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Fernandão: 'Torci pelo São Paulo no Mundial de 92'

Em entrevista exclusiva ao LANCENET!, novo atacante do Tricolor revela sua admiração por Raí

"Eu já torci pra c..., confiei pra c... nos meus ídolos quando entravam em campo porque sabia o que eles iam fazer. Essa confiança, milhões de pessoas depositam na gente hoje!”

Foi assim que o então capitão do Internacional, Fernandão, motivou a equipe antes da vitória por 1 a 0 sobre o Barcelona (ESP), na final do Mundial da Fifa em 2006.

O que poucos sabem é de onde surgiu a inspiração do atacante.

Do São Paulo. De Raí. Do título tricolor conquistado em 1992 sobre o mesmo Barcelona com dois gols do antigo capitão. Na época com 14 anos, e cheio de familiares são-paulinos, Fernandão sofreu durante a vitória por 2 a 1. E iniciou sua obsessão por conquistar, futuramente, o mesmo título.

– Vi a mobilização do país inteiro pelo São Paulo e sentia toda aquela vibração e expectativa em relação ao Raí. Torci como se fosse são-paulino desde criancinha, ele entrou em campo e resolveu. Essa palestra do Mundial foi por causa do Raí.

Restam cinco partidas para Fernandão unir as duas coisas. Disputar a competição da Fifa com a camisa do Tricolor. Após a ótima impressão deixada na vitória sobre o Cruzeiro, o camisa 15 atendeu a reportagem do LANCENET! com exclusividade após o treino da última sexta-feira, no CT da Barra Funda.

Além da admiração por Raí, falou da carreira, de dinheiro, de Copa do Mundo, deu detalhes da negociação que o levou ao Morumbi e, torcedor de Goiás e Internacional, possível adversário na semifinal da Libertadores, assegurou à torcida:

– Sempre respeitei e vou aprender a amar o São Paulo também.

Confira os principais momentos do agradável bate-papo com o F-15:

Tem noção de que pode ficar marcado para sempre no São Paulo com apenas seis jogos e o título da Libertadores?
Tenho. Por isso aceitei o desafio. Muitos já ganharam a competição no São Paulo e estão eternizados. É minha chance, a dos que nunca venceram e de quem já ganhou, como o Rogério, continuar a sina de vitórias. Sou empenhado porque nossa carreira é curta. Muita gente acha que o futebol é chegar, jogar, ganhar dinheiro e ir embora. Mas o que fica são as conquistas. O dinheiro você duplica, triplica ou perde tudo. Mas seu nome da História do clube ninguém tira. Daqui a cem anos vão se lembrar.

É difícil fazer com que os outros jogadores pensem dessa maneira no futebol?
No Brasil, qualquer garoto quer ser jogador de futebol para ter um carro bonito, ganhar dinheiro, uma namorada bonita. E quem ganha sabe a grandeza de conquistar algo. Tem jogador que passa a carreira inteira, ganha muito dinheiro e não conquista nada. Quem ganha quer ganhar sempre. No São Paulo você sente isso ao passar pelo portão. Aqui tem muita História.

Você já se declarou um torcedor do Inter. Disputar a semifinal da Libertadores contra eles causaria algum desconforto?
Passei quatro anos intensos no Inter e depois um ano complicado no Qatar. Não vim para São Paulo em 2009 por causa dos meus filhos (Enzo e Eloá, de sete anos). Em Porto Alegre, tinha boa casa, boa escola, estavam fazendo amigos. Ficamos um ano no Qatar e eles não podiam sair por causa do calor. Eram 24 horas trancados, ar condicionado e video game, sem amigos. Minha filha teve depressão e fiquei preocupado. Se voltasse para um lugar que minha família se sentisse presa, causaria um problema difícil. A questão passional estava acima da racional. Tenho um carinho enorme por Inter e Goiás, mas espero que o melhor momento da minha carreira esteja por vir no São Paulo. Respeito bastante o clube, vou aprender a amar também porque as coisas aqui funcionam da maneira que eu penso.

