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‘Hoje motivo muito mais do que cobro’

Rogério Ceni, que completa 900 jogos contra o Universitário, revela que mudou seu jeito de ser como capitão

Rogério Ceni atinge amanhã contra o Universitário, em Lima, mais uma marca histórica pelo São Paulo: 900 jogos. Em entrevista exclusiva ao JT, o capitão fala disso, da ideia de se aposentar no final de 2012 e da mudança no comportamento para liderar o time rumo ao quarto título da Libertadores.

Como é alcançar 900 jogos?
É algo que significa mais para vocês porque é um número redondo. O 899 também significa pra caramba, mas ninguém perguntou nada no dia. Acho legal por estar jogando em um clube grande, jogar tantas Libertadores consecutivas, campeonatos importantes, e ir ano após ano construindo esta marca. O jogo de número 900 não chega de um dia para o outro, chega através de uma história longínqua.

Você é uma raridade no futebol de hoje, de tantas mudanças?
Temos algumas exceções, mas poucos estreitam um laço tão forte com o clube. Há ainda alguns que começaram em outra década, quando o mercado era diferente e a mentalidade também. Mas é difícil para um cara que começa hoje ficar em um clube durante tanto tempo, porque é tudo muito rotativo.

Já pensa no milésimo jogo?
Rapaz, eu procuro jogar o próximo. Quem sabe você possa estar aqui novamente daqui a um ano, um ano e meio ou dois, não sei quanto tempo, e me pergunte sobre o milésimo jogo, ou quem sabe não vou nem chegar lá. Não faço projeção de mil jogos nem de 100 gols. Não quero alcançar nem um nem outro. Quero é ganhar mais uma Libertadores em oito jogos. Isso sim é bacana. Quero voltar a jogar um Mundial, quero ganhar outro Brasileiro. E para isso os jogos vão passando. Você pode até um dia me perguntar sobre os mil jogos, mas não tenho preocupação nenhuma.

Já tem uma data para parar?
Não vejo essa possibilidade em um curto espaço de tempo. E o dia que for parar, vou vir aqui no CT e falar para todo mundo. Muito provavelmente, vou parar no fim do meu contrato em dezembro de 2012. Minha meta é jogar até lá, jogar bem, ganhar títulos. Não sei se vou chegar lá com 950 jogos, com 1000, 1050... A minha projeção, quando renovei o contrato, era chegar em condições físicas para jogar em um bom nível até o final do meu contrato.

O Cicinho disse que o time de hoje é melhor do que o de 2005...
Acho que ele quis dizer que este time tem mais opções. Naquela época, nós tínhamos os 11 titulares e mais duas ou três substituições. Mas aquele time era muito competitivo. Pouquíssimos times em que joguei aqui foram tão competitivos. Tinha mais limitação técnica do que o time de hoje, mas não desistia nunca. Era um time que corria 90 minutos, todos os jogos, muito determinado. Falta nós alcançarmos o nível de competição e determinação de 2005. Aí podemos nos comparar com aquele.

Então só falta ser competitivo?
Já fomos campeões com times inferiores em opções e tecnicamente ao que temos hoje. Mas nunca fomos campeões sem muita luta, muita marcação. Esse é o principal quesito em que precisamos evoluir. Precisamos competir mais. Se fizermos isso, temos cada vez mais chance.

Você disse que, como capitão, precisava dar exemplo, se doar mais, trabalhar mais...
Por ser mais velho, você vai entendendo as pessoas. Quando você é mais jovem é um pouco mais rebelde. Às vezes você começa a ser muito mais compreensivo, e quando você é bonzinho parece que as coisas não caminham tão facilmente. Você briga muito mais quando é jovem, discute mais no bom sentido, mas parece que as coisas se ajeitam mais. Falo que para o time ser campeão terá de competir mais.

Você é o pai cuidando dos filhos?
Não que eu seja o pai, porque cada um tem sua função. O meu modo de ver a vida, de enxergar o jogo e cobrar, vai até um certo limite. A partir daí é o treinador que tem uma certa influência, depois é a diretoria. Hoje muito mais do que cobrá-los, eu tento dar força, incentivar, motivar. Esse é o meu principal papel. Antigamente eu cobrava mais do que motivava. Hoje procuro motivar, falar, mostrar. Eu, por exemplo, mostrei para o Cicinho um vídeo que tinha no meu iPod quando estávamos no ônibus quase chegando ao Morumbi para enfrentar o Once Caldas. E isso mexeu com ele. Para mim, foi o melhor jogo dele. É um detalhe que não falei para ninguém. Mas mostrei para ele, era um vídeo de 30 segundos, foi importante para ele naquele momento. Ele estava mais vibrante. São coisas pequenas que você faz para ele acreditar, para ele se doar cada vez mais.

O caminho do título para o São Paulo é mais complicado?
Temos mais times de melhor qualidade do nosso lado, são pelo menos seis times em condições de ser campeão, dos quais cinco já ganharam a Libertadores. São Paulo, Inter e Cruzeiro têm totais condições. O Estudiantes também, e ainda tem o Nacional, outro campeão, e o Banfield. Do outro lado, você tem Corinthians e Flamengo, e quem passar chegará à semifinal. Tem Vélez, Chivas e Once Caldas, mas não nas quartas. Do nosso lado, é só pedreira. As quartas podem ter São Paulo, Cruzeiro, Inter e Estudiantes. São quatro campeões. Ou pode ter São Paulo e Nacional. Depois na final ainda pode vir um Corinthians, um Flamengo ou o Vélez. É muito difícil. Não participaram Boca Juniors e River Plate, mas está mais difícil do que quando os dois estavam.

Curiosidades
Em 7 de setembro de 90 chegou de Sinop (MT) para fazer o teste no Tricolor
Estreou dia 26 de junho de 93, contra o Tenerife, na Espanha
Dia 3 de dezembro de 96, contra o Colo Colo, assumiu o posto de titular
Dia 15 de fevereiro de 97 fez seu primeiro gol, contra o União São João
Em 2005 passa Waldir Peres, com 618 jogos, e vira o recordista do clube
Os dois gols contra o Cruzeiro, no dia 20 de agosto de 2006,
o transformam no maior goleiro-artilheiro do futebol mundial,
ultrapassando Chilavert

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