Boa parte dos torcedores do São Paulo que vibraram com o time na década de 80 tem como principal ídolo Antonio de Oliveira Filho. Mais conhecido como Careca, o centroavante fez história no Morumbi e foi responsável direto pelo título Brasileiro de 1986. Poucos sabem, porém, é que o coração do atacante bate por outro clube.

Filho de Oliveira, um ex-jogador do BAC, de Bauru, o atacante cresceu com o sonho de defender as cores do Santos, justamente o rival do Tricolor, neste domingo, às 18h30, no Morumbi.

"Para mim, é uma coisa natural. Meu pai jogou com o Dondinho (o pai de Pelé). Daí veio a paixão pelo Santos", explica o craque, de 50 anos.

Para esquentar ainda mais o amor do ídolo tricolor, o Santos tem em seu elenco jogadores que, com um futebol vistoso, encantam o antigo dono da camisa 9 do São Paulo.

"Gosto de apreciar o bom futebol, independentemente de qual seja o time. O Santos vive um momento bom, de ascensão, com grandes jogadores, como o Neymar", analisa Careca, que também vê qualidades no Tricolor. "O São Paulo tenta se arrumar. Espero que consiga se acertar logo."

Até o momento, o ídolo ainda não decidiu vai ver o clássico no Morumbi. Mas, de qualquer maneira, confessa ficar um pouco dividido. "Não sou muito de torcer. No São Paulo, eu vivi e trabalhei. Tenho minha história cravada no clube e o respeito de toda a nação são-paulina. Enfim, torço para que os dois times estejam sempre bem e que vença o melhor. Hoje, não tem um favorito", afirma.

Algoz /No Tricolor de 1983 a 87, Careca marcou época. Disputou 191 partidas e marcou 115 gols. Ao lado dos Menudos do Morumbi, conquistou os títulos do Campeonato Paulista de 1985 e do Brasileirão de 1986. O retrospecto contra o Santos também é positivo. No nacional, são duas vitórias, um empate e nenhuma derrota.

"Sou meio ruim de memória, então não lembro de muitos jogos. Mas recordo de uma partida de 1986 contra o Santos (pelo Paulistão) que jogamos bem e eu marquei um gol", diz Careca, que fez questão de encerrar a carreira no Peixe. "Foi uma emoção muito grande, um sonho realizado. Tive bastante orgulho de, aos 37 anos, vestir a camisa do Santos."
As principais memórias do ex-jogador, no entanto, são da época em que ele ainda era um garoto, em Araraquara, e vibrava com o Santos.

"Lembro bem de jogos do meu tempo de moleque. Sempre assistia ao Santos, que era show de bola naquela época do Edu na ponta esquerda. Gostava demais também do Coutinho, que jogava em um espaço curto. Enfim, eram tantos jogadores que passaram por ali...", suspira o craque.