publicidade

Carpegiani exclusivo: 'A Libertadores é meu xodó, adoro, eu quero!'

Em entrevista exclusiva ao LANCENET!, comandante não aliviou nas respostas


Carpegiani no treino do São Paulo (Crédito: Tom Dib)

Neste domingo, Carpegiani completa 21 dias à frente do São Paulo, na volta ao clube pelo qual trabalhou em 1999. O pouco tempo no comando, no entanto, não o impediu de dar nova cara ao time, resgatar o futebol de alguns jogadores, como Carlinhos Paraíba e Dagoberto, e, principalmente, voltar ao grupo dos que brigam por uma vaga na Libertadores.

A competição, aliás, se é obsessão do clube, é também o xodó do comandante. Ele a conquistou em 1981, com o Flamengo de Zico, em seu primeiro trabalho como treinador. A decisão contra o Cobreloa (CHI), inclusive, foi um dos assuntos desta entrevista com o técnico, a primeira exclusiva depois de seu reencontro com o clube.

Em quase uma hora de bate-papo, Carpegiani não fugiu de nenhuma pergunta, deu explicações didáticas sobre sua forma de trabalhar e falou, é claro, sobre o anseio por conquistas, principalmente da Libertadores, seu xodó.

E, para alcançá-la, tenta neste domingo, às 16h, contra o Ceará, no Castelão, com transmissão em tempo real pelo LANCENET!, a quarta vitória consecutiva no Brasileirão, sequência inédita para o clube na competição deste ano.

Mas antes, ele falou com o LANCENET! e você confere a seguir os principais trechos da entrevista.

É possível dizer que você voltou para conquistar o título que não veio em 1999, em sua primeira passagem pelo clube?

Relembrando aquele ano, fizemos um campeonato excepcional. Falaram que meus números eram melhores do que o de Telê Santana. Tínhamos uma diferença brutal para os demais. Mas jogamos contra o Corinthians e perdemos. Houve uma supremacia grande, talvez faltou um pouco de cautela no 4 a 0, mas passou. No Brasileirão, infelizmente, encontramos eles novamente. As coisas aconteceram. Acho que não vim para completar. Vim para ser campeão e gostaria muito que isso acontecesse.

Neste caso, como vê o desejo do clube pela Libertadores?

Adoro. É o xodó de todo mundo. Quem diz que não vai atrás dela está mentindo. Sempre dei preferência para a Libertadores. Adoro, é meu xodó, eu quero!

Na decisão de 1981, pelo Flamengo, contra o Cobreloa (CHI), você pediu para alguns jogadores baterem. Acha que ainda é preciso usar este tipo de artifício?

Os jogadores deles tinham pedras na mão, davam pontapé e pipocamos muito. Como Lico não jogou, tinha de montar um time para o terceiro jogo. E fomos muito defensivos, jogamos com o time dentro do gol no segundo. Não gosto, fico puto. Coloquei Nei de lateral, Leandro e Andrade no meio e Adílio na esquerda. E as críticas caíram em cima de mim, diziam que não podia ter mexido no time assim. Mas fiz consciente. Leandro foi a melhor figura, depois de Zico, no meio. Faltando quatro, cinco minutos (neste momento, o técnico se utiliza do chão para explicar como aconteceu a cena) um jogador da equipe deles deu um soco e todos queriam entrar. Chamei Anselmo, falei que não dava tempo de aquecer e mandei dar no meio dos caras e sair. E ele deu no meio e correu para o outro lado, fechou o pau. Depois, eu disse em entrevista que tinha mandado bater. Fui suspenso. Talvez não fizesse isso hoje, mas, fiz. Foi uma atitude errada.

E qual time mais o influenciou: esse Flamengo ou o Internacional da década de 70, tricampeão brasileiro, e pelo qual você atuou?

O Flamengo que eu tinha era um sistema normal de quatro na defesa, o 4-2-3-1, há 29 anos. Tem técnico que fala que estão copiando este esquema dele. É de time grande, mas não de São Paulo (risos). E eu formava o time com Andrade e Adílio no meio. Lico, Tita e Zico, em linha de três, com Nunes na frente. Já tinha isso faz tempo, mas falam que estão fazendo agora. Não me apego muito a esquema, mas ao posicionamento, o que vai ser feito. Pode se ter um esquema maravilhoso, mas sem jogadores que executem.

Mas seu time hoje joga em um 4-4-2 ou 4-3-3?

São variadas posições. Não mexi na frente, tento não mexer. O meio, com um mais marcador. Gosto com quatro atrás, mas muitas vezes joguei com três zagueiros. Hoje, tenho uma zaga disfarçada. Renato Silva é um zagueiro, vai ter a mesma função do lateral, mas com segurança. Ele não apoia, não é característica dele. Para que o time funcione, tenho um agudo, que é Lucas, na frente dele. Do outro lado tenho um jogador que ataca. Não dá tempo de Diogo chegar na jogada e Fernandinho já ataca. Tenho de deixar mais ou menos equilibrado. O ideal seria Ilsinho, com os zagueiros do outro lado. Ele e Lucas casam bem, assim como Jean.

Sente falta de um jogador criativo, como você era, no meio de campo?

O meio é o coração do time, tenho de ter uma atenção especial. Se você não tem um bom meio, vai jogar no contra-taque. Tinha de formar um time rapidamente, que precisava vencer e por isso estou apostando na velocidade. No Atlético-PR era assim. No São Paulo, a cobrança é para ganhar. Formei um time, que me deu a resposta e estou mantendo. Posso não ter certa peça importante, mas estou satisfeito.

Pensa em pedir a contratação de um jogador com características de armador para 2011?

