Valdivia é uma das muitas vítimas de lesões nesse começo de temporada (Foto: Eduardo Viana)

O calendário do futebol brasileiro nunca foi unanimidade entre jogadores, comissões técnicas e dirigentes. E com a eliminação em massa dos brasileiros na Copa Libertadores, as críticas chegaram a um nível tão alarmante quanto o risco dos Estaduais às equipes. Pelo menos é essa a opinião dos responsáveis pelo departamento de futebol de grandes clubes do país.

Embora seja unanimidade entre os dirigentes que são necessárias mudanças no calendário do futebol brasileiro, boa parte das críticas caem sobre os Estaduais: o início precoce, logo em janeiro, e a sequência de jogos – sobretudo decisivos –, pois os Estaduais são simultâneos à Copa do Brasil e à Libertadores.

– Com pouco tempo de pré-temporada, uma série de jogos contra equipes menores e viagens dentro e fora do Brasil, fica visível o prejuízo por
conta dos Estaduais – contou ao L! o vice-presidente de futebol do Internacional, Roberto Siegmann, enu-merando os fatores que tornam tais competições as maiores vilãs do calendário do futebol brasileiro.

O diretor de futebol do Atlético-MG, Eduardo Maluf, completou:

– Da maneira como estamos hoje, acaba o Estadual e começa um Brasileiro com jogos às quartas e domingos. Isso atrapalha o time.

Siegmann, assim como Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, vice de futebol do São Paulo, defendem ainda mudanças no regulamento
dos Estaduais, de modo a proporcionar aos grandes clubes a devida preparação na pré-temporada.

Em meio a tantas críticas aos Estaduais, o diretor de futebol do Flamengo, Luiz Augusto Veloso, saiu em defesa das competições:

– É a chance que temos de observar os times de menor investimento e, quem sabe, contratar jogadores.

Calendário em fase de estudos

A CBF confirmou ontem que estuda uma reforma no calendário brasileiro, de maneira a permitir às equipes eliminadas na Libertadores disputarem a Copa do Brasil. Apesar de a entidade ter recusado falar à reportagem do LANCE!, foi confirmado que a hipótese “merece ser aprofundada”.

De acordo com a assessoria de imprensa da CBF, os detalhes referentes às edições futuras da Copa do Brasil serão divulgados apenas no momento certo – que, segundo a entidade, se dará assim que houver uma definição precisa sobre um novo calendário para as competições nacionais.

A entidade estuda há alguns anos uma mudança no calendário das competições. O estopim, no entanto, foi a queda do Corinthians na primeira fase da Copa Libertadores, somada à noite trágica em que o Brasil viu Cruzeiro, Fluminense, Grêmio e Internacional caírem no torneio continental.

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COM A PALAVRA

Paulo Paixão, ex-preparador físico da Seleção Brasileira

"Os Estaduais são sim os grandes vilões da preparação física, assim como dos clubes e também dos grandes craques, que têm praticamente uma obrigatoriedade de entrar em campo, pelo nível técnico. Todos estão vendo o problema do calendário do futebol brasileiro e ninguém toma uma atitude. Espero que as autoridades “competentes” tenham mais cuidado e vejam com mais carinho essa situação. Tomara que não precisemos chegar ao ano da Copa para que algo seja feito nesse sentido. Acho que os grandes clubes deveriam entrar apenas nas fases finais dos Estaduais, seja qual for a fórmula encontrada para isso. Assim, teriam uma pré-temporada mais adequada, coisa que, hoje, não existe no país. A preparação física brasileira tem se subestimado nesse sentido"

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A OPINIÃO DOS DIRIGENTES:

Roberto Frizzo, vice-presidente de futebol do Palmeiras - Sempre achei os regionais importantes, mas, em que medida isso pode ser responsável pelas lesões, não sei dizer. Não acho que sejam tão longos. Os clubes ficarem parados não seria bom também.

Carlos Augusto de Barros e Silva (Leco), vice de futebol do São Paulo - A grande sequência de jogos ocorre graças à organização do futebol brasileiro. Quando se tem muitos campeonatos, então encavala. O atual calendário das competições acarreta prejuízo aos clubes.

Roberto Siegmann, vice-presidente de futebol do Internacional - Os Estaduais são os vilões no Brasil, pois os clubes grandes, enfrentando outros menores, se prejudicam, pois se sujeitam a lesões e ao desgaste de viagens. Precisa-se, pelo menos, de uma pré-temporada adequada.

Antônio Vicente Martins, vice-presidente de futebol do Grêmio - Apesar da mística das rivalidades estaduais, essas competições devem acabar ou não deixar que clubes das séries A e B as disputem. Mesmo assim, esperamos uma proposta nova em termos de calendário.

Eduardo Maluf, diretor de futebol do Atlético-MG - O Brasil precisa rever seus conceitos de calendário. O ideal seria ter o Brasileirão durante todo o ano, junto com a Copa do Brasil. No Mineiro, temos só 15 das 23 datas disponíveis para armar o time para o Nacional.

Luiz Augusto Veloso, diretor de futebol do Flamengo - Os estaduais cumprem o seu papel, mas precisam ser mais adequados ao calendário brasileiro. Os regionais despertam a rivalidade local, mobilizam as torcidas em cada estado. O Estadual tem o seu papel.