A recente mudança no comando técnico do São Paulo, com a saída de Luis Zubeldía e a entrada de Hernán Crespo, não se resume a uma simples troca de técnicos. Essa transição favorece a introdução de estilos distintos e quase opostos na equipe, refletindo não só na abordagem tática, mas também na estética e na postura dos profissionais à beira do campo.
Embora ambos sejam argentinos, as diferenças entre Zubeldía e Crespo são marcantes. Luis Zubeldía, conhecido por seu estilo casual e muitas vezes improvisado, apresentava um comportamento impulsivo que não passava despercebido. Seu apelo emocional se manifestava em atos de fervor e inquietação à beira do campo, resultando em um alto número de cartões durante sua passagem: 15 cartões, sendo 14 amarelos e uma expulsão apenas nesta temporada. Essa inquietude refletia uma intensidade que se conectava com a torcida, mas também indicava uma certa desordem em momentos de pressão.
Por outro lado, Hernán Crespo traz uma abordagem diferente. Em sua primeira passagem pelo clube, ele não teve a oportunidade de vivenciar a torcida fervorosa no Morumbi, mas seu estilo mais calmo e racional se evidenciou através da conquista do Campeonato Paulista em 2021. Crespo enfatizava a motivação emocional através de frases impactantes que reverberavam no vestiário e com os jogadores, destacando-se pela declaração: “Onde não chegam as pernas, chegará o coração.” Seu comportamento à beira do campo era marcado pela contenção, refletido nas estatísticas: ele acumulou apenas dois cartões amarelos em 53 jogos durante sua primeira gestão.
A comparação dos estilos de ambos é ainda mais ampliada quando se observa seus visuais. Zubeldía, com seu reconhecível semblante fechado, meias arregaçadas e cabelos longos, criava uma identidade visual que refletia sua personalidade inquieta. Em contrapartida, Crespo, que no passado ostentava um estilo mais rebelde, hoje se apresenta como a imagem da sobriedade e elegância. Vestindo um terno bem cortado, que discretamente exibia o escudo do São Paulo na lapela, ele simboliza uma nova fase para o clube, marcada pela seriedade e pela busca pela recuperação da autoestima coletiva.
A saída de Zubeldía não foi discreta, com a pressão da torcida aumentando a cada jogo, culminando em vaias e descontentamento. Ao decidir entregar o cargo, ele deixou um legado tumultuado, porém atual. Agora, sob o comando de Crespo, inicia-se um processo de reconstrução com um foco em calma, serenidade e alinhamento na mensagem transmitida à torcida e ao elenco, buscando restabelecer a confiança que havia se perdido.