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O Alvo errado!!!

O São Paulo foi eliminado em mais uma competição e a resposta não demorou nem um pouco: ainda em Florianópolis torcedores protestaram contra o time. Um bando, segundo relato em matéria do portal GloboEsporte, cercou o ônibus com os jogadores e precisou ser contido pelos policiais catarinenses. Em São Paulo, os muros do CT da Barra Funda amanheceram pichados.

A raiva se volta contra jogadores e contra o treinador.

Como sempre, como de hábito, as vítimas usuais.


Enquanto isso, os verdadeiros responsáveis seguem tranquilamente suas trajetórias: os dirigentes.

A atual gestão do presidente Juvenal Juvêncio, que permanece no poder graças a um golpe contra o espírito do Estatuto Social do clube, teve sua fase boa encerrada em dezembro de 2007. Desde então é uma sucessão de decisões erradas em todos os sentidos e níveis. Em 2008, graças ao trabalho de Muricy Ramalho, o clube ainda foi campeão brasileiro, título conquistado pela terceira vez consecutiva. Poucos meses depois, o treinador, incomparavelmente o melhor do Brasil, foi defenestrado de forma sumária, injusta e deselegante.

Como é de seu feitio, sem ouvir ninguém – se é que há alguém que mereça ser ouvido na direção são-paulina de então, a mesma de agora –, o presidente contratou Ricardo Gomes, um técnico que, era notório, não estava à altura do desafio que era dirigir o São Paulo naquele momento. Deu no que deu.

Seguindo uma linha absolutista, cultivada com esmero e admirada por incautos graças aos resultados de uma fase, o presidente, diante de resultados ruins demitiu Ricardo e contratou Paulo Cesar Carpegiani. Ora, Carpegiani foi um grande jogador, um craque, mesmo, tive o prazer de vê-lo jogar, mas como treinador é um fracasso. Conquistou um título expressivo em 1981, há 29 anos e 5 meses e, desde então, mais nada. Já passara pelo São Paulo em outro momento, nada conquistando. Mesmo assim, foi contratado.

O resultado foi visível no jogo de ontem, na Ressacada. Mesmo com a vantagem da vitória na primeira partida, e mesmo saindo na frente no marcador, o São Paulo não soube segurar o Avaí e foi derrotado de forma acachapante, perdido em campo, livrando-se, verdade seja dita, de sofrer goleada como sofreu o coirmão na semana anterior.

Carpegiani, entretanto, não está no São Paulo porque quis e forçou e sim porque foi contratado. Pelo mesmo dirigente que contratou algumas baciadas de jogadores que só serviram para levar a folha de pagamentos do clubes a impressionantes 88 milhões de reais em 2010. Jogadores vieram a peso de ouro, nada fizeram, foram emprestados a outros clubes, com o São Paulo pagando parte ou grande parte de seus salários. Isso ocorreu em 2010 e novamente agora (segundo o jornalista Cosme Rimoli divulgou em seu blog, Cleber Santana vai para o Atlético Paranaense, mas o São Paulo seguirá pagando a ele 170.000 por mês, cabendo ao CAP os 80.000 restantes; ora, 170.000 x 12 + encargos = 2 milhões, por baixo, por baixo).

O São Paulo termina a primeira parte da temporada do futebol brasileiro sem um time formado ou sequer desenhado. Não tem lateral-direito. Tem um problema sério na lateral-esquerda, onde Juan está longe de jogar o que jogou no Flamengo e Junior Cesar, parece, vai ser emprestado, sem falar que Diogo, promessa da base, foi emprestado ao Goiás e agora está sendo negociado com um clube europeu. Da zaga, um zagueiro já está arrumando as malas e desembarca em Cumbica nos próximos dias, o que já se sabia desde janeiro, mas assim mesmo foi titular absoluto por todo esse início de temporada. Outro zagueiro, provavelmente, seguirá o mesmo caminho. O elenco continua sem um meia-armador. Curiosamente, durante anos Muricy pediu Conca e não obteve, até pela alegação de ser caro. Aparentemente, a direção do clube, ou melhor, o presidente Juvenal Juvêncio deve aou foi mera coincidência?) bem na véspera da eleição presidencial. Vai estrear qualquer dia desses, garantem os médicos, depois de voltar a sentir o joelho por ter treinado forte para jogar antes do tempo normal e necessário para uma boa recuperação. Seu custo, no total de 4 anos de contrato, será de no mínimo 34 milhões de reais. No mínimo, pois é difícil acreditar que terá salário tão baixo como se comentou no Morumbi, sem falar que é improvável que tenha vindo sem receber luvas.

O São Paulo tem uma grande e formidável estrutura. Tem um balanço ainda de respeito, mesmo depois de um ano péssimo para o futebol. Essa estrutura toda, em seus diferentes níveis e aspectos, segura o clube e dá-lhe relativa estabilidade, mas, por quanto tempo?

Quantos desaforos administrativos ainda será capaz de agüentar?

A torcida e aqueles indivíduos que se travestem em torcedores e barbarizam, tem os jogadores como alvo de protestos, dos primeiros, e ameaças, dos segundos. Uma vez mais fizeram a escolha errada dos alvos.

Os culpados por situações como essa do São Paulo são encontrados, sempre e exclusivamente, nas ricas e bem decoradas salas de presidentes e diretores. Jogadores e treinador estão trabalhando e fazendo o que podem e são capazes em circunstâncias determinadas. Protestar contra eles é perder tempo e aprofundar crises.

Problemas têm que ser resolvidos na sua origem, jamais nos seus sintomas.


Post um – Rivaldo x Carpegiani

Rivaldo, atleta profissional dos melhores e mais competentes, tem história, tem caráter e tem vergonha na cara. Reclamou por ficar no banco e não ser escalado ou entrar durante o jogo.

Há quem diga que desrespeitou o treinador e “comandante”.

Não concordo.

Essa história de obedecer comandantes cegamente, vendo o desastre se avizinhar, conduziu a muitas tragédias na história.

É diferente de disciplina e respeito.

Entre Rivaldo e Carpegiani, não há o que hesitar ou pensar: fico com Rivaldo.
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