A decisão do São Paulo, em não dar continuidade ao trabalho que Thiago Carpini vinha desenvolvendo, não foi surpresa para ninguém. A avaliação das últimas atuações do São Paulo com Carpini foi contaminada pelo momento extremamente negativo que o time vivenciava, mostrando-se altamente vulnerável a qualquer que fosse o esquema do adversário. Confesso que no momento da contratação de Carpini, achei a ideia interessante, até porque a coletiva de apresentação foi repleta de conteúdo tático e transmitiu segurança. Mas, claramente não houve conexão entre o planejamento do clube e as ideias do treinador, o que refletiu negativamente nas atuações da equipe.

Luis Zubeldía era a primeira opção do São Paulo desde a saída de Dorival Junior, mas, por incompatibilidade de agenda, a contratação não foi efetivada na época. Carpini que estava livre no mercado foi avaliado como um bom nome para assumir imediatamente o departamento de futebol do clube. Porém, o Tricolor Paulista foi "involuindo", tornando-se espaçado em campo, lento na troca de passes e pouco criativo, tanto no meio-campo como no setor de ataque.

O treinador ganhou uma sobrevida no cargo conquistando o título da Supercopa Rei do Brasil 2024 e depois quebrando o tabu de vencer o Corinthians jogando na Neo Química Arena. Mas, a dificuldade de transformar o volume de jogo em chances reais de gol foi assolando o time e tornando a evolução ainda mais difícil. No Paulistão, o São Paulo foi oscilante na primeira fase e só na última rodada da fase classificatória é que conseguiu garantir sua permanência no campeonato estadual. Esteve muito próximo de ser eliminado, jogando contra o Ituano, mas conseguiu se classificar com um pênalti duvidoso ao final da partida. Nas quartas de final, contra o Novorizontino, as oscilações continuaram e o Tricolor Paulista foi dominado e eliminado nas cobranças de pênaltis, mesmo jogando em casa.

A diretoria do Tricolor Paulista voltou ao seu plano original, contratando o técnico argentino Luis Zubeldía, que fez sucesso em 2023 na LDU, do Equador, levando-a à conquista do título da Copa Sul-Americana. O treinador, também, trabalhou no Barcelona de Guayaquil em algumas temporadas e no Lanús, da Argentina. O novo treinador tem currículo mais robusto que o de Carpini e conhece bem o futebol sul-americano, o que poderá ser benéfico para o São Paulo na disputa da Libertadores.

O estilo de Zubeldía utiliza marcação média, ou seja, dá espaço para que o adversário inicie a construção de jogadas sem sufocamento do oponente, evitando o cansaço extremo dos atletas. Orienta suas equipes para fazer associações de, pelo menos, dois jogadores optando por valorizar a posse de bola e tornando o jogo mais técnico. O grande desafio do São Paulo é escapar das tentações da cultura resultadista, principalmente por tratar-se de um técnico estrangeiro que não conhece a fundo as nuances do futebol brasileiro e não interromper o trabalho na primeira série de oscilações.