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Silas: 'Se for para o São Paulo, quero chegar e ficar'

Nesta entrevista exclusiva ao LANCENET!, o treinador fala sobre passagem pelo Rubro-Negro e as afinidades com o Tricolor paulista, clube que o revelou e para onde pretende voltar no futuro

Uma das revelações da geração que inclui Dorival Júnior e Renato Gaúcho, Silas passou de melhor técnico da Série B, em 2008, e segundo da Série A, ano passado, para desempregado depois de ser demitido por Grêmio e Flamengo em 2010.

A passagem-relâmpago pelo Flamengo ainda assombra o treinador: em apenas 31 dias, Silas teve de lidar com os efeitos da prisão do goleiro e capitão Bruno e a crise política que culminaria no pedido de demissão de Zico e na derrocada do hexacampeão Flamengo no Brasileirão.

Mais tranquilo, ele recebeu a equipe de reportagem do LANCENET! na sua casa, em um condomínio fechado de Valinhos, na tarde de uma segunda-feira, um dia depois de Flamengo e Avaí terem escapado do rebaixamento no Brasileirão.

Desempregado “por opção”, ele curte a família (a mulher e os três filhos), pesca com amigos que o visitam no lago ao lado de casa – onde foi tirada a foto acima – e viaja a Campinas sempre que possível para rever os amigos.

Silas falou, também, sobre o clube que o projetou para o futebol nacional, e para onde, um dia, ele pretende voltar, agora como treinador:

- Eles me amam lá. Se eu for para o São Paulo um dia, quero chegar e ficar.

Para 2011, afirma que tem cinco ou seis propostas, mas nenhuma delas o seduziu ainda. Silas pretende começar um trabalho do zero, com tempo para montar sua equipe. Quer evitar “pegar o bonde andando”, como aconteceu no Fla.

Confira a entrevista com Silas:

LANCENET!: O não rebaixamento do Flamengo deixou você aliviado?
Em princípio, dá um alívio. Participei pouco, foram dez jogos, mas, logicamente, o técnico tem parcela em tudo, quando ganha ou quando perde. Fiquei feliz pelos jogadores porque é um grupo maravilhoso. Não diria que fiquei aliviado porque vi que o problema não era eu. Luxemburgo sofreu como eu, com 50 anos mais de experiência. É um trabalho, a diretoria também caminha junto. Mas fico contente porque o clube viveu um ano muito atribulado lá.


L!NET: Até que ponto o caso Bruno afetou o grupo?
No meu trabalho não afetou em nada. Mas afetou na auto-estima do clube, do torcedor... Foi um baque grande no trabalho. Eu diria que o fator Zico também contribuiu para a tristeza, a saída dele... E acho que a questão do Bruno ainda não foi resolvida. Ninguém sabe a realidade do que aconteceu, não acharam o corpo da menina, esse suspense, esse mistério deixa todo mundo intrigado.


L!NET: E os jogadores...
Muito porque os caras são seres-humanos, gostavam muito dele. Mas foi muito rápido. Foi intenso demais! Dez jogos em 30 dias. Não tem como respirar. No Flamengo, então, é pior ainda. Mas fui tratado da melhor maneira possível, pela (presidente) Patrícia (Amorim), pelo Zico, pelos jogadores, pelo pessoal de apoio... Existia esse problema político que afetava o Flamengo de forma macro.


L!NET: Tecnicamente o time também foi muito mal (uma vitória, seis empates e três derrotas)...
Mas, por exemplo, qual era minha função como comandante? Tínhamos um grupo de 40 jogadores. Primeiro, era separar o grupo. Os jogadores que chegaram estavam com deficiência física. Precisávamos condicionar esses jogadores, mas tínhamos só 20 rodadas para isso, numa época em que você tem de fazer só o simples... Luxemburgo pegou jogo de sábado e sábado, eu não peguei. Peguei jogo de quarta, domingo, terça, quinta... Foi muito apertado para a gente nesse mês.


L!NET: Teme ficar marcado como técnico que põe a culpa nos atletas depois do episódio com Jean?
Não, porque foi explicado. O que falei deu margem para o repórter ter essa interpretação. O conteúdo não tem nada a ver com isso. O centro era: se pudesse, queria ajudar mais, mas não podia. Quis dizer que não entro em campo, não faço gol a favor nem contra. E numa entrevista você tem de resumir... Foi um acidente. No outro dia, conversei com Jean e ele disse: “Professor, quando dei a entrevista no aeroporto, já me arrependi. Porque amigos meus e seus disseram: ‘Conheço o Silas! Não foi nada disso o que ele quis dizer.’” Pedi desculpa porque dei margem para interpretação. E não foi isso o que causou a saída do clube.
Nota da redação: Após o 1 a 1 com o Goiás, no qual Jean fez gol contra, Silas disse que ele não entra em campo, não faz gol a favor nem contra.

L!NET: Você se arrepende de ter aceitado o convite do Flamengo?
Não! Como você vai falar não para o Flamengo? Quem é louco? No meu caso, não seria louco de falar não para o Zico. Ele veio na minha casa. Jogamos juntos, somos amigos. E se achasse que podia comprometê-lo, diria “não vou porque posso comprometer você.” Mas falei na hora: “Vamos! Estamos juntos!”


L!NET: Melhor técnico da Série B, em 2008, segundo da Série A, em 2009, você termina o ano sem clube. Como vê essa mudança?
Acredito que aconteceu graças à cultura do futebol brasileiro. Quantos treinadores estão sem trabalhar agora? O melhor da Série A em 2009, Andrade, caiu para a Série C com o Brasiliense. Ney Franco caiu com o Coritiba (em 2009) e, neste ano, subiu e foi campeão. Faz parte. Tem de estar preparado porque não é vergonha cair. Vergonha é não trabalhar, ser omisso, se meter num negócio que não sabe. Mas julgo que o ano foi vitorioso. Quem foi campeão (gaúcho) não pode achar que foi ruim. O problema é que a última impressão é a que fica. A última do Silas foi a do segundo semestre.


L!NET: Como está sua vida hoje?
Estou desempregado por opção. Quando terminei com o Flamengo, o Atlético-PR me ligou, já que Carpegiani estava indo para o São Paulo. O Vitória também... Muitos clubes ligaram. Mas decidi não ir porque foram quatro anos muito intensos. Vou aproveitar para ficar com a família e me preparar. Acho que, infelizmente, a gente sacrifica a família e não dá tempo de fazer nada. Então, tirei meu visto americano, fiz reciclagem de motorista, estou tirando a cidadania italiana do meu filho (de 20 anos, que joga pelo Rio Claro), o de 13 anos joga no São Paulo, quero ficar com ele, encaminhá-lo...


L!NET: Qual sua relação com o São Paulo hoje? Porque comentou-se que podia ir para o clube...
Muitas pessoas do São Paulo me queriam lá. Juvenal não, por questão de experiência. O São Paulo é muito grande, pisa firme. Eles me amam lá, inclusive Juvenal, mas não ia me levar para me queimar. Se eu for para o São Paulo um dia, quero chegar e ficar. No Corinthians, chegar e ficar. Não quero bater e sair. E quando digo São Paulo, digo todos os clubes. O Palmeiras também! Porque não tenho bandeira por baixo.


L!NET: Seu filho (de 13 anos) já fica nos alojamentos do clube?
Minha mulher não deixa. Três vezes por semana ele treina. A partir do sub-15, já pode ficar lá.

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