Indiciamento de Bobadilla por injúria racial gera debate no futebol brasileiro

O volante Damián Bobadilla, jogador do São Paulo, enfrenta sérias acusações de injúria racial com motivação xenofóbica, de acordo com a Polícia Civil de São Paulo. A denúncia surgiu após o atleta Miguel Navarro, do Talleres, afirmar que foi ofendido durante uma partida entre os times, realizada no dia 27 de maio, pela Copa Libertadores.

Navarro, que é venezuelano, relatou que Bobadilla o teria chamado de "venezuelano morto de fome" em meio a uma discussão no campo. O impacto emocional da situação foi evidente, já que o defensor foi visto chorando após o incidente. O boletim de ocorrência foi registrado no próprio estádio Morumbi, porém Bobadilla deixou o local sem prestar depoimento na ocasião.

Na quarta-feira, o atleta paraguaio compareceu à Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) e prestou depoimento que durou cerca de uma hora e meia. A defesa de Bobadilla argumenta que Navarro o provocou antes do insulto, alegando que a resposta do jogador aconteceu no calor do momento, sem a intenção de discriminação. No entanto, o delegado Rodrigo Correa Batista, que conduz a investigação, afirmou que as evidências coletadas indicam claramente a autoria da ofensa por parte de Bobadilla.

Segundo o delegado, "Ele foi intimado, e compareceu acompanhado do advogado. Constatamos que os elementos de autoria do crime realmente recaem sobre ele, resultando em um indiciamento por injúria racial." A investigação agora se encontra em sua fase final, e, uma vez concluído o inquérito, será enviado ao poder judiciário e ao ministério público, onde um promotor decidirá sobre as medidas a serem tomadas.

Além disso, a Conmebol também abrirá uma investigação sobre o caso, e, caso a infração seja confirmada, Bobadilla poderá enfrentar uma suspensão de até dez partidas. No Brasil, crimes de xenofobia são tratados como racismo, com penas que variam de dois a cinco anos de prisão.