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Sérgio Mota: "Quero deixar o São Paulo"

Uma jovem promessa que não conseguiu ainda o seu lugar na equipe.

Em 2007 o São Paulo viu surgir na sua base um garoto diferente. Mesmo aos 17 anos, ele jogava fácil com e contra os meninos mais velhos que participavam da Copinha daquele ano. Tocava a bola com precisão, se posicionava bem, ditava o ritmo da partida quando necessário e colocava os companheiros em boas condições de gol quase toda a vez em que arriscava um lance mais incisivo.

Sérgio Mota passou então a ser observado com atenção por todos os que acompanhavam o futebol de base na época e até mesmo por Muricy Ramalho. Integrado aos profissionais, Sérgio teve pouquíssimas chances naquele ano, mesmo com sua briga por posição sendo com Hugo e Lenílson. Recolocado nos juniores para mais uma Copinha, acabou não indo tão bem e passou mais um ano amargando o CT, pois sequer no banco ficava.

Em 2009 Sérgio foi emprestado para o Toledo junto com um grupo de atletas são paulinos e até o técnico Sérgio Baresi, todos cedidos pelo tricolor ao time do Paraná para a disputa do estadual. Lá Mota teve bons desempenhos, mas nada que lhe garantisse a tão esperada chance no São Paulo. Ofuscado por Oscar e agora também por Lucas, ele garante que só quer uma oportunidade para jogar. No entanto, a desilusão do meia de 21 anos é maior a cada dia que passa, fato que ele revela em entrevista exclusiva concedida ao Olheiros.net:

Olheiros - O Sérgio Baresi chegou à base depois que você já estava com os profissionais e inclusive te dirigiu no Toledo, do Paraná. Como foi a conversa entre vocês depois que ele assumiu o time principal e por que acredita que, mesmo te conhecendo, ele acabou não te dando muitas chances?

Sérgio Mota - No Toledo nós tivemos uma experiência ótima juntos. No entanto, quando ele assumiu o São Paulo havia muitos jogadores de nome no elenco e muita gente que estava de fora e não merecia. Acho que ficou difícil pra ele chegar e colocar a garotada que ele já conhecia. Mas logo o Baresi conversou comigo e pediu pra que eu continuasse trabalhando forte e que a minha oportunidade iria chegar.

Olheiros - Como você analisa o período em que esteve emprestado ao Toledo?

Sérgio Mota - Na época muita gente me perguntou por que em vez de eu ir para Portugal ou para uma equipe menor de São Paulo eu optei pelo Toledo. O fato é que as condições eram muito boas. Eu fui pra lá com o pessoal que eu conhecia da base e pude jogar, aparecer mais e ter as atuações que muita gente esperava.

Olheiros - Em 2010, o São Paulo promoveu e projetou profissionalmente Casemiro, Zé Vítor, Lucas e Lucas Gaúcho, todos campeões da Copa São Paulo. Por que a geração de 2007 não teve esse mesmo espaço?

Sérgio Mota - Não sei. É difícil eu falar, porque podem me interpretar como contra a garotada que veio agora. Não tenho nada contra eles, mas acho que (membros da comissão técnica e diretoria) não estão dando valor pro pessoal que veio antes, o pessoal da minha geração. Acho que faltaram oportunidades. Não adianta colocar o moleque novo em uma, duas ou três partidas e querer que ele já resolva. Pode ser que isso dê certo em alguns casos, mas em geral tem que ser um trabalho contínuo. No meu caso específico, de 18 jogos, no máximo, que eu tenho nos profissionais, acho que em uns 15 eu entrei com o time perdendo o jogo. Nunca me deram a confiança necessária. Oportunidade até deram, mas sempre com jogo faltando cinco ou dez minutos. Isso pra mim não é oportunidade.

Olheiros - O São Paulo notoriamente está procurando por um meia esquerda para o seu time. Você pode ser esse cara em 2011?

