
De volta às origens e rodeado de amigos de décadas, Rogério Ceni, goleiro do São Paulo, mais uma vez brilhou no gramado que o revelou nacionalmente para o futebol. No Gigante do Norte, em Sinop, cidade a 503 quilômetros de Cuiabá (MT), Ceni passou longe das traves do gol e partiu para o campo contra o time adversário, a seleção de São José do Rio Claro (MT) na noite desta quinta-feira. A causa foi nobre: arrecadar alimentos para pacientes em tratamento contra o câncer de Sinop.
- Se eu não me engano eu acho que esse é o sétimo ano consecutivo que a gente vem e sempre contando com o apoio da população de Sinop que vem doar alimentos para favorecer aqueles que não têm a mesma chance que a gente - disse o goleiro tricolor.
Entre os amigos, duas estrelas. Jean Chera, do Flamengo, e Joaninha, piloto campeão do estilo livre. Das rampas para o gramado, Joaninha sentiu a mudança, mas encarou os 90 minutos da partida pela solidariedade.
- Não é muito a nossa área. A gente brinca de bola de vez em quando e eu vou fazer o possível para alegrar a galera - disse Joaninha.
Das chances a gol que teve, Ceni não titubeou. Em solo mato-grossense, o goleiro seguiu à risca a cartilha que o levou a marcar mais de 100 gols em cobranças de pênaltis e faltas ao longo da carreira. Em Sinop, a história se repetiu.
Quando o juiz marcou a primeira penalidade da partida em favor dos 'Amigos de Rogério Ceni', o goleiro tricolor foi acionado. Por anos cobrando pênaltis, Ceni fez bonito e carimbou a rede adversária com o primeiro gol dele na partida. Faminto por gols, em uma segunda oportunidade, desta vez, numa cobrança de falta, nem a barreira do time adversário foi capaz de conter a habilidade de Ceni. Obediente, a bola entrou e ampliou o placar para os 'Amigos de Ceni'.
- Eu tive a sorte de marcar dois gols que coroaram uma noite especial – descreveu.
Antes da partida, o goleiro do São José do Rio Claro, Ezequiel Teixeira, mesmo sendo um são-paulino convicto, passou o recado para o time evitar faltas na grande área, mas sem sucesso.
- Eu avisei o pessoal. Não faz pênalti e falta perto da área. Aí você vê que o gramado aqui não tá ajudando a gente. Então é sempre um perigo quando ele bate na bola, mas eu acho que o importante é a festa, que o público compareceu – revelou.
Quem agradeceu foi a organização do evento que contou com o apoio de todas as torcidas.
- O objetivo é esse. Independente de torcida e time, que a [população] possa estar vindo e trazendo seu quilo de alimento para ajudar as pessoas da Casa de Apoio ao Câncer. O importante é que seja sinopense, pois todos precisam de ajuda - informou Júlio César Lobo.
Mais que o placar de 3 a 1, a expectativa em relação à arrecadação de alimentos foi superada. Mais de mil toneladas foram arrecadadas. Os alimentos já têm destino certo.
- Estaremos fazendo cestas básicas para distribuição àquelas pessoas que já têm cadastro na instituição - garantiu Jorge Müller, do Lions Internacional.