Criado no famoso "terrão" das escolinhas do Corinthians, Betão perdeu a forte ligação com as suas origens e o sentimento vindo do coração. Na semifinal da Copa Libertadores da América a partir desta quarta-feira, o zagueiro é enfático ao citar que terá uma postura neutra, já que se nega a torcer contra o Santos, clube que atuou por apenas cinco meses, mas o acolheu em uma etapa complicadíssima da carreira, após ser rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro, com o time que o revelou, no fim de 2007.
"Eu sempre fico em situação difícil quando esses dois times se enfrentam. Muita gente não entende, mas a minha posição é sincera. Não consigo torcer, fui criado no Corinthians, mas o Santos me abriu as portas em um momento difícil", confirma o zagueiro.
Em entrevista exclusiva, Betão também falou sobre a experiência de jogar na Ucrânia e revelou o contato recente com três times brasileiros para uma possível negociação. Ao ser questionado sobre a chance de reencontrar o técnico Emerson Leão, atual técnico do São Paulo, com quem trabalhou no Corinthians e no Santos, o zagueiro deu uma resposta que abre diversas interpretações:
"Como não foi nada oficial, se eu falar qualquer coisa, as pessoas podem desmentir do outro lado e criar um clima ruim. Então, prefiro não dizer nada neste momento", explica o atleta, que seria uma opção para reforçar o tão criticado sistema defensivo da equipe do Morumbi.
Veja a entrevista completa com o zagueiro Betão:
Teremos a partir desta semana o esperado confronto entre Corinthians e Santos. Você vai torcer por alguém?
BETÃO: Na verdade, eu sempre fico em situação difícil quando esses dois times se enfrentam. Muita gente não entende, mas a minha posição é sincera. Não consigo torcer, fui criado no Corinthians, mas o Santos me abriu as portas em um momento difícil, eu só fiquei lá por cinco meses, mas o gesto de abrir a porta, a confiança, a qualidade de trabalho, o clima criado, é difícil apontar uma preferência.
Pode fazer uma análise fria sobre o confronto?
BETÃO: Posso analisar que o Santos é mais técnico, bem armado, um padrão de jogo determinado. O Corinthians também está bem padronizado, talvez sem a mesma técnica, mas com uma força de vontade incrível. Acredito que o duelo será equilibrado.
O jeito que você deixou o Parque São Jorge criou esse distanciamento maior? Ficou alguma mágoa?
BETÃO: É claro que tive problemas, com a torcida, mas acho que são coisas que passaram. Você fica chateado no momento, eu fiquei lá até o fim, lutando, fazendo o meu melhor. De repente, esperava um reconhecimento maior. Mas já se passaram cinco anos. O Corinthians está em outro momento, eu também estou ótimo.
Por ter atuado no Santos, você sabe como é o caldeirão da Vila. Foi uma boa escolha da diretoria mandar o jogo contra o Corinthians na Baixada? BETÃO: Sim, acho que o Santos fez bem, teoricamente foi uma ótima escolha, o adversário se sente pressionado, a torcida é uma coisa linda na Vila, ainda mais contra o Corinthians, que para o santista é o maior rival.
Quando estava no Corinthians, você era muito próximo ao Tevez. Continuam se falando?
BETÃO: A última vez que conversamos foi em um jogo entre as nossas equipes pela Liga Europa, foi na temporada 2010/2011, faz um ano, foi no começo do ano passado. Eu, inclusive, estive em Manchester, conheci a casa dele e dei um passeio pela cidade.
Na época, ele confidenciou qual era o desejo sobre o futuro profissional? Ele falava sobre o Corinthians?
BETÃO: Ele passava que tinha o desejo de continuar na Europa naquela ocasião, só não queria ficar na Inglaterra, mas agora não sei.
E a sua ideia é continuar na Ucrânia por quanto tempo?
BETÃO: Se fosse por mim, se fosse solteiro e sem filhos, ficaria na Ucrânia por mais dez anos, digo isso porque considero um lugar bom para se trabalhar, o Dínamo disputa boas competições, contra os melhores jogadores do mundo. Culturalmente também posso conhecer muita coisa. Mas meu filho vai fazer três anos, para ele é muito difícil, o idioma, a adaptação, achar uma escolinha, então eu tenho o pensamento de voltar ao Brasil ou partir para um centro maior.
Você teve propostas?
BETÃO: Aqui no Brasil, três pessoas ligadas a clubes me procuraram, de fora também houve uma consulta.
Esse time do exterior é de um centro mais tradicional?
BETÃO: Então, a proposta era para uma equipe da Rússia, então era um país semelhante ao que estou. Vamos ver o que acontece mais para frente, daqui um tempo eu já terei a chance de assinar um pré-contrato.
Aqui no Brasil, o Emerson Leão, atual técnico do São Paulo, sempre foi fã do seu futebol, inclusive o levou para o Santos depois de trabalharem juntos no Corinthians. Posso entender que um dos times que te procurou foi o São Paulo?
BETÃO: Como não foi nada oficial, se eu falar qualquer coisa, as pessoas podem desmentir do outro lado e criar um clima ruim. Então, prefiro não dizer nada neste momento.
Se você realmente ficar no Dínamo por mais uma temporada, como conter a hegemonia do Shakhtar Donetsk sobre o seu time?
BETÃO: O Dínamo continua sendo o time mais tradicional, com maior número de títulos e maior torcida, mas o Shakhtar tem dominado as competições nos últimos três anos, eu dou crédito aos brasileiros que atuam lá, ao Willian, ao Fernandinho. Eles fizeram um planejamento muito bom mesmo. O Dínamo está tentando reverter, não sei se teremos novas contratações para a próxima temporada, mas acredito em outra mentalidade.
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