André Dias, um dos pilares do tri-brasileirão do São Paulo, relembra sua trajetória no clube e o título conquistado em 2008. Em sua casa em Curitiba, o ex-zagueiro, agora com 46 anos, reflete sobre sua ausência nas homenagens do Tricolor e a valorização dos títulos. Ele expressa sua mágoa pelo fato de o clube e seus torcedores valorizarem mais a Libertadores do que o Brasileirão, um torneio que o São Paulo não conquistava desde 1991 até seu retorno triunfante em 2006.
Contratado pelo São Paulo após uma boa passagem pelo Goiás, André Dias viveu um período glorioso, vencendo os campeonatos de 2006, 2007 e 2008. No entanto, ele sente que sua contribuição na história do clube não é devidamente reconhecida. "Ganhar três vezes o Brasileirão consecutivamente é um grande feito, e mesmo com o tempo, ainda ninguém teve uma defesa menos vazada que a nossa de 2007", desabafa. Embora grato pelas oportunidades que o clube lhe proporcionou, sua falta de reconhecimento pela diretoria é palpável.
André relembra seu tempo em Roma, onde morou em um apartamento que pertencia a Hernán Crespo. A experiência no futebol italiano foi significativa, mas ele não conseguiu deixar de lado sua ligação com o São Paulo. Apesar de ter recebido propostas para retornar ao Brasil, incluindo uma do Corinthians, a falta de alinhamento devido a problemas de saúde e circunstâncias pessoais o levaram a decidir pela aposentadoria em 2014.
A relação com sua família também influenciou sua decisão. "Meu filho foi alfabetizado em inglês e falava italiano, enquanto minhas filhas só falavam italiano. Mudar para um ambiente onde precisariam aprender português complicaria tudo", explica. O ex-jogador revela que embora tenha se arrependido de não ter aceitado propostas, também compreende a complexidade da situação.
A história do zagueiro no São Paulo inclui momentos memoráveis, como o seu primeiro contato com a equipe e a chegada de Muricy Ramalho como técnico. André ressalta a liderança de Muricy e a forma como ele conduzia o grupo, sempre cobrando compromisso e seriedade durante os treinos.
O ex-jogador considera que, além de seu esforço em campo, a falta de um reconhecimento ativo na mídia contribuiu para seu esquecimento. Ele também expressa um desejo por maior acolhimento da parte do clube, como a possibilidade de um acesso facilitado para ex-jogadores nos jogos.
Em relação aos talentos que jogou ao lado, André destaca a figura de Rogério Ceni e Adriano Imperador, cada um com suas peculiaridades. O respeito e a admiração mútua entre os jogadores fortaleciam o espírito de equipe e a busca incessante por títulos, características que marcaram sua passagem pelo Morumbi.
Com valores e aprendizados que carrega até hoje, André Dias se mostra um jogador que, embora tenha conquistado tanto, ainda busca pelo reconhecimento merecido por sua trajetória e pelo impacto que teve no futebol brasileiro.