O centroavante, que reestreou pelo São Paulo há 50 dias, após quase sete meses se recuperando de lesões no tendão do joelho direito, já começa a exibir o faro artilheiro que o transformou em ídolo do clube. Mas, a indisciplina dentro do gramado retornou junto com os gols.

O camisa 9 possui hoje a média de gols mais alta da equipe na temporada. E também a de cartões amarelos.
Na terceira passagem pelo clube, participou até agora de dez partidas. Marcou cinco vezes e recebeu o mesmo número de advertências (uma a cada dois jogos em média).
Assim como no passado, virou a grande esperança são-paulina para voltar à Libertadores --em 2003, foi o principal nome do time que obteve a classificação, encerrando um hiato de nove anos fora.
Mas, apesar dos gols, tem provocado muita dor de cabeça em Emerson Leão.
"O Fabuloso é o Fabuloso. Não dá muito para contar com ele", disse o técnico, após a vitória por 3 a 1 sobre o América-MG, no sábado.
Foi a melhor atuação do centroavante desde que retornou ao Brasil. Fez dois gols, deu uma assistência e teve de ser substituído para evitar a expulsão. "Ele fica discutindo já com cartão amarelo, e eu preciso dele", reclamou.
O cenário da última partida foi muito parecido com o que era corriqueiro antes de Luis Fabiano se mandar para uma passagem que durou sete temporadas na Europa --defendeu o Porto por um ano e marcou época no Sevilla.
O atacante foi ídolo do São Paulo em um período como o atual, de vacas magras. Tanto que só conquistou um título (Rio-São Paulo de 2001) ao longo de três anos no clube.
Mas anotou gols como poucos na história da agremiação. Com 123 tentos, ocupa a décima posição no ranking dos maiores artilheiros do time em todos os tempos.
Os gols conviveram com confusões em campo. Jovem e de comportamento explosivo, brigou, xingou, reclamou dos árbitros, agrediu rivais e foi expulso nove vezes nas duas passagens anteriores.
E apesar de receber cartões com maior frequência do que o lateral Juan e o volante Wellington, dois companheiros de time que estão entre os jogadores mais punidos do Brasileiro, Luis Fabiano considera que amadureceu e que aprendeu a se controlar para não extrapolar como antes.
"O problema é que quando eu tomo cartão, todo mundo fica com medo de que eu tome o vermelho", resumiu.
Leão é um deles. Mas o técnico, de maneira um tanto quanto irônica, até elogia o pupilo por ainda não ter sido expulso nessa nova fase no São Paulo. E prevê que os cartões irão diminuir conforme o atacante se sentir menos ansioso com as dificuldades passadas por ele e pelo time.
"Só pedi para que ele, quando for agredido, ser a vítima, e não o agressor. O Fabiano é atacante e, infelizmente, apanha mais mesmo", completou o técnico.
Domingo, o antigo ídolo fará seu primeiro clássico desde a volta ao clube. E um resultado positivo contra o Palmeiras é essencial para que o clube vá à última rodada com chances de conseguir uma vaga para Libertadores-2012.
Sem Lucas, que cumpre suspensão pelo acúmulo de cartões amarelos, o São Paulo confia suas fichas nos gols de Luis Fabiano. Mas espera que apenas seu lado bom mostre a cara no Pacaembu.