Diante do Linense, por suspensão, Cícero perdeu sua primeira partida no ano. Neste sábado, contra o Bragantino, o meia, que atuará como segundo volante, volta a ser titular em confronto que abre os mata-matas do Paulistão, no Morumbi.

Com três atacantes, esquema dos últimos quatro duelos, Cícero tem atuado mais recuado. Versátil, não se incomoda com o novo posicionamento. Fica mais longe da área, mas se satisfaz em dar passes. Craque? Ele rechaça o rótulo, mas se considera importante.

– Sei do meu potencial, mas não me acho um craque de bola. Mas dentro da minha qualidade técnica, meu potencial, tenho certeza de que sou útil, e sempre foi assim em todas as equipes pelas quais passei. Daí, aparece a qualidade no chute, no passe, em cabeceio, e não é à toa que tenho 81 gols em oito anos.



Dos 81, 13 foram pelo São Paulo. São sete ano passado e seis neste. Com vínculo até julho de 2013, o camisa 16 acredita que pode chegar ao centésimo no clube. Isso porque ainda pode renovar, o que é vontade do atleta e também da diretoria. Se chegar à marca, vai comemorar muito.

– Tenho muitos gols para um jogador de meio, então, quando chegar aos cem, vou sentir como se fosse o milésimo. Tem gente que só repara em quem faz a jogada individual, mas quem sabe de bola vê quem é essencial para equipe.

Cícero é quem faz a conta de quantos gols tem na carreira. Questionado pela reportagem do LANCENET!, o meia citou os clubes e o número de redes balançadas por cada um. Sem papel, computador ou ajuda, disse que tem boa memória. Mostra-se antenado, e sempre que pode passa pela sala de imprensa do Sampa para ler matérias, ver números e ficar atualizado. Não se preocupa só com o que acontece no campo, mas também fora das quatro linhas.

Recentemente, Lucas afirmou que ainda não tem gol de cabeça na carreira. Neymar, do Santos, quer fazer de bicicleta. Cícero diz já ter feito de todo jeito.

– Não tenho preferência, já fiz de cavadinha, cabeça, pé direito, esquerdo... Dependendo de como a bola vem. Fiz de voleio, quando a bola passava. De todos os jeitos, não escolho gol, não tenho do que reclamar.

Contra o Braga vai ter gol? Cícero não garante, mas quer se manter essencial para que o Tricolor avance à semi.

BATE-BOLA

Cícero, meia do São Paulo, ao LANCENET!

LANCENET!: Como fica a cabeça depois de ter quebrada a sequência de 11 vitórias?
Cícero: Falam que derrota vem na hora certa, mas tem horas que acontece para você se reerguer. Temos de ver o que está bom, mas também serve de alerta para estar mais concentrado. Acostumar-se com a vitória é legal, igualamos um recorde, mas a derrota serve de aprendizado para ver que nem tudo está tão bom.

L!: Assim como Leão, acha que agora começa outro torneio?
C: Sim. O que fez na primeira fase foi bom, em número de pontos, mas você faz 43, o adversário faz 29, e nem vantagem de empate temos. É perigoso, mas sabemos do regulamento, só dá o mando e favorece pouco. Mas, se vacilar, pode ser surpreendido. É outro campeonato e temos de matar. Se fossem mata-matas, com vantagem, seria diferente. Se nós não matarmos, eles nos matam.

L!: Como tem sido jogar mais atrás?
C: Quando jogo com Casemiro, fico como terceiro homem de meio, saindo mais. Como segundo, saio também, mas é preciso dosar, ficar na retaguarda para não sair os contra-ataques, então é preciso cuidado.

L! Nesta função, os gols podem diminuir, por ficar longe da área?
C: Contra o XV de Piracicaba estava como segundo volante e fiz. Gol sai naturalmente, dificulta um pouco estar mais atrás, mas Leão dá liberdade. Dar assistência para mim também é legal, me sinto bem. O gol é importante, mas me satisfaz dar passe para os companheiros.

L!: Por que cresceu com Leão?
C: Confiança é tudo. Leão vê a qualidade do jogador e, quando contou comigo, dei conta do recado, o que ajuda a ter a confiança do técnico. Devo a ele esta fase, pelo que acredita em mim, vê a utilidade que tenho, então coloco em mente, para mostrar dentro de campo.

A VERSATILIDADE DE CÍCERO

Terceiro homem de meio
Cícero atuou boa parte dos jogos nesta função. Sempre com um volante mais fixo e outro para ajudá-lo. Sai e marca.

Meia de ligação
Cícero já ficou como armador. Contra o Ituano, por exemplo, executou a função, mas foi mal e saiu no intervalo.

Referência na frente
Diante do Bragantino, na 1ª fase, Cícero foi centroavante. Marcou dois gols e substituiu bem as ausências de Willian José e Fabuloso.

Segundo volante
Com três atacantes, Cícero fica mais atrás, com menos liberdade para sair.

A TRAJETÓRIA

Chegada
Cícero foi contratado às pressas, em julho de 2011. Pouco depois, começa a ser relacionado, mas demora a se firmar. Chega como aposta, sem custos, com vínculo por duas temporadas.

Leão
Com novo treinador, Cícero pensa que pode ganhar mais chances. De fato, acontece, mas não começa bem. Logo na segunda partida do técnico, meia é cortado e não viaja para pegar o Vasco.

Confiança
Depois de ficar fora de uma partida, volta e joga as últimas de 2011 como titular. Termina o ano com moral, como terceiro homem do meio de campo.

Indispensável
Em 2012, Cícero pinta como jogador fundamental para Leão. Seja como volante, meia ou atacante, só fica fora de uma partida, diante do Linense, na última rodada, por suspensão. Ganha liderança e moral com o grupo.