Dono do Orlando City, da Major Soccer League, Flávio Augusto da Silva participou do "Seleção SporTV" desta terça-feira e falou sobre a ação que o clube norte-americano move contra o São Paulo na Justiça, cobrando uma dívida equivalente a quase R$ 14 milhões. Os valores equivalem a acordos não cumpridos no empréstimo de Kaká, em 2014.
O clube norte-americano alega que os brasileiros ignoraram uma cláusula ao não apresentar um documento comprobatório e idôneo com o borderô das quatro partidas que o time disputou no Morumbi antes da estreia do meia ocorrida em agosto do ano passado: contra Botafogo, Coritiba, Grêmio e Atlético-MG. O documento deveria ser enviado para que os americanos pudessem comparar os números anteriores com os alcançados com o meio-campista em campo. O Tricolor teve aumento de arrecadação, e o Orlando teria direito a 20% desta diferença.
– Fazia parte do contrato de empréstimo alguns feedbacks, alguns retornos que teríamos por conta do contrato. Pagaríamos a metade do salário dele, mas receberíamos 100% da renda do primeiro jogo dele e 20% do incremento de renda que o efeito Kaká geraria. Fizemos a média de público dos jogos anteriores e a ideia era tirar da média dos jogos posteriores. Do que subiu de renda, 20% viria para o Orlando. Além disso, daríamos dois amistosos, um em São Paulo e outro em Orlando. O São Paulo pagou realmente a metade dos salários, mas com o clube nada foi cumprido: nem renda, nem os jogos amistosos foram marcados – lamentou o empresário.
Por contrato, o documento deveria ter sido enviado até o 6 de julho de 2014, sob pena de multa diária de US$ 10 mil. O São Paulo enviou uma planilha por e-mail com os dados em 13 de fevereiro de 2015. Mesmo assim, o Orlando não considerou o documento válido. Hoje, o Tricolor confirma dívida de "apenas" R$ 1,7 milhão aos americanos, justamente o valor referente a porcentagem das arrecadações, mas o valor corrigido já chega a quase R$ 3 milhões. O Orlando ainda quer que o São Paulo marque um amistoso no estádio do Morumbi, conforme estava previsto no acordo entre as duas equipes. E calcula a dívida total em quase R$ 14 milhões.
Orlando City emprestou Kaká ao São Paulo no ano passado (Foto: AP Photo/John Raoux)
– Somos compreensivos com a situação (econômica) do São Paulo. Mas eu já devi dinheiro no passado, tive credores e me preocupava. O acordo não foi cumprido e já se passaram meses sem ele ser cumprido. Nós procuramos o clube várias vezes. O contrato tinha uma cláusula que, para fazermos o cálculo dos 20%, eles tinham de comprovar a renda com borderôs, não apenas nos informar. Ela foi feita pelos departamentos jurídicos e as duas partes concordaram com multa diária de 10 mil dólares caso a prestação de contas não fosse feita. E não foi feita até hoje. O valor principal, da prestação de contas, é algo em torno de 2 a 3 milhões de reais, se fosse pago no dia. Mas tem a multa diária. No dia que entramos com a ação, já dava cerca de R$ 14 milhões. E a conta não foi prestada até hoje, então continua correndo – calculou ele.
O dirigente admitiu, ainda, que tentou envolver Paulo Henrique Ganso nas negociações. Em julho, entrou em contato com Ataíde Gil Guerreiro, vice-presidente de futebol do São Paulo, e ofereceu o perdão da dívida e mais R$ 6 milhões pelo atleta. O Tricolor, que não reconhece o valor total do montante, recusou prontamente a oferta.
– Quando vi que situação caminhava para uma ação dos executivos, interferi. Liguei para o Ataíde e disse que tinha tido uma ideia. Nosso técnico tinha o interesse no Ganso, então fizemos uma proposta formal que envolvia o valor total da dívida e mais R$ 6 milhões à vista. Uma proposta considerada coerente, de R$ 20 milhões. O São Paulo questiona se o valor é R$ 14 milhões. Teve uma troca de e-mails no início do ano, em uma das tentativas de receber o valor, que o São Paulo disse: "O valor é de apenas tanto". Dissemos: "Então paguem esse valor até quinta-feira". E não foi pago. Nós imaginávamos que o contrato fosse cumprido. Agora, está por conta da Justiça para que a gente receba o valor devido – explicou o empresário.
