor tenha perdido a mão de suas finanças no mandato de Leco, especialmente no ano de 2019.

Na ocasião, o clube apostou alto em reforços caros, como Tiago Volpi, Pablo, Hernanes, Tchê Tchê, Alexandre Pato e, principalmente, Daniel Alves, que recebe salários do clube até hoje como acerto dos valores feito na rescisão. A dívida total, então, rompeu a barreira dos R$ 600 milhões e jamais conseguiu ser controlada.

Consequências e soluções além do campo

Uma das maiores decepções do torcedor são-paulino no quesito contratação, foi Daniel Alves. O lateral não correspondeu às expectativas dentro e fora de campo, visto que o São Paulo desembolsou uma grande quantia para tê-lo. Após deixar o clube pelas portas do fundo, agora a diretoria tem de pagar ao veterano a partir de janeiro 60 parcelas de R$ 400 mil, totalizando R$ 24 milhões.

O Tricolor calcula que terá uma economia de R$ 27 milhões pelo acordo feito com Daniel, que possuía contrato até o fim de 2022 e recebia cerca de R$ 1,5 milhão mensais. O clube calculava que devia até setembro de 2021 cerca de R$ 18 milhões. Parte dívida referente aos direitos trabalhistas, porém, foi paga.

Pablo e Vitor Bueno são outros ex-jogadores que fizeram um acordo pensando na imensa dívida do SPFC. O clube pagará valores em atraso que tinha com o atacante do Athletico-PR de forma parcelada e ficará com 30% dos direitos econômicos. Pablo decidiu abrir mão dos dois anos que tinha de contrato (até o fim de 2023) para ficar livre no mercado. O jogador propôs um acordo e desejava receber os atrasados referentes a 2020 e 2021 para assinar a saída.

Vitor também tinha vínculo com o Tricolor até o fim do ano que vem, e o acordo com o ex-camisa 12 tricolor economizará ao clube cerca de R$ 9,5 milhões. Porém, o Soberano ainda deve R$ 2 milhões, que serão pagos parceladamente.

São Paulo recorre a empréstimos e Casares é 'sincerão'

O São Paulo teve um aumento de R$ 67 milhões em sua dívida líquida durante o ano de 2021, como mostra o balanço do clube. O incremento ocorreu principalmente em empréstimos bancários, impostos não pagos e débitos com jogadores. A agremiação foi obrigada a buscar dinheiro porque gastou além do que poderia ano futebol.

Enquanto tenta equilibrar as contas e aliviar a folha de pagamento com a reformulação do elenco para 2022, o São Paulo buscou três novos contratos de empréstimo no valor de R$ 18 milhões. Os bancos usados serão Bradesco, Rendimento e Tricury. Com esses três novos pedidos, o clube soma R$ 97,915 milhões tomados junto a instituições bancárias em 2022. Neste ano, o Tricolor já pagou R$ 18 milhões em empréstimos, restando R$ 79,8 milhões a pagar.

O orçamento do São Paulo para 2022, aprovado pelo Conselho Deliberativo, prevê a captação de R$ 120 milhões em empréstimos. O estatuto do clube, no entanto, exige que os contratos sejam submetidos à aprovação do órgão.

Prestes a completar dois anos como presidente, Casares foi sincero ao fazer um balanço de seu mandato até agora. Ele alega que sua gestão mudou o perfil da dívida tricolor ao quitar os débitos mais urgentes e alongar os pagamentos para outros anos, a fim de ganhar respiro e buscar recursos em áreas como marketing e vendas de jogadores.

"[A avaliação] é de um clube em movimento, em reconstrução permanente, que herdou uma dívida enorme e de curtíssimo prazo, onde tínhamos 5 processos na Fifa. Mas em dois anos conseguiu estabilizar e buscar equilíbrio da sua dívida. Não é uma dívida propagada nesses valores que estão em pauta, é uma dívida menor. Uma dívida que está controlada, administrada", garantiu.

"Tem [como pagar a dívida]. Não é um processo que vai pegar de uma vez só e sanar. Temos que ter viés de competição, porque prêmio [pago nos campeonatos] hoje é uma grande receita, mais bilheteria, receita de televisão, com a Libra, que sou um defensor. E também com a venda de talentos que Cotia revela", explicou Casares.

