Emerson Leão poderia estar curtindo as férias em sua casa de praia no litoral norte de São Paulo. Ou então na fazenda onde cria gado. Mas o treinador preferiu ficar na Capital em tempo integral, empolgado com o projeto de dirigir o Tricolor em 2012.
Inspirado no discurso de trabalhador que marcou o sucesso de Muricy no Morumbi, Leão tem se reunido quase que diariamente com o diretor de futebol do São Paulo, Adalberto Baptista. Nesta quinta-feira mesmo, ele esteve no CT da Barra Funda para se inteirar sobre as negociações em andamento.
Antes, já havia visitado duas vezes o CT de Cotia, onde a equipe profissional realizará a pré-temporada. “E a decisão de levar os treinamentos para lá foi minha. Será bom para deixar um pouco o CT da Barra Funda. Para completar, ainda será possível gerar uma integração maior com as categorias de base”, justifica o treinador. Durante o mês de janeiro, os times sub-15 e sub-18 também estarão em Cotia.
Leão chegou a ficar um ano e dois meses desempregado — entre agosto de 2010 e outubro de 2011. Também por isso, voltou ao mercado com a faca nos dentes e abriu mão dos dias de folga para mostrar serviço. “Quero estar por dentro das coisas que estão acontecendo. Faz parte do trabalho do treinador”, emenda o comandante.
A temporada de 2012, segundo Leão, começou há bastante tempo. “Passamos a projetar o próximo ano naquela semana que antecedeu a última rodada do Brasileirão, contra o Santos”, relembra. Foi durante esse período que o São Paulo decidiu não renovar o contrato com Rivaldo e topou liberar Dagoberto para o Internacional a cinco meses do fim do contrato — mediante pagamento.
“O objetivo para 2012 é um só: alcançar tudo aquilo que o São Paulo não vem conseguindo nos últimos anos, inclusive títulos”, resume o treinador, que teve seu contrato renovado até dezembro do próximo ano.
Ao contrário de outras épocas, Leão não faz mais projeções sobre futuro. Durante bastante tempo, ele garantia que se aposentaria aos 60 anos — está com 62. “Vou viver apenas o presente, dentro e fora de campo, sem pensar muito no dia do amanhã”, afirma o são-paulino, que está no futebol desde 1967, quando se tornou goleiro profissional no Comercial, de Ribeirão Preto. A vida de técnico teve início em 1987.
Entrevista
Emerson Leão_ Técnico do São Paulo
‘Ainda falta acertarmos com um meia canhoto’
DIÁRIO_ Você ficou satisfeito com as contratações de Bruno Cortês, Fabrício, Edson Silva, Maicon e Paulo Miranda?
LEÃO_ Não vou falar individualmente sobre os jogadores, mas, se foram contratados pelo São Paulo, é porque têm qualidade. Eles vão ser importantes para ajudar a modificar a postura do time em 2012.
Qual dos cinco atletas foi indicado por você?
Quando eu cheguei ao São Paulo, já havia uma ou outra negociação em andamento. Elas prosseguiram e acabaram sendo concluídas, mas já há jogadores que chegaram sob minha indicação. É assim mesmo.
O São Paulo ainda precisa de quantos reforços?
A principal carência é de um camisa 10. Ainda falta acertarmos com um meia canhoto, até porque perdemos o Rivaldo e o Dagoberto, que podem jogar nesse setor.
Dá para dizer que já não existem tantos meias como antigamente?
O São Paulo é um exemplo, pois não tem um atleta com essa característica desde a saída do Danilo (em 2006).
Existe muita diferença do atual São Paulo para aquele de 2005 que acabou você ajudou a montar e ganhou o Mundial?
Em termos de estrutura e do pessoal, praticamente não mudou. A comissão técnica, por exemplo, é a mesma. O que ficou bastante diferente foi o elenco e o espírito, mas já consegui começar a colocar as coisas no lugar neste primeiro um mês e meio de trabalho.