Em meio à greve que adiou o início do Campeonato Italiano, agendado para este fim de semana, o meia Hernanes, da Lazio, pensa em seu retorno à seleção brasileira. O último ato do jogador com a camisa amarela foi no dia 9 de fevereiro deste ano, quando foi expulso no amistoso contra a França, em que a equipe de Mano Menezes foi derrotada por 1 a 0 no Stade de France.


Apesar disso, o treinador já deixou claro que a ausência do ex-são-paulino nas recentes convocações não tem nada a ver com a expulsão contra os franceses. Ciente disso, Hernanes tem agora o desafio de convencer Mano de que pode atuar em sua posição de origem, o que não acontece na Lazio.

"Foi o que o Mano falou, eu estou jogando numa posição diferente, então estou nessa aí", disse Hernanes em entrevista para a Folha. Segundo volante de origem, o ex-são-paulino passou a atuar como um meia de ligação na Lazio, onde tem papel fundamental na criação de jogadas. Apesar de estar em outra posição em seu time, o atleta acredita em sua volta à seleção.


O meia Hernanes (centro) lamenta sua expulsão no amistoso contra a França, disputado em fevereiro


"Acho que aqui [na Lazio] vai ser difícil eu jogar de segundo volante. Então é continuar crescendo, mostrando que eu tenho condição de jogar. Eu joguei muito tempo de volante, minha posição foi ali, onde eu apareci para o futebol. Então não é que desaprendi. Tenho totais condições e rápido de atuar naquela posição", afirmou.

Para o amistoso contra Gana, marcado para o próximo dia 5, Mano convocou os volantes Elias, Lucas Leiva, Luiz Gustavo e Ralf. Apesar de estar fora das cinco últimas convocações de Mano, Hernanes evita criticar o treinador.

"Quero sempre crescer mais, evoluir mais, porque 2014 sem dúvida é um objetivo. Eu sempre acredito que uma hora vai aparecer mais uma chance e eu vou estar preparado", disse o jogador, que foi o artilheiro da Lazio na última temporada, com 12 gols marcados.

Hernanes participou de três partidas com a seleção brasileira principal e oito com a olímpica. O jogador, reconhecido como melhor volante do Prêmio Craque do Brasileiro (da CBF) em 2007, 2008 e 2009, com o São Paulo, pediu calma para os torcedores avaliarem o trabalho de Mano.


O meia Hernanes comemora um gol pela Lazio durante o último Campeonato Italiano
Riccardo De Luca/AP

"Quando ele pegou [a seleção], teve que fazer uma reformulação, então não é fácil. Com a reformulação, realmente precisa de tempo, mais competições, para poder a equipe ir crescendo e ele também ir crescendo como treinador da seleção. Então realmente ele precisa de mais tempo e mais jogos para poder fazer uma avaliação mais completa".

Nos últimos amistosos contra seleções consideradas grandes, como Argentina, França, Holanda e Alemanha, o treinador acumula três derrotas e um empate. Na Copa América, não passou das quartas de final, ao ser eliminado pelo Paraguai, nos pênaltis.

GREVE NA ITÁLIA

Entrevistado antes da confirmação da greve no futebol italiano, Hernanes disse que não foi consultado sobre o assunto. Sem acordo com a Liga que organiza a Série A italiana pela renovação do convênio coletivo de trabalho, o AIC (Sindicato dos Jogadores de Futebol na Itália, em tradução) confirmou na manhã desta sexta a paralisação.

"Sem a assinatura do contrato coletivo, os jogadores não jogam sábado e domingo", disse o presidente do sindicato, Damiano Tommasi. Dois jogos estavam programados para este sábado: Siena x Fiorentina e Cagliari x Milan.

Tommasi ressaltou, porém, que, com a assinatura imediata do contrato, os atletas estarão prontos para jogarem. "Um minuto depois da assinatura do acordo, nós estamos prontos para jogar", afirmou.