Com a montagem do time prejudicada por lesões e pela espera por reforços, Emerson Leão se vê numa sinuca de bico neste começo de temporada. Sem o capitão Rogério Ceni, que passou por cirurgia no ombro, o treinador também perdeu Luis Fabiano. Para piorar, ainda não tem data para usar o volante Fabrício, o outro jogador do elenco com perfil para liderar o jovem time tricolor.
Em entrevista ao JT, o técnico reafirmou que acha necessário o clube partir em busca de mais um goleiro e também de contratar um centroavante que possa ser titular – jogador que, ao que tudo indica, será Nilmar.
As três vitórias conseguidas em três rodadas no Campeonato Paulista trouxeram conclusões sobre o time?
Com vitórias não há pressão e tenho mais tempo para corrigir erros. Ainda estamos colocando em forma alguns atletas contratados, e em uma ou duas semanas vão começar a jogar. E aí vamos ter uma ideia geral.
O Casemiro tem entrado. Você cobrou comportamento diferente dele em relação ao final da temporada passada?
Acho que o Casemiro está se acostumando a tudo o que se espera dele. Teve um apogeu precoce, mas teve uma decadência precoce também. Isso é ótimo, porque mais precocemente vai corrigir. Entrou bem, firme e resolveu o problema.
Qual o impacto de perder Rogério e Luis Fabiano neste início de temporada?
Para o torcedor são as duas referências positivas. Há muito mais apelo da torcida para que volte ao normal em relação ao Luis Fabiano, porque o Rogério fez uma cirurgia e vai demorar mais para poder jogar. O Fabiano sofreu muito ano passado e o clube investiu nele. Ele teve lesões que refletem este ano ainda.
Acha que há líderes para substituir Rogério em campo?
A substituição dele passa pelo Denis. Se for bem, poderemos esperar o Rogério com mais tranquilidade. Com o Luis Fabiano também passa isso, ele tem um jeito diferente de ser líder. E estamos em uma sinuca de bico, porque ainda não pudemos contar com o nosso volante, Fabrício. Ele ainda não treinou no campo comigo e precisamos dar um xeque-mate nisso. Mas esperamos que outros possam liderar sem serem forçados a isso.
O Denis precisa de um concorrente até o Rogério voltar?
Acho que o Denis fez um bom trabalho no ex-time Ponte Preta e por isso foi contratado. Já está há um bom tempo dentro do São Paulo, conhece bem a rotina do clube. Agora a camisa é dele. Por quanto tempo, só Deus sabe. Então, ele é quem comanda a situação, está entregue a ele. E a resposta positiva é que vai decifrar o futuro.
E se não for positiva?
Não posso pensar pelo lado negativo. Minha posição é de aceitar e incentivar, não de duvidar.
O clube busca um substituto?
Na minha cabeça, sim. Estamos buscando. A contratação passa por vários critérios, de informação, de observação, de aceitação, de condição, então estamos seguindo essa rotina.
A busca não exige pressa?
Não sei o que é pressa, temos um goleiro atuando. Acho que urgência é quando não tem.
Os reservas dele, Léo e Leonardo, dariam conta do recado se precisassem entrar no time?
Não sou pessimista. Se chegar a situação, e espero que não chegue, a gente vê. Você quer que fale que eles não estão aptos. Então, por que os tenho aqui? Se não estão aptos, por que estão aqui? Não posso falar isso.
A diretoria garantiu que eles estão aptos. Você concorda?
Há coisas que sabemos mais que os outros. E de goleiro eu sei, e sou o técnico. O diálogo com a diretoria é maravilhoso, só que vocês cobram informação e tem hora que não dá para dar a informação.
Vê a diretoria mais atuante na formação do elenco?
Não sei. Quando fui contratado, falaram que iam me consultar, mas que alguns atletas já estavam contratados. Você nunca me viu falar dessas contratações, porque já estavam feitas. Aconteceu o fato sobre o goleiro, é lógico que tenho de ser contatado. Agora, o senhor João Paulo (o diretor de futebol João Paulo de Jesus Lopes) não pode dizer: “Vou contratar porque os dois que estão aqui não servem.” Acha que este é o discurso certo?

Há coisas que precisamos falar
O Willian José está pronto para ocupar a vaga do Luis Fabiano?
Ele foi contratado para jogar aos poucos. É um garoto do interior, é a primeira vez que está tendo a oportunidade num time grande em sua carreira. Se você enchê-lo com uma cobrança excessiva, você pode perdê-lo. Então acho que alguns times perdem bons jogadores porque querem resultado imediato. E aí esses jogadores acabam estourando em outro clube que teve mais paciência. Ele está entrando em algumas partidas, numa foi um pouco melhor, em outras não, mas é isso que nós queremos.
Faltou esta paciência para manter o Henrique?
Não sei, mas ele está sendo pretendido por outros clubes. Com seu destaque no Mundial Sub-20 (foi o artilheiro e melhor jogador do torneio vencido pelo Brasil) ficou uma coisa antagônica. Ele não dá certo aqui e dá certo lá, então o clube resolveu vender.
Por que você deu poucas chances a ele no ano passado?
Acabei usando mais o reserva imediato do Luis Fabiano. Fui preparando o Willian, porque o Henrique já é sabedor do que é capaz. E os dois têm um biotipo completamente diferente.
O que falta para fechar o elenco?
Falta ao clube trazer um centroavante. Pretendemos achá-lo e está certa a conduta, até pela contusão do Luis Fabiano, que poderia ser mais séria. Então mostrou que a procura é necessária. Como também é a procura por um lateral-direito, porque nós temos um lateral específico (o paraguaio Ivan Piris) que pode ser convocado, como sempre foi, para a seleção de seu país. Com o afastamento temporário do Rogério, também precisamos de um substituto para ele.