Temos de buscar sempre o grande jogador, mas não quero ser deselegante e falar em parte do time. Mas, lógico, existem posições carentes. Gosto de ser agressivo, jogar para cima. E se encontro jogadores que podem fazer a função e chegar com velocidade, vou fazer.

Como está o planejamento para o ano que vem? O presidente Juvenal Juvêncio e você já conversaram sobre isso, né?

Eu disse a Juvenal que teríamos de conversar e ver. Alguns jogadores estão com contrato terminando e queremos que permaneçam. A preocupação é manter e melhorar o time, aliado à meninada. Hoje estou falando com vocês, mas tenho contrato até 2011, então tenho de ter preocupação na frente. Já tem alguns nomes da base que vou olhar. É natural que não fiquem alguns ao fim do campeonato e venham outros. Temos de fazer isso bem.

E como planejar isso?

É dar uma olhada na base. Eu falo muito, não faço nada sem falar com meus jogadores. Conversei com cada um e quase todo o elenco para formar a parte de trás. Não perco tempo. O jogo-treino com o São Bernardo fiz para um benefício, além de colocá-los para jogar. Queria ver Ilsinho, que está fora de forma, mas vi que não dava com Diogo.

De quais atletas já pediu renovação de contrato? (Os vínculos de Jorge Wagner, Ricardo Oliveira, Bosco e Richarlyson vencem no fim do ano).

Não quero falar. É delicado. Sei por vocês, tenho visto os contratos. Não leio os jornais, mas vejo muita internet. Existe uma preocupação com coisas que temos de solucionar agora, os mais urgentes. Ricardo, que acaba o contrato. Queria que ele ficasse, só um exemplo. Mas só para ver que já estamos pensando. Vamos procurar melhorar.

Por que não gosta de ser chamado de professor se você sempre está dando dicas, falando, conversando com os atletas?

Estou ganhando tempo, depois não vão precisar mais de mim (risos). Não estudei para ser professor de futebol, acho feio. Prefiro coach (treinador em inglês), treinador, não sou melhor ou pior. Professor de futebol não existe.

Está readaptado a São Paulo?

Não gostava de São Paulo, passava de Porto Alegre para o Rio de Janeiro direto. Mas adorei São Paulo em 1999. Aqui é o centro de tudo e adoro, entendi porque existe o orgulho de ser paulista. Não é média, adoro mesmo. E o clube se estruturou, está mais organizado, definido. Eu tinha um CT como este, aliás, que era mais bonito do que este (apontando para um dos campos do CT da Barra Funda). Já o de Cotia acho que não tem outro no mundo.

Falei mais deste seu CT.

Tinha alguns meninos treinando lá, era no Rio Grande do Sul. Thiago Silva, hoje titular da Seleção Brasileira, treinou com a gente. Naldo, Ederson, da Seleção, todos de lá. Copiei o que vi na França, na Copa do Mundo de 1998, e aqui no São Paulo. Agora está superado. Era bem mais completo em algumas coisas do que este. Mas tive problemas. Para mim vale mais a palavra do que qualquer coisa. Comprei as terras e não consegui mais construir. Demorei quatro anos. Era um sonho. Comecei em janeiro de 2001 e fechamos em 2005. Empresários pegaram os atletas e colocaram nos clubes.

Se não fosse o São Paulo que fizesse a proposta, teria saído do Atlético-PR mesmo assim?

Tive convites daqui e de fora do país, para ganhar muito mais, mas não quis. Queria dar um tempo, uma assistência para a família no fim do ano e o pessoal do Atlético-PR sabia. Fui malhado lá por isso. Mas teve o convite do São Paulo, me cativou, não dava para recusar e falei com a minha família. Falei com o pessoal do Atlético, que precisava saber. Avisei a comissão técnica. Expliquei como estava sendo feito. A torcida, não, porque tenho de ver o lado profissional das propostas.

Acha que o Atlético-PR ficou magoado com você?


Estive no Atlético-PR em 2001, início de temporada, fiz um primeiro turno bom no Paranaense. Na minha saída, a diretoria perguntou do Alessandro, hoje no Botafogo, sobre quais referências dei para (Emerson) Leão, na Seleção. Dei as melhores. Além disso, do ponta esquerda ao goleiro, com exceção de um zagueiro, fui eu que montei o time campeão brasileiro. A diretoria começou a me perguntar sobre jogadores, porque os empresário tinham muito interesse. Por que não joga? Porque vivia na noite. Dou muita importância para isso. Se beber, vai para a noite, está fora. Pedi para sair, pedi demissão. Avisei na hora e fui para o programa de TV, onde dei a notícia. Agora, contra o Atlético, na semana que vem (quinta-feira o São Paulo enfrenta o Furacão, na Arena Barueri), vou enfrentar dois treinadores. Eu mesmo e Sérgio Soares. Serão dois contra um, mas temos de ganhar (risos).

VEJA TAMBÉM
- Veja a provável escalação do Tricolor para o jogo de hoje
- Veja como assistir Águia de Marabá vs São Paulo ao vivo
- São Paulo e Palmeiras empatam sem gols em clássico ruim no MorumBis


Receba em primeira mão as notícias do Tricolor, entre no nosso canal do Whatsapp


Avalie esta notícia: 6 0

Comentários (5)

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui.
  • publicidade
  • publicidade
  • + Comentadas Fórum

  • publicidade
  • Fórum

  • Próximo jogo - Copa do Brasil

    Qui - 19:30 - Estadual Jornalista Edgar Augusto Proença -
    Águia De Marabá
    Águia De Marabá
    São Paulo
    São Paulo

    Último jogo - Brasileiro

    Seg - 20:00 -
    images/icon-spfc.png
    São Paulo
    0 0
    X
    Palmeiras
    Palmeiras
    Calendário Completo
  • publicidade
  • + Lidas

  • publicidade