Em 2022, o clube ainda foi beneficiado na parte financeira por uma série de negociações de jogadores, muitos que sequer atuam mais no clube, como Antony e Casemiro.

"Nós tiramos da UTI. Dizer que ele [o clube] está no quarto, não. Está na semi-UTI, mas com muito mais autonomia e condições. Trabalharemos forte para que o São Paulo consiga trazer uma estabilização. O tempo vai mostrar, com o São Paulo entregue em boas mãos e equilibrado. Não posso comprometer o futuro. As gerações futuras ainda vão agradecer esse momento de reconstrução", prometeu o presidente tricolor em novembro.

Fama de mau pagador refletiu nas atuações de jogadores?

Alexandre Pato viveu o auge de sua carreira no São Paulo, entre 2014 e 2015. No entanto, não teve o mesmo sucesso em segunda passagem pelo Morumbi. Em agosto de 2020, após um ano e três meses no clube, o atacante abriu mão do que ainda tinha a receber e optou por rescindir contrato de forma ''amigável''.

Para o jogador, os salários atrasados durante a pandemia da COVID-19, acabaram desgastando ainda mais a sua relação com o clube.

''No meio da pandemia, a gente foi para o CT de Cotia para fazer a preparação para voltar o campeonato. Só que nesse momento, tinham algumas situações contratuais com o São Paulo (salário atrasados) acontecendo. Coisas que o São Paulo, às vezes, tem um pouco de dificuldade...E o São Paulo falava para mim 'amanhã está tudo certo, amanhã está tudo certo', e não acontecia e aí foi se arrastando. Eu falei 'São Paulo, olha só, eu vejo que nesse meu tempo aqui eu preciso me desligar. A parte financeira de vocês não me interessa. Use esse dinheiro para ajudar quem precisar'. Então abri a mão do dinheiro, me desliguei e fui embora'', disse Pato.

Os pagamentos de Daniel Alves também passaram a atrasar e o lateral deixou de desempenhar o seu melhor. O fim do casamento, porém, aconteceu apenas em 2021, com a insatisfação do atleta em relação aos salários atrasados do clube paulista por sua postura, sobretudo em entrevistas.

"Evidente que eu também não trabalho de graça. Quando você compra um grande vinho, você não compra a garrafa, você compra a história. A história tem um preço. Se você não tem a capacidade de arcar com essa história, dificilmente você vai beber grandes vinhos constantemente", ironizou o jogador em uma entrevista ao SporTV.

Vendas e contratações pontuais são essenciais

Dado o contexto de toda a dívida que permeia o clube, o Tricolor decide diminuir bruscamente a folha orçamentária; para tal, liberou vários nomes neste mercado – e deve vender ainda mais alguns. Miranda, Reinaldo, Eder, Marcos Guilherme, Andrés Colorado, Nahuel Bustos, Luizão e Thiago Couto já partiram para outro destino. Igor Gomes e Nikão também devem sair nas próximas semanas.

Por outro lado, o clube altera o perfil de contratações. Aposta em jogadores de menos renome, mas que contêm qualidades que o treinador Rogério Ceni solicita. Pedrinho, do Lokomotiv, chega sob empréstimo até o término de 2023; ademais, o goleiro Rafael, ex-Galo, assina vínculo de três temporadas.

Wellington Rato, meio-campista do Atlético-GO, e Marcos Paulo, atacante do Atlético de Madrid, são nomes que estão verbalmente certos com o São Paulo; falta, todavia, “a tinta no papel” para a oficializá-los. O Soberano segue atento no mercado para reforçar o seu elenco, já que o próprio diretor de futebol, Carlos Belmonte, publicou recentemente em sua rede social que o Tricolor anunciará mais reforços em breve.



Enquanto espera para dar o pontapé em mais uma temporada e estrear no Campeonato Paulista de 2023, o técnico Rogério Ceni, assim como os comandantes anteriores que passaram pelo Soberano, terá de se contentar e trabalhar com um elenco 'enxuto', sem os reforços sonhados, e tentar conduzir o time do Morumbi ao sucesso na próxima temporada apesar das dívidas e problemas resultados da má administração de anos anteriores.




São Paulo, Retrospectiva, Dívida, Sufoco, Projeção, SPFC

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