Terreno em Itaquera
Empreiteira eleva custo da obra do Itaquerão, expõe fragilidade da preparação do evento e amplia as dúvidas sobre participação da capital
São cada vez mais preocupantes as notícias sobre a preparação do país para a Copa de 2014.
As autoridades têm sido pródigas em declarações desencontradas. O que causa maior apreensão, no entanto, são as evidências de que as obras -nas arenas esportivas ou na infraestrutura das cidades- estão atrasadas, vão custar mais do que o previsto e, em muitos casos, não devem ficar prontas em tempo hábil. Um misto de vexame com descalabro.
Tome-se o caso de São Paulo, particularmente delicado. Em reunião sexta-feira na sede do governo do Estado, a construtora Odebrecht anunciou que o custo do estádio do Corinthians, o Itaquerão, está estimado agora em R$ 1,07 bilhão, e não mais em R$ 650 milhões (64,6% mais que o valor inicial). A variação se justificaria pela descoberta de problemas no tipo de terreno onde, supostamente, um dia existirá uma arena.
Apresentado à conta, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) manteve a posição de não comprometer dinheiro público na construção de um estádio privado. Seria absurdo se fizesse diferente. O governo já vai investir R$ 350 milhões em obras do entorno.
Há a suspeita, segundo revelou a Folha, de que o impasse envolvendo o estádio seja parte de manobra do governo federal para levar a abertura da Copa para Brasília e responsabilizar tucanos pela exclusão de São Paulo.
Seria, de fato, muito estranho se a maior cidade do país, aquela que dispõe da infraestrutura mais adequada à realização de um evento desse porte, tivesse participação secundária na Copa do Mundo.
Também é fato que a escolha da arena paulistana esteve desde o início comprometida por interesses pouco republicanos. A CBF vetou o estádio do Morumbi. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ato contínuo, indicou a Odebrecht para construir o estádio do Corinthians, misturando o pessoal, o público e o privado.
O Itaquerão já deverá contar com empréstimo de R$ 400 milhões do BNDES, mas isso não basta para garantir a Copa em São Paulo. Será preciso encontrar a tempo uma solução que não enterre ainda mais dinheiro do contribuinte na empreitada confusa.
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