Adílson Batista ainda não estreou no comando do São Paulo, mas muitos torcedores já olham para o novo treinador com desconfiança. Neste sábado, às 18h30, contra o Atlético-GO, no Estádio do Morumbi, ele inicia um novo trabalho com o desafio de apagar a imagem negativa deixada em suas passagens por Corinthians, Santos e Atlético-PR.

Após ser demitido três vezes seguidas, Adílson ganhou uma chance de ouro no São Paulo. Ele era apenas a quinta opção da diretoria: Paulo Autuori, Carlos Bianchi, Dorival Júnior e Dunga tinham a preferência, mas a vaga ficou com o azarão.

Além da responsabilidade por estrear no Tricolor, Adílson também busca quebrar um jejum de 11 partidas sem vitórias no Brasileirão. Pesa, ainda, o bom desempenho do interino Milton Cruz, que conquistou triunfos sobre Cruzeiro e Inter nas últimas rodadas.

Ciente da pressão, o treinador adotou uma nova estratégia para ficar 100% focado no confronto de hoje contra o Dragão: desde segunda-feira, quando foi oficialmente apresentado como técnico do São Paulo, ele não saiu do Centro de Treinamento da Barra Funda.

"Eu ainda não pisei no lado de fora do CT desde segunda. Estou aqui trabalhando, conversando bastante com a comissão técnica, conhecendo os jogadores e assistindo às últimas partidas do São Paulo e do Atlético-GO. O pessoal está me tratando super bem, me sinto em casa aqui", contou Adílson.
empo para trabalhar/ Indagado sobre a melhor forma de conquistar o exigente torcedor são-paulino, o novo treinador pediu tempo para mostrar seu trabalho. "A confiança dos torcedores, vou ganhar com o tempo. Também conto com essa ajuda no início, peço paciência para que, juntos, a gente consiga o objetivo final. Espero ganhar a simpatia deles com o trabalho no campo", disse.

E Adílson já chegou fazendo mistério. Após o treino desta sexta, preferiu não revelar o time titular que entrará em campo hoje no Morumbi. Na cabeça do treinador, a equipe já está escalada, mas ele não contou se pretende promover a estreia do volante Denilson ou se vai optar por um sistema de jogo mais ofensivo, com Marlos na frente.

"Trabalhei as duas situações durante os treinamentos. Também procurei conversar bastante com o Milton Cruz para podermos manter a linha de pensamento que vinha sendo utilizada. Amanhã (sábado), não vamos fugir muito do que vocês estavam acompanhando", comentou o comandante tricolor.

Opinião
Carlos Alencar
Editor-executivo do DIÁRIO

Adílson é vítima do imediatismo
Não concordo com o estigma de perdedor que tentam fazer colar em Adílson Batista. Com exceção da passagem pelo Atlético-PR, que não foi mesmo bem-sucedida, os trabalhos dele no Corinthians e no Santos estão longe de queimar o seu filme.

Não tenho procuração para defendê-lo. Nem acho sua figura das mais simpáticas. Porém, não é correto tratá-lo como um treinador de segunda linha.

Em duas temporadas e meia no comando do Cruzeiro, Adílson foi o oitavo técnico que mais dirigiu o time nos 89 anos de história da Raposa. Além disso, se tornou o treinador mais vitorioso do clube mineiro na Libertadores, com 12 triunfos. Não é pouca coisa.

Adílson passou a ser vítima do imediatismo do futebol no Corinthians. Em 17 jogos, sofreu só seis derrotas. Quando foi convidado a se retirar, deixou a equipe na terceira colocação na tabela do Brasileirão de 2010. Um absurdo!

Mas o passionalismo dos cartolas chegou às raias da loucura no Santos. Amargou apenas uma derrota em 11 jogos (foram cinco empates e cinco vitórias). Ou seja, pagou pelo amadorismo dos dirigentes. Para sua sorte, o São Paulo não ignorou a sua folha corrida.