No ciclo natural da vida dos clubes no Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro é forte, guerreiro e maduro. São 59 pontos ganhos em 26 jogos e a liderança inquestionável com 11 de diferença para o vice-líder Grêmio: um ser humano pronto para brilhar e levantar o caneco. O São Paulo, por sua vez, é uma criança. Como um brinquedo, não larga a zona de perigo desde o início do campeonato e está a apenas um ponto à frente do Vasco, o primeiro na degola. Mas nesta quarta-feira, a partir das 21h50, no Mineirão, o Tricolor paulista está disposto a equiparar as forças e mostrar que, como seu passado aponta, sua cara é de gente grande. Hora de separar os homens dos meninos.
A difícil missão dos comandados de Muricy Ramalho, porém, começa com três importantes baixas. Rogério Ceni, suspenso, Antônio Carlos e Luis Fabiano, machucados, não jogam. Ficarão na torcida. A ausência do goleiro e capitão foi uma das mais sentidas. Foi no palco mineiro que ele alcançou uma de suas maiores glórias, ao marcar dois gols e defender um pênalti no Brasileirão de 2006, empate em 2 a 2. Detalhe: neste dia, Ceni superou Chilavert e tornou-se o maior goleiro artilheiro da história do futebol. Mas quem o substituirá está com fôlego de um menino, sedento pelas primeiras grandes vitórias na carreira.
O reserva Denis já enfrentou o Mineirão lotado em um jogo importante, em 2009, pela Libertadores, e não foi bem. Falhou nos dois gols da equipe mineira, na derrota tricolor por 2 a 1 que encaminhou a classificação para a semifinal do torneio. A Raposa seria vice-campeã naquele ano, perdendo para o Estudiantes (ARG) na final. Denis, que ficou no caminho, espera pelo brilho agora. Para mostrar que também cresceu.
- Não sou mais um menininho, essa é a minha hora. Não me espantam essas especulações. Eu procuro trabalhar, treinar a cada dia para me ocupar de alguma forma e não me preocupar com essas coisas - afirmou o goleiro, comentando a iniciativa do São Paulo de já procurar substitutos para Ceni, que deve se aposentar no fim do ano.
Na preparação, Muricy Ramalho fez mistério, fechou treinos, como é de seu feitio. O técnico tem experiência de sobra e também já disse que precisa de um time de homens, com atitude para sair da difícil situação. A vitória de 3 a 2 sobre o Vitória no último sábado animou, mas os desfalques são consideráveis.
Peso este que Marcelo Oliveira, o treinador dos 11 homens mais festejados deste Brasileirão não tem. O único desfalque dos considerados titulares é o zagueiro Dedé, que está com a Seleção Brasileira. De resto, são os homens que estão encantando a parte azul de Belo Horizonte, de crianças a torcedores idosos.
O lateral-esquerdo Egídio volta ao time após cumprir suspensão. Com isso, Ceará, que atuou improvisado na goleada de 4 a 1 sobre o Náutico, retorna à direita. Tudo dando certo para a Raposa.
- Fiquei fora, mas vi o time jogando e está bonito de se ver. Sai um, dois jogadores, mas o time continua jogando da mesma maneira. Isso é importante - afirmou o lateral.
No primeiro e único treinamento preparatório para o jogo, os atletas titulares realizaram apenas trabalhos regenerativos na academia da Toca II, enquanto os reservas treinaram no campo. Fábio foi o único titular que trabalhou com bola.
Vale lembrar que, apesar das situações distintas na tabela, Cruzeiro e São Paulo sempre protagonizaram grandes jogos ao longo da história. Apesar do forte poderio celeste dentro do Mineirão, o Tricolor paulista foi o último time que conseguiu derrotar a equipe estrelada dentro do estádio, ainda antes da reforma para a Copa do Mundo. Ainda com Dagoberto, hoje no banco da Raposa, o São Paulo venceu o Cruzeiro por 2 a 0 em jogo válido pelas quartas de final da Libertadores de 2010.
É ou não é um jogo de gigantes?