Bandeiras, torcida do rival e agora nem o domingo: como, em 40 anos, futebol paulista transformou (para pior?) seus clássicos

Fonte ESPN
Torcida do São Paulo com bandeiras durante jogo da Libertadores, em 1994
Neste sábado, o Corinthians recebe o Santos na Arena, às 18h30 (de Brasília), em clássico pela 7ª rodada do Campeonato Paulista. Um jogo que em outros tempos certamente ocorreria num domingo, com presença maciça de público das duas equipes e grande festa.
O que se vê hoje, porém, é uma partida num sábado, com torcida única e diversas proibições impostas pelo Governo e pela Polícia Militar, como o banimento de bandeiras e instrumentos musicais.

A última marca das mudanças drásticas ocorridas com os clássicos paulistas foi a mudança do domingo à tarde como "dia de clássico" para as quartas, quintas ou sábados.
Neste Campeonato Paulista, por exemplo, os dois grandes jogos até agora não ocorreram no famoso "dia de jogo", já que Santos 1 x 3 São Paulo e Corinthians 1 x 0 Palmeiras foram numa quarta-feira à noite.
E o próximos clássico que já está agendado também não acontecerá em domingo. Palmeiras x São Paulo, pela 8ª rodada, será num sábado, às 16h, no Allianz Parque.
Essa mudança ocorreu principalmente por dois motivos, ambos envolvendo a TV.
O primeiro é que a audiência do futebol na televisão às quartas-feiras é comprovadamente maior do que no final de semana, o que fez os clássicos serem puxados para o meio de semana.
O segundo é que, com clássicos também às quintas e sábados, quando não há exibição de futebol em TV aberta, crescem as vendas de pay per view, já que essa se torna a única opção para assistir ao jogo.
Dessa forma, o domingo como "dia de clássico" ficou apenas na memória...
De estádios lotados à torcida única
Outra mudança dos clássicos paulistas nos últimos 40 anos é a diminuição do público.
Nos tempos em que havia torcida dividida e com ingresso barato, algo já inexistente há algum tempo no Estado, as partidas eram atendidas por milhares de torcedores.
Citando apenas Corinthians x Santos, houve jogos com 120.782 e 119.665 presentes no Paulistão de 1977, 117.628 e 111.345 presentes no Paulistão de 1978 e 108.990 e 106.677 no Paulistão de 1979, quando o clássico ocorria sempre no Morumbi dividido.
Na teoria, a divisão nos anos 70 e 80 era 50% a 50%. No entanto, se alguma torcida comparecesse em maior número, a Polícia fazia os ajustes na hora, deixando por vezes a proporção em 60% a 40% ou até 70% a 30%, conforme os "gomos" do estádio do São Paulo eram preenchidos ao longo da tarde.
Neste sábado, porém, o público não deve nem ficar perto de encher os 45 mil lugares da Arena Corinthians.
Os ingressos saem na faixa dos R$ 30 a R$ 133,50, e ficam quase em sua totalidade na mão dos sócios-torcedores.
Em outros tempos, o preço era muito menor. No Campeonato Paulista de 1977, por exemplo, assistir Corinthians x Santos no Pacaembu custou 20 cruzeiros.
Corrigindo esse valor pela inflação, hoje esse bilhete sairia por R$ 6,53. Ou seja, quase cinco vezes mais barato que a menor entrada para o jogo em Itaquera.
E também diferente de outros tempos, torcedores dos dois clubes podiam ir ao clássico. Atualmente, por ordem do Ministério Público de São Paulo, devido ao grande número de confrontos entre organizadas, os jogos ocorrem com torcida única.
Isso começou em 2016, por ordem do então secretário de Segurança Pública do Estado, Alexandre de Moraes, e foi renovado para a temporada de 2017 no início do ano.
Sem bandeiras, instrumentos, fogos e cerveja
Além da torcida única, os fãs de futebol não podem mais levar aos estádios paulistas as tradicionais bandeiras, que embelezavam a festa nas arquibancadas em outras décadas.
Elas estão proibidas desde 1995, quando a final de um torneio de juniores entre Palmeiras e São Paulo, no Pacaembu, terminou com briga generalizada entre torcedores, com a morte de uma pessoa.
Em 2011, o deputado estadual Ênio Tatto tentou um projeto de lei para que as bandeiras retornassem, com os torcedores sendo cadastrados e punidos caso brigassem usando os mastros como arma.
O governador Geraldo Alckmin, porém, vetou esse projeto, usando como base a argumentação da Polícia Militar, que aponta as bandeiras como uma forma de armamento das torcidas organizadas em brigas.
"O que nós entendemos é que devemos aumentar a segurança dos estádios, e não diminuir. O mastro causa mais insegurança porque pode ser usado como uma arma", disse, à época.
"Além disso, a lei permitia que somente as torcidas organizadas poderiam entrar nos estádios com bandeiras com mastro. O torcedor comum não. Então, haveria um tratamento desigual", explicou.
Em muitos estádios, os instrumentos musicais também já foram proibidos.
Pirotecnias usadas em outras épocas, como sinalizadores e fogos de artifício, também foram banidos, principalmente depois do episódio envolvendo o torcedor boliviano Kevin Espada, morto em 2013 após ser atingido por um rojão disparado por um torcedor do Corinthians na Libertadores, durante partida contra o San Jose, em Oruro.
Quando sinalizadores passam pela fiscalização e são acendidos pelos torcedores, aliás, a recomendação dada aos árbitros é que paralisem o jogo até que eles sejam apagados.
Bebidas alcoolicas também estão proibidas em arenas esportivas desde 1996, e há 21 anos o torcedor paulistano não toma mais cerveja nos estádios. Recentemente, elas chegaram perto de serem liberadas na capital do Estado, mas seguem barradas.
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