Todos falam que o São Paulo é diferenciado. Você já conseguiu reparar onde estão as diferenças?
A estrutura fenomenal, o profissionalismo: assessoria de imprensa, departamento médico, fisioterapia, um lado que não se encontra de maneira tão intensa em outros clubes. O São Paulo tem algo importante que é não deixar vazar nada. As coisas acontecem e ficam aqui.

Então não é que o São Paulo não tenha problemas, apenas resolve de forma mais eficiente?
Todo lugar tem problemas, mas o que é grande em outros lugares, aqui é pequeno. O clube é acostumado a vencer. Cheguei e me senti em casa, fui muito bem tratado, o respeito pelo jogador é incrível.

Você interveio na negociação? Porque ela quase melou...
Entre eu e o São Paulo estava tudo certo desde agosto do ano passado. Era uma questão entre os clubes e, no último dia, liguei para o Edminho (Edmo Pinheiro, conselheiro do Goiás) e falei: o único clube que me interessa no Brasil é o São Paulo. Seria uma falta de respeito muito grande dizer ao São Paulo que vou para outro lugar porque deram mil reais a mais ao Goiás. Minha vinda estava clara e definida, só queria que fosse bom para todos.

Na final do Mundial contra o Barcelona, você fala aos jogadores antes da partida que confiou nos seus ídolos e eles não o decepcionaram. Quem são esses ídolos?
O Mundial é um momento mágico e quando eu era adolescente, o São Paulo ganhou. Meu grande ídolo era o Zico, mas a palestra do Mundial foi por causa do Raí, com toda sua imponência, um cara grande, forte, aquela elegância para jogar. Eu não era são-paulino desde criancinha, mas torci como se fosse. Olhava e dizia: o São Paulo tem o Raí, assim como em 93 tinha Leonardo, Toninho Cerezo, Muller... Toda magia em torno dos ídolos.

Você se compara ao Raí?
No futebol, não. Porque ele foi diferenciado. Quando cheguei ao Olympique de Marselha (FRA), tive dificuldades nos primeiros seis meses. Os caras só jogavam bola por cima para eu desviar, parecia que não sabia jogar por baixo. E depois as coisas fluíram, assim como aconteceu com o Raí. Guardei um jornal que dizia: “Nando, o Raí de Marselha”. Ele era referência na França, foi ídolo do PSG por anos.

Qual sua formação escolar? Você mostra ter um conhecimento raro entre os jogadores.
Fiz até o segundo grau. Venho de uma família de classe média, sempre estudei em bons colégios e até onde pude fui bom aluno. Eu me tornei profissional muito cedo e sofri um pouco em relação aos estudos. Há uma frase do Marcel Desailly (ex-zagueiro francês): “Quando um jogador conquista algo e se acomoda, para por ali. Se pensar grande, tem de continuar a buscar objetivos.” Por isso sempre penso em vencer, para que o título do passado não seja o melhor.

Andrés Sanchez disse que você não jogaria no Corinthians enquanto ele for o presidente em razão do rebaixamento de 2007. Ele o acusa de facilitar o jogo para o Goiás. E você sempre joga bem contra o Corinthians. Há mágoa?
Ele falou de cabeça quente. Não se pode querer tirar uma culpa sua, do seu planejamento, seu ano, e jogar em jogador de outra equipe. Depois relevei, ele deu a volta por cima, montou um grande time. Respeito o Corinthians.

Noticiou-se que um diretor do Corinthians ofereceu R$ 10 mil a cada jogador para vencer a partida e você se negou a receber...
Não teve isso. Era um jogo normal, mas querer que a gente jogue pelo Corinthians é demais. Estávamos jogando pelo Inter, que pagava meu salário. Às vezes é mais fácil jogar a culpa no outro para tirar o foco de si próprio.

Washington fala em dívida por ter feito o gol que eliminou o São Paulo da Libertadores em 2008. Sente o mesmo por 2006?
Não. Agora estou em dívida com o São Paulo em relação à minha vontade de vencer aqui. No passado eu defendia as cores do Inter e me dediquei 100%, assim como vou me dedicar 100% pelo São Paulo agora.

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