Normalmente tranquilos, os bastidores do São Paulo se agitaram nesta semana. Inconformados com a maneira como foi feita a reforma do Estatuto do clube em 2004, um grupo de conselheiros entrou com uma ação na Justiça e, após serem derrotados no primeiro julgamento, ganharam o recurso na última terça-feira, no Fórum de Pinheiros.

Com a vitória, a oposição acredita ser possível anular a reforma estatutária e, consequentemente, todos os atos que a sucederam, dentre eles a eleição do presidente Juvenal Juvêncio, ocorrida em abril de 2008.

"Nós não temos nada contra a administração do Juvenal e até consideramos boa sua gestão e o momento do time de futebol, mas o São Paulo é um dos maiores clubes do mundo. Tudo o que queremos é que façam as coisas dentro da legalidade", explicou o advogado responsável pela ação, Francisco Assis Vasconcelos, em contato por telefone com a Gazeta Esportiva.Net.

Segundo Vasconcelos, a mudança estatutária que determinou a alteração do tempo de mandato do presidente (de dois para três anos) foi aprovada apenas pelo Conselho Deliberativo do clube, o que não é considerado legal segundo o novo Código Civil.

"As reformas precisam ser feitas através da Assembleia Geral, por eleições diretas. O São Paulo alega que as entidades esportivas têm autonomia, mas essa autonomia é relativa", ponderou. "Ganhamos uma ação no Fórum de Pinheiros e anulamos todos os atos praticados a partir da mudança do Estatuto. As reformas precisam ser refeitas, agora de acordo com o Código Civil", completou.

O próximo passo do processo, segundo adiantou Francisco Assis Vasconcelos, cabe aos membros da situação. "O São Paulo precisa esperar a publicação da decisão no Diário Oficial e isso deve demorar de 15 dias a um mês. A partir de então, eles precisarão decidir se entrarão ou não com recurso. Se não entrarem, pediremos uma nova reforma do Estatuto e, consequentemente, uma nova eleição presidencial", concluiu.

Fofoca: Apesar de toda a empolgação dos oposicionistas com a vitória obtida na terça-feira, a situação ao redor do presidente Juvenal Juvêncio permanece tranquila. Pelo menos foi o que garantiu o diretor jurídico do clube do Morumbi, Kalil Rocha Abdalla.

Em contato com a GE.Net, o advogado minimizou a derrota no Fórum de Pinheiros e bateu pesado na oposição: "Com todo o respeito, isso não passa de fofoca. Essa ação é antiga. Nós ganhamos uma instância por 2 a 1 e eles ganharam o recurso por 3 a 2, mas isso ainda vai longe, vai até Brasília. Essa vitória não muda nada. Se mudasse, eles já teriam assumido (a presidência)", provocou.

"O que os desembargadores decidiram, por enquanto, foi apenas 'de boca'. Falta colocar no papel e, quando isso acontece, às vezes, as coisas mudam. Vamos aguardar a publicação no Diário Oficial, observar e, dependendo do que for definido, entraremos com recurso. Não mudou nada. O que eles quiseram foi fazer agitação", acrescentou.

O presidente Juvenal Juvêncio, inclusive, também se mostra tranquilo sobre o assunto e alega que o Tricolor segue a Constituição, e não o Código Civil. "Vamos para Brasília e espero que permaneça nossa tese. O que está em discussão é uma tese jurídica, se obedecemos a Constituição ou o Código Civil. A pena máxima até agora é de que os atos praticados desde a primeira gestão do Marcelo Portugal sejam ratificados por assembleias de sócios. Isso não seria problema, mas acho que nem isso vai imperar", concluiu.