Eis uma novidade que não é nova nem choca. Desta vez não teve recuo da diretoria, como aconteceu logo após a eliminação na Copa do Brasil. A queda definitiva era bola cantada, questão de tempo, desde o tropeço diante do Avaí e da trombada com Rivaldo. Houve até enrolação demais, pois havia muito seu destino estava decidido no Morumbi. Faltava a oportunidade para que fosse defenestrado mais uma vez - e ela apareceu com as três derrotas recentes no Brasileiro.

Carpegiani estava rifado, dentro do clube e com os torcedores. A desavença com Rivaldo, que soltou o verbo na noite da degola contra o Avaí, nunca foi superada. Ambos selaram paz de fachada, coisa para inglês ver. O campeão do mundo manteve-se amuado o tempo todo e o treinador fingia que pretendia contar com ele, ao colocá-lo no banco ou ao escalá-lo em fins de jogos.



A sequência de cinco vitórias no início do campeonato deu-lhe sobrevida e mascarou divergências. Os vexames contra Corinthians (5 a 0), Botafogo (2 a 0) e Flamengo (1 a 0) serviram de munição para aqueles que o queriam ver pelas costas. Carpegiani não é top na sua função - como a maioria. Não tem currículo de peso como Muricy, Felipão, Luxemburgo, Joel Santana. Está na média do que o mercado oferece. O estilo inquieto muitas vezes serviu para que fizesse boas experiências, da mesma forma que reforçou a imagem de insegurança, de treinador que vacila. Acertou e errou, como fazem seus colegas.

A demissão escancara quanto Carpegiani e a diretoria tricolor estavam à deriva e não se afinavam. O São Paulo se perdeu desde o momento em que demitiu Muricy, então tricampeão brasileiro mas que não conseguia levar o time ao título da Libertadores. As tentativas subsequentes não deram resultado e a prova mais recente de que falta projeto ao clube é a dispensa agora, com o time em baixa porque está dizimado por desfalques. Assim fica fácil livrar-se do fardo.