Foi Juvenal Juvêncio quem manipulou o encontro de cúpula.

Não quis participar.

Instruiu o diretor Adalberto Batista a ser o mais gentil possível.

Ele e o advogado Carlos Ambiel foram dois gentlemen.

Fernandão, o advogado do Inter, Daniel Cravo, e o de Oscar, Andre Ribeiro se supreenderam.

Não esperavam um tratamento tão carinhoso.

A direção do time gaúcho tinha certeza que o clima seria de guerra.

Conversaram de forma mais do que civilizada por quatro horas.

Pareciam até amigos.

Isso aconteceu porque Juvenal avisou Adalberto.

Não quer litígio com o Internacional.

Sua mágoa e ressentimento são com Oscar.

O presidente do São Paulo quis mostrar boa vontade.

Foram quatro horas de conversa.

Adalberto ouviu as proposta do Internacional.

O clube primeiro começou com R$ 7 milhões pela liberação do atleta.

Depois de muitos argumentos, o clube chegou a R$ 9 milhões.

Oscar bancaria os outros dois milhões.

Juvenal sabia que esse dinheiro viria de Giuliano Bertolucci.

Inter e o jogador fizaram um pedido.

Que os R$ 9 milhões fossem parcelados em três vezes.

E avisaram que não subiriam a proposta.

Gentilmente avisaram que ou o clube paulista aceitava ou iriam à Justiça.

Há a esperança que em Brasília consigam caçar a liminar que deu ganho de causa ao São Paulo.

Juvenal mandou avisar que analisaria a proposta com carinho.

E que hoje daria a resposta.

Quis manter uma cruel expectativa.

Torturar Oscar e a direção do Internacional.

Ele é peça fundamental no time que Dorival montou para a Libertadores.

Mas está no meia o maior interesse de Juvenal.

Sabe que ele esta assustado, ansioso.

Lembra muito bem do seu juramento de nunca mais pisar no Morumbi.

De quanto espalhou pelos quatro ventos a coação que teria sofrido para antecipar sua maioridade.

E, aos 16 anos, assinar o contrato que a lei exigia 18 anos.

Juvenal sabe que Giuliano Bertolucci representa Kia Joorabchian no Brasil.

Tem a plena consciência que perder Oscar seria um marco negativo.

Um recado aos centenas de meninos que estão no CT de Cotia.

Que poderiam a qualquer hora que quisessem abraçar um empresário.

E virar as costas ao clube.

Mesmo tendo assinado contrato.

Oscar foi pior ainda.

O clube o levou para a Espanha para fugir do assédio de empresários.

Até que tivesse 16 anos e pudesse antecipar a maioridade.

E assinar com o clube.

Tudo isso foi levado em consideração.

É evidente para quem acompanha o caso a raiva de Juvenal.

Mas finalmente ouviu que de nada adiantaria declarar guerra ao Inter.

Os alvos são Oscar, Giuliano Bertolucci e Kia Joorabchian.

Daí toda a gentileza com os gaúchos.

Dirigentes do São Paulo sabem que com R$ 9 milhões não compram um atleta como Oscar.

Com tanto talento e apenas 20 anos.

Jogador da Seleção Olímpica e também da principal.

O emblógio jurídico já o atrapalha.



Desde o dia 21 de março, quando foi tirado às pressas do jogo contra o The Strongest, não joga.

Mano Menezes pode ter feito convocações absurdas, entre as 83 que já fez.

Mas convocar atletas que não atuem ainda não.

Oscar não quer perder as Olimpíadas.

Juvenal sabe de tudo isso.

A solução mais prática é aceitar uma quantia do Inter por Oscar.

Mas ele também tem seus desejos, seus devaneios.

Sua grande alegria seria ter Oscar de volta.

Tem certeza que neste mundo sem memória do futebol, o meia se encaixaria no time.

Jogaria ao lado de Lucas, Luís Fabiano, Jadson, Casemiro, Oswaldo.

Seria o maior reforço dos últimos anos do São Paulo.

Leão já fez o seu papel e mandou recado que o 'menino seria bem-recebido'.

O recado não foi tão óbvio.

Não tinha a intenção de atingir só Oscar.

Mas as lideranças do Morumbi.

Rogério Ceni, Rodolpho e Luís Fabiano ficaram revoltados com a postura de Oscar.

E demonstram que poderia haver uma rejeição caso ele voltasse.

Tudo o que Juvenal não quer.

O dirigente prefere guardar seu cálice de ódio a Bertolucci.

Giuliano era um jovem empresário com que gostava de negociar.

Não esperava nunca que ele preferisse levar Oscar a manter as portas abertas do Morumbi.

Por Juvenal, a resposta aos R$ 9 milhões é não.

Os dirigentes do Internacional já esperavam a negativa.

E tratam de buscar apoio onde puder.

No Sindicato dos Jogadores Profissionais do Rio Grande do Sul.

Na Federação Gaúcha, do rebelde Noveletto.

E buscam arrebanhar advogados, desembargadores...

O desejo é conseguir cassar a liminar da Justiça Trabalhista que o São Paulo conseguiu.

Mesmo enquanto o clube fazia a oferta, advogados trabalhavam para liberar Oscar de graça.

Ou ao menos o efeito suspensivo que o autorize a jogar imediatamente.

O clube paulista entrou no STJD alegando aliciamento por parte do Inter.

Exatamente para barrar essa possibilidade.

Além disso, Juvenal trabalha a parte política da questão.

E tem o apoio total e irrestrito de José Maria Marin e Marco Polo Del Nero.

Os presidentes da CBF e da Federação Paulista de Futebol estão com o São Paulo.

Querem o retorno do atleta ao Morumbi.

Até por uma questão de princípios.

Ou que o Inter pague uma quantia que satisfaça o São Paulo.

O mínimo que Juvenal aceita é R$ 17 milhões.

"Valor de mercado para clube nacional", garante.

A resposta chegou à cupula colorada.

Mas o septuagenário presidente são paulino não quer esses milhões.

Ele ainda sonha.

Quer Oscar com a camisa do São Paulo.

O velho presidente sempre o achou com mais potencial até do que Kaká.

Ou seja: a melhor cria do CT de Cotia.

E ela foi levada por um empresário que se dizia seu amigo para o Inter.

Juvenal o vê como um filho rebelde que se deixou levar pelas péssimas amizades.

Esta briga tem um forte lado emocional, antes do financeiro.

Juvenal não se conforma em ter sido abandonado por Oscar...