O futebol, uma das maiores paixões da América do Sul, passa por um momento delicado em relação à intolerância e à xenofobia. Recentemente, o volante paraguaio Damián Bobadilla, que defende o São Paulo, foi acusado pelo lateral-esquerdo venezuelano Miguel Navarro, do Talleres, de ter proferido um insulto xenofóbico durante uma partida válida pela Conmebol Libertadores no Morumbi. Segundo Navarro, Bobadilla teria dito que ele era um “venezuelano morto de fome”.
A acusação ocorreu em um momento de tensão durante o segundo tempo da partida, que acabou com a vitória do São Paulo por 2 a 1. Após o incidente, Navarro registrou um boletim de ocorrência no estádio, embora Bobadilla tenha deixado o local antes que a polícia pudesse ouvi-lo. A Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE) deve convocá-lo para depor sobre as acusações, que não foram testemunhadas pelo árbitro da partida, Piero Maza Gomez.
Este não é um caso isolado, pois já houve outro incidente de xenofobia na Libertadores deste ano, em que o meia uruguaio Pablo Ceppelini, do Alianza Lima, foi punido por ofensas a torcedores rivais. A CONMEBOL ainda não se pronunciou oficialmente sobre as alegações feitas por Navarro contra Bobadilla, assim como o São Paulo.
A instituição Talleres de Córdoba, em apoio a Navarro, manifestou através de suas redes sociais um posicionamento claro contra qualquer forma de discriminação, destacando a importância do respeito e da união no esporte. O clube expressou seu orgulho pelas origens de Miguel e reafirmou o compromisso de lutar contra o discurso de ódio.
Em sua defesa pessoal, Navarro também se manifestou nas redes sociais, afirmando que se preocupa com a fome que afeta seu país e que nunca se envergonhará de suas raízes. Ele ressaltou a necessidade de combater a pobreza mental e declarou que buscará justiça pela xenofobia que sofreu no Brasil.
O incidente que levou à acusação de Navarro ocorreu enquanto seu time comemorava um gol, e a discussão entre os jogadores resultou em um momento de forte emoção, onde o atleta venezuelano foi visto chorando em campo. Até mesmo colegas da equipe adversária tentaram confortá-lo, demonstrando que, apesar das rivalidades, a solidariedade no futebol ainda pode prevalecer.