Autuori: ‘Passei da fase de ser campeão. O que me dá prazer é algo mais profundo’
Em sua segunda temporada no Al-Rayyan, técnico conta que aumentou motivação por ter a chance de dirigir todo um departamento de futebol
Fonte Globo Esporte
Campeão brasileiro, da Libertadores e do Mundial de Clubes, o técnico Paulo Autuori hoje dirige o Al-Rayyan, do Qatar. A equipe, que tem Ricardinho (pentacampeão) e Aloísio (ex-São Paulo) como destaques, disputa ponto a ponto a liderança do campeonato nacional com o Al-Gharafa. Apesar do sucesso dentro de campo, Autuori revela que não é esse o motivo de sua felicidade no mundo árabe.
Nesta entrevista por telefone ao GLOBOESPORTE.COM, Autuori revela com satisfação que é responsável por todo o departamento de futebol do Al-Rayyan. A vida de “manager”, segundo o treinador, é o que mais lhe dá prazer ultimamente.
Antenado com o que se passa no mundo da bola, Autuori lembra ainda que deixou a seleção do Peru, em 2005, por conta dos mesmos problemas que hoje fizeram o país ser suspenso de todas as competições internacionais pela Fifa.
Apontado como favorito para assumir a seleção brasileira no caso de uma suposta saída de Dunga, o treinador pregou respeito ao atual ocupante do cargo. Confira a entrevista.
GLOBOESPORTE.COM: Como tem sido seu trabalho no Qatar?
PAULO AUTUORI: Eu cheguei aqui ano passado e encontrei um clube bastante desorganizado, tanto em termos administrativos como em termos de metodologia de trabalho, de treino. Fomos desenvolvendo um trabalho em conjunto. Mesmo sem os resultados no ano passado, quando tínhamos uma equipe bastante frágil, comecei a lançar jogadores novos na equipe, e eles (dirigentes do clube) gostaram. Não era normal por aqui, mas para mim é natural. Em todos os clubes por que passei sempre desenvolvi um trabalho muito ligado à base. Então me convidaram para renovar por mais dois anos. Começamos este ano mais organizados, contratamos jogadores de bom nível, como Ricardinho e Aloísio. Tem também outro brasileiro, o Tavares, que já estava aqui na Arábia Saudita. E também o Diane, que joga com o Drogba na seleção da Costa do Marfim. A equipe está jogando um bom futebol. Estou satisfeito não pela posição na tabela, mas pelo trabalho. O desafio agora é manter isso.
Quais são os objetivos no Al-Rayyan? Buscar um título continental, ou as metas estão em nível nacional?
Eu já passei dessa fase de fazer um trabalho bom e ser campeão só. Isso não me satisfaz, minha fase agora é de fazer um trabalho mais profundo e complexo. Eles estão me dando essa oportunidade aqui, de reorganizar todo um departamento de futebol e ver as coisas acontecerem. É isso que me dá tesão, que me dá prazer. O simples fato de ir para um time e ser campeão já não me satisfaz. Eu me completo muito mais com um tipo de trabalho mais abrangente.
O futebol brasileiro está preparado para este tipo de trabalho mais abrangente por parte de um treinador? Muitos treinadores estão fazendo um trabalho mais profundo, cada um nas suas características. Mas já começa a haver por parte dos dirigentes este entendimento. Não adianta ficar mudando a toda hora. Um técnico não pode mudar de clube e simplesmente dar certo. São vários fatores que influenciam no sucesso de um trabalho. Ninguém é um burro num dia e vira um gênio no outro.
Você pensa em voltar ao Brasil?
Eu posso voltar a qualquer momento, até porque meu contrato me permite isso. Mas o problema maior é o reconhecimento do apoio que me foi dado, e que continua sendo dado, aqui no Qatar. Não gosto de projetar muito à frente. É claro que meu objetivo é voltar ao Brasil, são quase 19 anos fora se eu somar tudo. Mas não é só isso o que conta.
É gostoso viver no Qatar ou o choque cultural é muito grande?
A qualidade de vida aqui é muito boa. A cidade é moderna, está literalmente em obras, para onde você vai há obras para dar conforto a todos. Logicamente são costumes diferentes. Eu não tenho problema quanto a isso porque já rodei por esse mundo afora com o futebol. Acho que o grande lance de um profissional é saber se adaptar, não achar que o mundo vai girar em torno dele.
