Rogério Ceni virou um especialista em fazer gols durante sua carreira, mas admite ter sentido medo de ser eliminado da Copa Libertadores da América depois de ter desperdiçado cobrança de pênalti na decisão contra o Universitario, na noite de terça-feira. Diante do Morumbi com 43 mil torcedores, o capitão explica que a "cagada" o fez se concentrar ainda mais para evitar o peso do fracasso sob sua responsabilidade.

"Eu pensei que não seria justo comigo. Nunca tinha perdido pênalti em decisão de Sul-americana, Conmebol, Libertadores... Imaginei se faria essa cagada aos 37 anos. Mas procurei me concentrar bem para defender os pênaltis que vieram. É difícil ser eliminado na Libertadores, ainda mais com um erro seu", afirmou.

Depois que Ramirez abriu a contagem para o Universitario, Ceni efetuou a primeira cobrança do Tricolor e viu a defesa de Llontop. O capitão, então, encostou em uma das traves e recuperou as forças para se redimir.

"Treinei bem antes. Seria muito peso para eu carregar. Decidi que não seria por mim que sairíamos da Libertadores", explicou o capitão, que, em seguida, impediu os gols de Alva e Galván.

"Eu telegrafei meu pênalti e não foi onde eu queria, não bati bem. O primeiro que defendi foi mais difícil, pegou na sola da chuteira. No segundo, o Galván mostrou onde queria bater", revelou o goleiro, satisfeito também com a batida para fora de Labarthe. "Ele ia bater no canto esquerdo e eu pulei, mas ele virou o pé para o outro lado e jogou para fora".

Apesar de saber detalhadamente como foram as oportunidades da equipe peruana, Rogério Ceni foi apenas no embalo da torcida nos chutes dos tricolores, que converteram três vezes.

"Não vi nenhum, fiquei de costas em todos. Só comemorei porque a torcida pulou. Mas eu sabia que Hernanes, Marcelinho e Dagoberto batem bem. Só não sei quem cobraria o último", advertiu o capitão, que logo foi informado da escolha de Ricardo Gomes pelo Coração Valente.

"Nossa, o Washington é...", interrompeu com um sorriso, antes de completar. "Mas eu gosto dele. Se ele tivesse batido, tenho certeza de que faria, no alto do canto direito", afirmou, com bom humor.

Outro segredo de Rogério Ceni no momento da decisão foi a mudança de camisa. Após ter vestido o uniforme laranja durante os 90 minutos, o goleiro usou o preto nas cobranças. "Eu queria jogar de preto, mas o árbitro Carlos Torres me pediu para mudar. Eu gosto muito dele e atendi ao pedido. Depois, perguntei a ele se poderia trocar nos pênaltis, para que o pessoal não me enxergasse tanto. E ele permitiu", finalizou.