Já no teste de som da entrevista concedida pela internet Cicinho mostra para quem está direcionando seus pensamentos da Turquia, aonde desde 2013 defende o Sivasspor.
"Diz alguma coisa, por gentileza, Cicinho", pede a reportagem do ESPN.com.br.
"Vou torcer pro São Paulo ser campeão da Sul-Americana", responde o ex-tricolor. Se o sono permitir, enfrentará o fuso horário para acompanhar pela internet São Paulo x Atlético Nacional, às 21h50 desta quarta-feira, duelo de volta das semifinais do torneio internacional.
Semifinais que nas últimas duas copas libertadores que jogou pelo São Paulo Cicinho não pôde disputar, por estar a serviço da seleção brasileira, em 2005 e por ser obrigado à voltar de empréstimo à Roma, em 2010.
Já se passaram quatro anos desde a derradeira passagem do lateral direito pelo Morumbi, mas ele não se esquece daqueles dias.
Campeão mundial e da Libertadores de 2005, Cicinho deixou o clube no ano seguinte em alta, com status de estrela internacional e foi para o Real Madrid. Ainda vestiu a camisa de outros times de elite da Europa, Roma e Villarreal, um currículo invejável.

Mas Cícero João de Cézare abriria mão de todo o glamour se pudesse voltar no tempo.
"Acho que fui um sortudo de ir ter ido pro Real, não sei se era merecedor de tanto. Pensando com minha cabeça de hoje, pela maneira como o São Paulo lida com seus funcionários, optaria por não ter saído do futebol brasileiro. Minha cabeça sempre foi de não sair do futebol brasileiro, mas na época você vive uma ilusão de ir pro Real, pro Barcelona. Você vê jogadores como Rogério, que fez a independência dele no Brasil e eu também tinha criado uma identidade com o São Paulo. Acabei me iludindo."
A fase no futebol turco, depois de ter defendido o Sport do Recife entre 2012 e 2013, é boa. Com os conselhos do banco de reservas do agora técnico e um dia um dos melhores laterais do mundo Roberto Carlos, Cicinho tem distribuído assistências pelo Sivasspor e chamado a atenção de equipes de maior expressão no país: "De um mês pra cá tem saído bastante notícia de uma ida minha ao Besiktas."
Apesar dos seus 34 anos, o campeão da Copa das Confederações de 2005 com a seleção sente como se tivesse recomeçando na carreira após enfrentar problemas pessoais e reencontrar o rumo com a ajuda da família e da religião, que leva bastante a sério. Ciente da fé de seu atleta, o presidente do Sivasspor chegou a prometer a construção de uma igreja evangélica no centro de treinamento da equipe, o que acabou não se cumprindo.
"Da maneira como eu estou hoje me sinto melhor do que jogava quando cheguei no Real Madrid", afirma.
Cicinho confia tanto em sua nova fase que fala com naturalidade sobre uma possível transferência para o Besiktas ou sobre um eventual retorno ao Real, o que não quer dizer, porém, que ele aceitaria o convite do gigante espanhol. Uma passagem de volta à velha casa seduz mais o camisa 2.
"Se for para jogar no São Paulo, sem sombra de dúvida, pode ser Real Madrid ou Barcelona, escolheria o São Paulo. Sem sombra de dúvidas."