Sua família o acompanhou? O que faz para se divertir nas horas vagas?
Eu estou com uma filha, que está trabalhando aqui no Qatar, o resto do pessoal vem nas férias. A gente fica mais na parte recreativa, jogo um tênis de vez em quando. Cada condomínio tem sua parte de ginástica, piscina e jacuzzi. A cidade não tem aquela variedade de opções, mas é uma vida de muito bom nível.
Quanto tempo você acha que o Qatar precisa para ter um futebol de alto nível?
Acho que ainda vai demorar bastante. O grande problema é justamente esse, você tem de melhorar muito o nível competitivo interno. Aqui no campeonato você tem condições de melhorar porque pode trazer quatro estrangeiros, mais dois jogadores dos países da região do Golfo. Um total de seis jogadores, o que não é bom para a seleção nacional do Qatar, mas que permite aos clubes melhorar. Mas o nível ainda tem de melhorar muito.
Você foi técnico da seleção peruana até 2005. Hoje, o futebol do país está suspenso de partidas internacionais por conta da intervenção do Governo na Federação de Futebol. Naquela época você já convivia com este tipo de problema? Saí do Peru justamente por isso. Estávamos com a seleção em sexto lugar nas eliminatórias, a dois pontos do quarto colocado, dava perfeitamente para a gente lutar pela vaga na Copa do Mundo (de 2006). A gente estava dentro da disputa, mas tive de sair de lá justamente por esse problema aí, já naquela época. Misturaram política com futebol. Fui convocado para depor numa CPI e falei com o presidente da federação (Manuel Burga, o mesmo que segue sem reconhecimento pelo Governo do Peru) que estava lá para treinar a seleção de futebol. Disse a ele que se tivesse de ir (à CPI), eu rescindiria o meu contrato. E foi o que aconteceu. Particularmente, foi um dos melhores trabalhos que pude fazer e teve de ser interrompido por causa disso. Hoje, eles estão pagando o preço, pelo Governo se meter em coisas do futebol. São pessoas que estão ligadas com assuntos governamentais, sem nenhum tipo de habilitação para o esporte. O presidente da federação é uma pessoa que está apoiada nos estatutos da Fifa, lutando de uma forma quase que pessoal contra esse tipo de situação. Aqueles que estão do lado oposto estão apenas tentando ganhar visibilidade.
Tem acompanhado a reta final do Brasileirão? Arrisca algum palpite?
Foi um campeonato bastante interessante, pelas nuances que teve. Pela confirmação de como é importante você, quando acredita num trabalho, mantê-lo até o fim. E nisso estou me referindo aos dirigentes do São Paulo, que sempre deram apoio ao Muricy. O São Paulo teve uma recuperação excelente e está a um empate do título. Mas é um campeonato bastante emotivo, com indefinições até o fim. Quem ganha com isso é o futebol brasileiro.
Em meio aos rumores sobre uma suposta saída de Dunga da seleção brasileira, seu nome é sempre um dos primeiros a figurar na lista de possíveis substitutos. O que pensa disso?
Eu não analiso isso de uma forma pessoal. Eu me recuso a falar sobre a seleção brasileira porque há um treinador e devemos respeitá-lo. Dunga está tendo uma experiência difícil como técnico, mas na carreira dele, como já reverteu muitas dificuldades, como na chamada era Dunga, ele mostra que é um cara de persistência. Só um vitorioso pode superar tudo aquilo que ele sofreu. Eu não falo em termos de seleção. A seleção tem um treinador e eu luto sempre pelo respeito.
Mas você fica feliz ouvir seu nome ligado à seleção? É claro que sim, é o reconhecimento de um trabalho, assim como de outros nomes que surgem. Fico feliz, mas mais feliz vou ficar se o Dunga conseguir reverter toda essa situação, se classificar, fazer uma grande Copa do Mundo e ganhar. Carreira de treinador é muito difícil, você tem de ter bastante equilíbrio, porque te levam a pensar que você é Deus. Isto é um grande problema do futebol. É preciso equilíbrio para saber entender as duas vertentes, a positiva e a negativa.
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