Na II Guerra Mundial havia colaboradores ítalos fascistas dentro do Palestra Itália. O Brasil estava em guerra contra a Itália de Mussolini e países do Eixo. Assim, o país tomaria, por força de Lei, os bens de instituições que demonstrassem ligações com as nações inimigas. Mas houve tolerância do governo ao permitir que tais instituições – italianas, japonesas e alemãs – expulsassem os colaboradores, tidos como traidores, e alterassem o nome das associações para provar e configurar que passariam a ser totalmente brasileiras, aqui dentro.
A primeira Carta Política editada em 1934, art. 113, 17, diz o seguinte:
“É garantido o direito de propriedade, que não poderá ser exercido contra o interesse social ou coletivo, na forma que a lei determinar. A desapropriação por necessidade ou utilidade pública far-se-á nos termos da lei, mediante prévia e justa indemnização. Em caso de perigo iminente, como guerra ou comoção intestina, poderão as autoridades competentes usar da propriedade particular até onde o bem público o exija, ressalvado o direito a indemnização ulterior”.
A desconfiança do governo brasileiro quanto ao clube Palestra Itália – depois, Palmeiras – se justificava. O estádio dos palmeirenses era constantemente utilizado para grandes recepções e reuniões dos líderes enviados pelo regime fascista italiano de Benito Mussolini.
Uma pesquisa do historiador da USP, Alfredo Oscar Salun, esclarece que na época da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1942, Corinthians e Palmeiras foram forçados a expulsar cerca de 150 sócios de origem estrangeira, inclusive alguns de seus dirigentes. Os dois clubes estavam entre as entidades atingidas pela legislação repressora do Estado Novo, especialmente de 1941 até 1945, quando aumentou o rigor na vigilância.
Jamais o São Paulo teve a intenção de tomar posse da sede ou bens do Leitão Rosa. Foi Getúlio Vargas quem decidiu tomar bens dos estrangeiros, no Brasil, oriundos de Japão, Itália e Alemanha para, assim, evitar ajuda financeira a esses países. O mesmo aconteceu com vários clubes de futebol, até com o Cruzeiro em Minas Gerais. Portanto, a acusação é balela.
Palmeirenses sempre revivem tais acusações como força de encobrir a histórica inferioridade dentro de campo frente ao Tricolor. O ressentimento, por tantas eliminações e derrotas, se materializa na forma de ofensas e acusações. Chegam, até, a se juntarem aos supostos rivais corintianos para acusar e provocar. Mas, no passado, não era assim. Palmeiras e São Paulo se respeitavam, sem acusações. As passagens, abaixo, mostrarão toda a inverdade divulgada recentemente.
O São Paulo fez amistoso no seu próprio campo, em 1931, para ajudar o rival na construção do Palestra Itália. Comprovado por Folha e Estadão:
Em 1945, o Palmeiras parabenizou o São Paulo pelo título do Campeonato Paulista daquele ano
Em 1946, com o fim da Segunda Guerra Mundial, São Paulo e Corinthians se uniram para que o Palmeiras retomasse o nome Palestra Itália. O próprio clube, com vergonha, manteve-se com o segundo nome:
Em 1961, o Palmeiras aplaudiu o presidente do São Paulo, Laudo Natel, em agradecimento:
Para concluir, não foram poucas as vezes que o São Paulo concedeu o Morumbi para o rival utilizar. Enfim, além da freguesia histórica para o Tricolor, os palmeirenses sempre terão a infelicidade de torcerem por um clube filial, fundado por corintianos. Portanto, o choro é livre!
Wender Peixoto
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