Com o fim do Campeonato Brasileiro, chegaram as tão sonhadas férias para os jogadores de todo o Brasil. Muitos viajam, outros disputam as tradicionais peladas de fim de ano. Mas, para o lateral-esquerdo Junior Cesar, do São Paulo, a moleza está longe de começar. Em recuperação de uma grave lesão no tendão de Aquiles do pé esquerdo, sofrida em setembro, o jogador dedica quatro horas do seu dia a sessões de fisioterapia e fortalecimento muscular no Reffis, sempre sob supervisão do fisioterapeuta Ricardo Sassaki. Mas o camisa 6 não reclama:

Junior César nao tem moleza em um dos aparelhos do Reffis (Foto: Marcelo Prado / Globoesporte.com)

- Meus companheiros hoje já estão na praia, na vida boa, jogando uma pelada, mas tudo bem. Eu tenho ficar aqui e correr atrás do tempo perdido. Todo dia são quatro horas de tratamento, menos aos domingos. E vou continuar assim até o dia 18. Estou feliz porque a recuperação está excelente. Quero acelerar o que puder para voltar o quanto antes para ajudar meus companheiros – afirmou o jogador, que recebeu a reportagem do GLOBOESPORTE.COM no Reffis do CT da Barra Funda.

Junior Cesar sofre com a marcação de Sassaki, que fala o tempo todo com o camisa 6, seja para alternar exercícios, seja para diminuir ou aumentar uma sessão. E o fisioterapeuta confessa: precisa segurar o ímpeto do camisa 6.

- Ele está superbem. No caso dele, o que ajuda demais na recuperação é o seu biotipo, ele não tem problema de ganhar peso. O que ele podia antecipar nessa parte da recuperação, ele conseguiu. Agora não posso forçar mais nada, porque estamos no processo de cicatrização do tendão. Só quando ele retornar em janeiro é que poderemos mudar para um novo processo, este já trabalhando situações de campo – afirmou Sassaki.

Mas Junior Cesar tem paciência de sobra. Na entrevista abaixo, ele conta da sua rotina longe dos gramados, fala sobre a má campanha do Tricolor em 2010 e ainda abre as portas para o lateral-esquerdo Juan, do Flamengo, que é um dos alvos da diretoria para a próxima temporada. Acompanhe abaixo:

Como está sua recuperação? Como faz para acordar todos os dias nas férias e vir ao Reffis fazer tratamento?

Está tudo muito bem. Eu não tenho escolha. Se quero voltar bem o ano que vem e brigar novamente pelo meu espaço, tenho de me dedicar agora. São quatro horas por dia e sempre trabalho com alegria, o pessoal aqui do Reffis é fantástico. E tenho a companhia do Bosco (goleiro, que se recupera de lesão no joelho). Tenho certeza de que logo estarei de volta para ajudar meus companheiros.

Qual foi a pior parte dessa lesão?

Sem dúvida, as primeiras três semanas. Eu nunca havia me machucado com tamanha gravidade na carreira. E, de repente, quando operei, me vi preso em casa sem poder fazer nada. Era repouso absoluto, com o pé para cima. Não podia nem sair para ir ao restaurante ou ao shopping. Em muitos dias, o Sassaki teve de pegar no meu pé porque eu queria colocar o pé no chão. Mas, felizmente esse processo passou e eu logo pude vir para o CT para fazer tratamento. E aí você anima porque seus companheiros te dão força o tempo todo.

E o que você fazia nesse período?

Além de assistir muitos filmes, coisa que gosto bastante, aproveitei para ser comentarista de futebol. Assisti a tudo quanto é jogo do Campeonato Brasileiro, sempre dando mais atenção aos jogos do São Paulo. E confesso, sofri demais. Era uma época em que o time não estava bem no Campeonato Brasileiro e queria estar em campo para ajudar, mas não tinha como. Fiquei triste mesmo, chateado. Mas, como disse antes, foi uma etapa que passou, agora é só pensar positivo porque sei que logo estarei de volta.

E quem segurou as pontas em casa?

Rapaz, vou te dizer uma coisa. Minha mulher (Neuzimar) foi fundamental. Ela conseguiu me aguentar (risos). Fui uma verdadeira mala. Agora, falando sério, ela foi o meu ponto de equilíbrio porque não foi uma situação fácil. Também aproveitei o tempo para curtir minha filha Julia, de três anos, que fará aniversário agora no final do ano.

E para 2011, você sabe que terá outra batalha pela frente, já que diretoria avisou que contratará um outro lateral-esquerdo. Como está encarando isso?

Eu já esperava por isso, até pelo prazo da minha recuperação. Só vou ter condições de jogar no final de fevereiro ou março. Não adianta pensar nisso agora. Agora, minha cabeça está voltada apenas para a recuperação. Lá na frente, eu vou procurar disputar a posição com quem vier. No São Paulo, as coisas sempre foram muito justas. Quem está melhor, atua. Mas vou voltar voando porque sei que não fomos bem em 2010. E estamos cientes do que precisamos fazer em 2011. A torcida vai cobrar e a precisará ser um ano repleto de títulos.

Um dos alvos da diretoria para a posição é o Juan, que está no Flamengo. Como vê esse nome?

Ele é um grande amigo, já o enfrentei várias vezes quando estava no Fluminense. É um grande jogador, gente boa demais. Se vier, vai reforçar demais o nosso elenco.

Já que o São Paulo terminou o ano sem conquistar, você pode dizer que ficou feliz pelo título do Fluminense?

Sem dúvida. Se hoje estou no São Paulo, é por tudo que fiz no Fluminense, que foi o clube que me projetou no futebol brasileiro. E o clube já havia perdido outros títulos por detalhes. Em 2008, deixamos de ganhar a Taça Libertadores da América. No ano passado, se eu não estiver enganado, eles perderam a final da Copa Sul Americana. O Fluminense mereceu a conquista do título brasileiro.