Em 2004, Rogério Ceni vivenciou momentos intensos no São Paulo, especialmente ao ser relembrado dos altos e baixos da equipe nas competições. Após uma ausência de dez anos, o Tricolor teve a oportunidade de disputar novamente a CONMEBOL Libertadores, avançando com garra até a semifinal. Contudo, o sonho de enfrentar o Boca Juniors em uma final foi interrompido abruptamente nos últimos instantes de um jogo em Manizales, onde o time perdeu para o Once Caldas. Essa derrota não foi a única de um período complicado; uma nova queda no Campeonato Brasileiro contra o Paysandu e uma eliminação por parte do Palmeiras no Pacaembu reforçaram a pressão sobre a equipe.
O reencontro com a torcida foi marcado por insatisfação, resultando em vaias direcionadas a Ceni, que até então era um ídolo para os são-paulinos. Esse episódio foi um marco em sua trajetória, como ele mesmo relembrou no documentário "Doutrinadores", disponível na ESPN. Ceni, que sempre deu tudo de si pelo clube, expressou a dor de ser hostilizado por seus próprios torcedores. "É sempre ruim ser vaiado pela sua própria torcida. Mas no mundo do futebol, isso acontece mais do que se imagina", afirmou, ressaltando a importância de lidar com as críticas como parte do crescimento e da resiliência no esporte.
A temporada de 2005, no entanto, traria a tão esperada redenção para o goleiro e o São Paulo. "Depois daquele momento difícil, conseguimos dar a volta por cima e, no ano seguinte, iniciamos com sucesso, conquistando o Estadual e a Libertadores", disse Ceni, refletindo sobre o caos e a recuperação do time. Ele foi um pilar fundamental na equipe, liderando um grupo repleto de jovens talentos e sob a orientação do técnico Cuca.
A trajetória na competição continental teve suas dificuldades. Após empates em partidas importantes, como contra o Rosario Central e o Deportivo Táchira, o São Paulo foi desafiado pelo Once Caldas, onde um empate no Morumbi complicou a situação. "Havia uma ansiedade enorme por um título. Chegar à final da Libertadores é difícil e, naquele dia em Manizales, vi nossos sonhos escorregarem por entre os dedos", relembra o ex-goleiro, agora técnico do Bahia.
Os torcedores que vivenciaram aqueles anos se lembram bem da resiliência de Ceni e de Luis Fabiano, os protagonistas da equipe enfrentando as vaias, mas também de como Ceni soube se recuperar dessas situações e liderar a equipe em busca da glória. "Ele sentia que a Libertadores era um título que não poderia mais esperar. Essa obsessão o transformou em um líder excepcional durante a temporada de 2005", afirmou Diego Lugano, outro ícone do futebol são-paulino.
A história na Libertadores teve um desfecho glorioso. Rogério Ceni não apenas se destacou como goleiro, mas também como artilheiro do time, consolidando um dos melhores anos da carreira e ressuscitando um sonho que parecia distante. Em 2005, o São Paulo não apenas conquistou a América, mas também se firmou no cenário mundial, marcando o nome de Ceni na história do clube e do futebol.
Não dá para esquecer estes momentos épicos. Ceni foi magnífico, herói, o homem que brilhou com nossa camisa, a pessoa que mais amou a instituição. Como São Paulino desde 1970, jamais veremos outro jogador com esta garra e determinação. Só temos que agradecer ao Mito...