O prometido era às 16h de sexta-feira, pelo próprio São Paulo. Noite de sábado, e o Inter ainda não recebeu a resposta do clube paulista sobre a proposta que deixou na mesa para ter o meia Oscar e terminar com o imbróglio judicial. Diretor técnico dos gaúchos, Fernandão ainda crê em um acerto, mas analisa o silêncio como uma negativa e fala que ‘há muito em jogo’ para que o acordo – para ele o desfecho mais favorável para todos – seja firmado.

O interlocutor do São Paulo, Adalberto Baptista, é muito elogiado pelo diretor. Fernandão segue com a palavra do dirigente, ainda que tenha tomado conhecimento de outras situações, e crê na reunião para continuar com o pensamento que o acordo pode acontecer. Mas não mostra problema em seguir a questão na Justiça e lista os impedimentos que vê para que o acerto ainda não tenha saído.

- Não tenho dúvida que os advogados, do Inter e do Oscar, consigam uma liminar para o atleta trabalhar, e que o São Paulo vai atrás de uma, e nós depois. A Justiça é dessa maneira. Se tiver acordo, as coisas ficariam facilitadas. O bom senso às vezes é impossibilitado por ter coisas em jogo, tem vaidade, prepotências... A gente vai tentar de uma maneira ou de outra que a situação fique boa para todos. Que eles não fiquem prejudicados, e cheguemos a um valor que não seja ruim dentro do que o Oscar era, e dentro do que ele é hoje – afirmou Fernandão.

As partes se reuniram na última quinta-feira, em São Paulo. Os dirigentes ouviram a proposta do Inter, que diz ter chegado ao seu limite. A postura paulista surpreendeu, já que não foi apresentada nenhuma contraproposta em nenhum momento. O diretor nem colocou número algum para Fernandão e o advogado do Inter, Daniel Cravo. Apenas recusou as primeiras ofertas coloradas.

O diretor do Inter lembra a postura paulista com o zagueiro André Dias para exemplificar que o acordo é o melhor caminho. No início de 2006, o defensor conseguiu sua liberação Goiás por meio de liminar, cassada depois pelos goianos. O São Paulo pagou um valor aos esmeraldinos para ficar com André e terminar o problema.

- Eu ainda acredito no bom senso, mesmo que esteja difícil com esse silêncio, essa indiferença. Sou esperançoso nisso, ele (Adalberto) é uma pessoa capacitada e ciente do que acontece. Não acredito que ele quer atrapalhar a carreira do atleta. Tento olhar para a parte positiva e levar a rivalidade apenas na parte do campo. Se ele não tivesse ido para o Inter, teria ido para o Palmeiras, Corinthians, Grêmio... - disse.

- Ele estava livre por ordem judicial, e contratamos o Oscar. Quantas e quantas vezes o São Paulo não fez isso? O próprio André Dias fez isso, com liminar, e se entrou em acordo depois. Foi pago um valor pelo São Paulo ao Goiás. Esse é o bom senso, o caminho para tudo – destacou Fernandão.

Segundo o ídolo colorado, o São Paulo quer uma reunião com o atleta para conversar e colocar sua parte. Fernandão, no entanto, não teme que os paulistas possam persuadir Oscar a mudar de ideia e garante o jogador focado no Beira-Rio.

- Ele mostrou para o mundo inteiro que tem uma cabeça espetacular, aqui no jogo com o Juan Aurich. Tem o Giuliano Bertolucci, que respeitamos e respeita principalmente o Giovanni Luigi (presidente do Inter). Tive uma reunião com o Giuliano, e ele nos deu as garantias e nós temos também contratuais para ficar com o Oscar. Até porque é o desejo dele, é onde ele se sente em casa, onde foi bem recebido e é bem acolhido. O torcedor, se tiver ou não conversa, pode acreditar que ele pensa 100% em continuar no Inter – afirmou.

O imbróglio judicial segue. No Tribunal Superior do Trabalho, os advogados do jogador entraram com uma medida cautelar para conseguir um efeito suspensivo e cancelar a decisão de não o deixar atuar enquanto o mérito da ação estiver sendo julgado. O São Paulo tem cinco dias úteis, dado desde a última terça-feira, para se manifestar ao ministro Renato de Lacerda Paiva sobre o pedido.