O São Paulo liderou com folga o Brasileirão de 2002 e se classificou em primeiro para o mata-mata, mas acabou atropelado pelo Santos, que agarrou a vaga no sufoco e brilhou com os 'Meninos da Vila'. Oito anos depois, as duas equipes aparecem em papéis invertidos, e o Tricolor pode dar o troco no rival. Neste domingo, às 16 horas (de Brasília), o time do técnico Ricardo Gomes encara o Peixe, no Morumbi, pela semifinal do Campeonato Paulista.

Melhor time disparado da primeira fase deste Estadual, o Alvinegro praiano defende sua ótima campanha contra o São Paulo, que só conquistou lugar na semifinal na última rodada. Apesar de cauteloso nas declarações, Gomes avisa que um mata-mata pode gerar a saída precoce da equipe com melhor desempenho.

"Em 2002, o Santos se classificou na última rodada e foi campeão, pois mata-mata vira uma competição completamente diferente. Foi assim com o Santos naquele campeonato. Todos sabem o regulamento de antemão e não dá para reclamar", afirmou. O título do Peixe naquele ano marcou a última edição de Nacional com mata-mata.
Mas, para dar o troco no Santos, o Tricolor precisa acabar com um tabu, pois busca sua primeira vitória em clássico nesta temporada. "O São Paulo encontrou um ritmo de jogo bem interessante e, agora, vamos enfrentar o time sensação", acrescentou o comandante são-paulino.

Em função da melhor campanha da primeira fase, o Santos entra nas semifinais com o estigma de time a ser batido e com a vantagem de jogar por dois empates. Conscientes disso, os jogadores do Peixe sabem que os são-paulinos tentarão tirar proveito do jogo no Morumbi.

"Todos nós sabemos que será um confronto difícil, pois um clássico é sempre decidido em detalhes. No entanto, o mais importante é que a nossa equipe trabalhou bastante durante semana e estamos bem concentrados. Vamos fazer de tudo para ter uma boa atuação nesse clássico, que será bastante difícil, no Morumbi. Esperamos fazer um bom resultado já neste primeiro jogo", disse o volante Arouca que, curiosamente, está emprestado pelo Tricolor aos alvinegros até o final do ano.

Ricardo Gomes, por sua vez, confirma que o objetivo do São Paulo é acabar com a vantagem do rival no estádio do Morumbi. "O time deles tem uma visibilidade maior porque fez uma campanha acima da média. Tudo isso é normal. Eles fizeram assim desde o início e não tem novidade. Precisamos reverter a vantagem neste jogo".

Para o primeiro duelo da semifinal, o técnico Dorival Júnior não se intimidará com a vontade do São Paulo em fazer um bom resultado no Morumbi. O treinador escalará uma formação bastante ofensiva, com apenas um volante, dois meias e três atacantes.

Wesley, que vinha exercendo a função de segundo volante, será deslocado para a lateral direita. Com isso, Pará vai para a reserva. Desta forma, Marquinhos e Paulo Henrique Ganso terão a incumbência de municiar o ataque, formado por Neymar, André e Robinho, além de procurar ajudar os defensores na marcação.

"Nós fizemos 19 jogos atuando com três meias ou três atacantes e não posso mudar isso na véspera de uma decisão. Seria incoerente da minha parte. Por isso, provavelmente eu vou jogar com essa formação. Eu não posso fugir muito disso", ponderou Dorival.

Já o São Paulo também não deve ter novidades, pois embalou nas rodadas finais da primeira fase, agradando ao treinador e à torcida. Mesmo com treinos secretos nas vésperas da decisão, Gomes não esconde sua aposta na velocidade de Marlos, que virou peça fundamental para levar a bola a Washington e Dagoberto.

"O Marlos provou nos últimos jogos que tem poder de decidir. O que acho mais importante dele é que também ajuda na marcação, está sempre perto acompanhando o lateral. Aos poucos, vai provando ser um jogador completo", elogiou o volante Jean, que será novamente improvisado na lateral direita, apesar de Cicinho já estar recuperado de contratura muscular e relacionado após duas partidas de ausência.

O atacante Washington foi outro a elogiar bastante não apenas a presença de Washington, mas também a de Dagoberto ao seu lado entre os titulares. "O Marlos ajuda muito. Ao lado do Dagoberto, tenho dois jogadores rápidos, com facilidade do drible e com qualidade técnica para ajudar bastante. Eles podem desestabilizar a marcação do adversário e criar espaços. E quanto mais acionado, mais você fica concentrado, ligado no jogo", raciocinou.

O camisa 9 garantiu estar pronto para ser bastante cobrado por Ricardo Gomes e até pela torcida, pois sabe que chances de gol para ele diante do Santos não faltarão. "Será um verdadeiro espetáculo, pois os dois times estão acostumados a jogar no ataque. Se eu for muito municiado e tiver muitas oportunidades, a cobrança tem que aumentar mesmo. Essa equipe é rápida, cria. Estou louco para ser cobrado assim, pois sei que, se for desta forma, é porque terei tido as oportunidades", concluiu.