Sérgio Mota - Acho que não. Até estou pensando em sair pra jogar em outro lugar, sair pra refrescar a cabeça, respirar novos ares... Já são três anos que me falam "você vai ser o novo camisa 10, você vai ter mais chances". Agora eu vou quase fazer quatro anos nos profissionais e, nesse tempo todo, nunca ninguém demonstrou interesse em me colocar pra jogar. Eu apareci com 17 anos, era uma promessa, agora, com 21, ninguém sabe mais quem eu sou. Ou até sabem e esperavam muita coisa, mas agora não esperam mais.

Olheiros - Você pensa em deixar o São Paulo?

Sérgio Mota - A reapresentação está marcada para o dia 4 de janeiro, mas o meu empresário está negociando para ver se eu consigo um empréstimo. Quero tentar jogar, movimentar meu nome e pegar uma experiência, até pra voltar e me firmar de vez.

Olheiros - Algum clube já demonstrou interesse em contar com você?

Sérgio Mota - Meu empresário não chegou a citar nomes de times, mas deve ser um aqui do Brasil. De fora acredito que não haja nada não.

Olheiros - Te chateia essa situação que você enfrenta no São Paulo?

Sérgio Mota - Só quem tá vivendo é que sabe como é esse momento. Minha família, meus amigos, minha namorada sabem e é com eles que eu consigo desabafar, mas é muito difícil mesmo. Você surge como uma promessa, faz de tudo pra jogar, treina todo dia, batalha, batalha e batalha e nunca tem a oportunidade. Você vê reforços chegando e já jogando, gente que tá machucada voltando e jogando e você não. Você sempre está como opção no banco, mas nunca entra. Vai pro jogo e é cortado. Isso é horrível... Não desejo isso pra ninguém. Mas eu batalhei muito pra chegar até aqui, eu confio em mim e não é isso que vai me vencer agora.

Olheiros - Durante algum tempo se falou que você não ganhava chances porque não se aplicava nos treinos. Tem alguma coisa de verdade nisso? Era implicância do Muricy Ramalho?

Sérgio Mota - Se fosse isso alguém já teria me dado alguma bronca pública, me mandado de volta pra base ou me emprestado. O povo fala demais, o jeito do Muricy era esse mesmo, de gritar, xingar e falar. Já escutei muitos desses comentários, de que faltava vontade, faltava garra pra eu me dar bem... Mas se a gente for ver, de 25 atletas de um elenco, quantos treinam 100% todo o tempo? Poucos. E não é por isso que os que não treinam 100% não jogam. Por que que eu não jogo também? Não vou mentir, não é todo dia que eu treino super-bem, não sou perfeito. Mas, para mim, esse papo de falta de vontade e que eu não jogo por causa disso é boato só.

Olheiros - Janeiro já está aí e teremos mais uma Copinha. Quais as principais lembranças que você tem da Taça São Paulo de 2007, quando o São Paulo foi vice-campeão e você foi o principal nome do time?

Sérgio Mota - Foi a fase mais importante da minha carreira até agora. Eu tinha acabado de subir dos juvenis e tive a oportunidade de também fazer um grande campeonato. Ser vice-campeão foi muito doloroso, especialmente porque eu fiquei de fora do último jogo (NR: Mota estava suspenso). Acho que se eu tivesse lá dentro não seria tão sofrido como foi. Mesmo assim, só tenho lembranças boas, tanto pelo campeonato, quanto pelos amigos. O Bruno (César) por exemplo... Até hoje a gente conversa.

Olheiros - Em 2008 o São Paulo caiu nas semifinais e você estava lá, na sua segunda participação. Havia muita diferença entre aquelas duas equipes?

Sérgio Mota - Era um time totalmente diferente e eu também já não não tinha tanto entrosado com eles, uma vez que estava no profissional. Mesmo assim eu pedi pra jogar e nós até que fomos bem, mas nas semifinais o Figueirense foi mais efetivo e saiu com a vitória.

Olheiros - Você projeta uma convocação para a Olimpíada de 2012? Ainda há tempo para isso?

Sérgio Mota - Acho que dá sim. Tem muito chão ainda e ninguém sabe o dia de amanhã. Eu posso estar em outro time, jogando, e tudo mudar. Eu estou com 21 anos e pra mim o mais importante é seguir com garra até lá. Seguir trabalhando a cada dia. Primeiro reencontrar meu talento, reencontrar meu futebol e depois procurar alcançar meus objetivos.

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