Robson Fernandjes/Agência Estado/AE

Após protesto violento na frente do CCT da Barra Funda nesta segunda-feira, relacionamento entre torcida e o time do São Paulo piorou de vez


Os ovos e as pipocas atirados contra os jogadores do São Paulo no CCT da Barra Funda foram os últimos ingredientes da fracassada receita do São Paulo para o primeiro semestre de 2011. As quedas no Campeonato Paulista e na Copa do Brasil evidenciaram a fragilidade do Tricolor do Morumbi e, além disso, acabaram de vez com a "lua de mel" com a torcida, até então de “barriga cheia” com três títulos recentes no Brasileirão.
A violência dos protestos da torcida na segunda-feira (16) – com direito a chutes no carro do lateral Jean – e a presença de viaturas de polícia na frente do centro de treinamento eram coisas há muito tempo não vistas no São Paulo. Conclusão: o time começa o Campeonato Brasileiro pressionado.

Em 2011, pelo sexto ano seguido, o time fracassou no Campeonato Paulista, sem conseguir o título que não vem desde 2005. E, de volta à Copa do Brasil, depois de sete anos seguidos disputando a Libertadores, perdeu a chance de conquistar o título pela primeira vez com a derrota por 3 a 1 para o Avaí, na Ressacada.

As faixas trazidas por torcedores, nesta segunda, com os dizeres “time pipoqueiro” e “Brasileiro é obrigação”, deram a medida da pressão que o time de Paulo César Carpegiani terá no início do campeonato nacional. No próximo domingo (22), a equipe estreia no Brasileirão já com clássico tricolor contra o Fluminense, em São Januário.

Fora de campo, o São Paulo também sofreu com diversas turbulências em pouco tempo. A começar pelos problemas de relacionamento de Carpegiani com o elenco – o técnico bateu boca em campo com o atacante Dagoberto, reclamou publicamente do zagueiro Alex Silva, e, após o fiasco diante do Avaí, trocou ataques pela imprensa com o meia Rivaldo, que se disse humilhado na reserva pelo treinador.

Alex Silva foi personagem de outra polêmica, ao reclamar publicamente do presidente Juvenal Juvêncio no Twitter, depois de uma entrevista do cartola dizendo que ele teria inventado uma proposta do futebol português. Juvenal, por sua vez, dividiu as atenções entre o futebol e sua bem-sucedida campanha à reeleição, contestada na Justiça pela oposição por mudanças no estatuto.
O grande reforço do clube para 2011, Luis Fabiano, foi mais um símbolo do fracasso tricolor no primeiro semestre. O atacante nem chegou a estrear, sem conseguir recuperar a contusão que o tirou de ação quando ainda jogava pelo Sevilla. A contratação "bomba" prometida por um dirigente tampouco se concretizou.

Boa notícia para o São Paulo, mesmo, apenas o 100º gol de Rogério Ceni, marcado na vitória por 3 a 1 contra o Corinthians, que ainda por cima ajudou a acabar com um tabu de quatro anos sem vitória no clássico. Nem mesmo o fato de a Fifa rejeitar dois desses gols acabou com a alegria, uma das raras do Tricolor nesse sofrido primeiro semestre.

Carpegiani continua ameaçado

O São Paulo tratou de resolver rapidamente o atrito entre o técnico Carpegiani e o meia Rivaldo, após a troca de farpas na imprensa na mesma noite da eliminação da Copa do Brasil pelo Avaí. Enquanto o jogador de 39 anos ganhou uma multa de 10% em seu salário, o treinador teve de pedir desculpas públicas ao veterano.

Na última sexta-feira (13), Juvenal Juvêncio chegou a admitir que a continuidade de Carpegiani no clube seria complicada. Nesta semana, o discurso mudou na reapresentação do time, e o comandante foi mantido no cargo. Mesmo assim, já se fala nos corredores do São Paulo em nomes como Dorival Júnior (Atlético-MG) e Cuca (Cruzeiro), e a presença do gaúcho no segundo semestre é tratada com ceticismo.